PLANTÃO O SORRISO: UMA EXPERIÊNCIA DE HUMANIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE POR MEIO DA PALHAÇOTERAPIA HOSPITALAR EM FEIRA DE SANTANA / BA #112

Coordenador:
Suelem Maria Santana Pinheiro Ferreira
Data Cadastro:
20-07-2023 21:00:08
Vice Coordenador:
-
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
SUELEM MARIA SANTANA PINHEIRO FERREIRA
Tipo de Atividade:
Projeto
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
01/09/2023 - 31/08/2024
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Colegiado do Curso de Medicina,

Resolução Consepe 011/2024
Processo SEI Bahia 07163402023002544246
Situação Ativo
Equipe 29

O processo de humanização da saúde baseia-se em um cuidado interdisciplinar, envolvendo valores como respeito, reconhecimento mútuo e solidariedade entre profissionais de saúde e pacientes, os quais são alcançados através da valorização do protagonismo e subjetividade desses. Desse modo, em 2003 foi lançada a Política Nacional de Humanização (PNH), para que fossem implementadas no SUS medidas que promovam esses valores. Nesse contexto, dentre as estratégias conhecidas para a humanização da saúde, está a palhaçoterapia. Esta prática representa um conjunto de técnicas e métodos empregados a fim de promover o bem-estar de usuários de serviços de saúde, com destaque para o ambiente hospitalar. Assim, ela é um recurso auxiliar no processo de cuidado do paciente, que utiliza o humor e com isso ameniza o sofrimento e pesar desses. Além disso, há estudos que indicam efeitos positivos no sistema cardiovascular e imune. O objetivo desta proposta é desenvolver a palhaçoterapia em ambientes hospitalares, a partir de discentes do curso de Medicina da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Num primeiro momento, os discentes participarão de treinamentos, por meio de palestras e dinâmicas, que abordem as técnicas e habilidades necessárias para o desenvolvimento da palhaçoterapia; logo após esta etapa, os estudantes serão divididos em grupos que atuarão no Hospital Estadual da Criança (HEC) da cidade de Feira de Santana - Bahia, para aplicar as técnicas de palhaçoterapia e assim, através de atividades lúdicas, ampliar a humanização do cuidado desenvolvida nesse espaço. As visitas aos quartos de internações ocorrerão mediante a aceitação dos pacientes e da família, sob o supervisionamento de um monitor responsável, com duração média de 20 minutos; os “Médicos-palhaços” utilizarão jaleco, nariz vermelho e outros adornos para a personificação, além dos materiais necessários para as atividades que serão realizadas. Todos os cuidados relativos à biossegurança, conforme a técnica de palhaçoterapia e a natureza do ambiente hospitalar, serão tomados. Além disso, os acadêmicos realizarão encontros mensais juntamente com o orientador a fim de avaliar as ações desenvolvidas e seus resultados. Portanto, busca-se através dessas práticas a promoção da saúde dos pacientes, com a expansão do foco destinado apenas ao tratamento da doença, buscando o bem-estar, ressignificando a imagem construída do ambiente hospitalar e tornando o cuidado humanizado. Ademais, essa atividade contribui com a formação humanizada dos discentes, em que o paciente não é visto apenas por sua doença, mas como um indivíduo digno de cuidados e saúde integral.
A principal função social de uma Universidade é a busca de soluções para os problemas sociais da comunidade na qual está inserida, formulando projetos de inclusão que geram uma forma de emancipação dessa população. Em vista disso, a Extensão Universitária é uma forma eficaz de levar a própria Universidade o mais próximo possível das aplicações úteis no âmbito social, possibilitando uma troca de valores entre a comunidade e o meio (SCHEIDEMANTEL et al., 2004). Ademais, a Extensão Universitária é uma forma de fortalecer a relação da Universidade com a comunidade, ao proporcionar não só a troca de diálogo entre as partes, mas também a possibilidade de desenvolver ações socioeducativas e de Saúde Pública que priorizam uma melhora da qualidade de vida da comunidade, além de reduzir exclusões ainda existentes no meio social (MENDONÇA et al., 2002). Nesse sentido, a Extensão Universitária é compreendida como uma atividade acadêmica que possibilita a integração entre a comunidade universitária e a sociedade, por meio de programas, projetos, cursos, atividades lúdicas e eventos sociais (GONÇALVES et al., 2015). É com base nessa análise que convém conceituar a prática da palhaçoterapia, a qual se caracteriza como um exercício que visa a humanização e a reabilitação de pacientes acometidos por doenças que demandam de uma grande estadia hospitalar. Essa prática ocorre por meio do rompimento com modelos tradicionais de cura, sendo realizada a partir do uso de roupas hospitalares descontraídas, brinquedos, músicas e outras diversas interações com crianças hospitalizadas. Tal aplicação converge para o conceito ampliado de saúde, o qual analisa o indivíduo como um todo e não apenas pela doença que o acomete, enxergando-o como um ser humano que necessita de acolhimento para alcançar uma recuperação satisfatória. Como resultado dessa prática de saúde mais interativa e humanística, os referidos eventos têm reflexos positivos não só para pacientes, mas também para acompanhantes e profissionais envolvidos nesta arte (CATAPAN, OLIVEIRA, ROTTA, 2019). A partir disso, diversas ações de humanização da assistência hospitalar têm sido adotadas mundialmente, uma vez que a atuação de palhaços em ambientes hospitalares objetiva cuidar do ser humano em consonância com o conceito ampliado de saúde apresentado. Nessa óptica, sabendo que sofrimento, pesar e dor fazem parte da realidade hospitalar, incluir a alegria por meio da palhaçoterapia neste ambiente é uma tarefa árdua, porém eficiente, para promover o cuidado com os pacientes. Logo, por intermédio do resgate de valores como solidariedade, sensibilidade, valorização das queixas e afetividade nas relações, a palhaçoterapia visa valorizar a intersubjetividade de cada caso, em detrimento de privilegiar o lucro, o mercado e a competitividade, além de outros valores que não promovem a humanização (CONCEIÇÃO, 2016). Nesse sentido, considerando-se que a hospitalização é um processo de inúmeras modificações, a adesão a atividades lúdicas torna-se um fator fundamental para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e sociais, desempenhando influência positiva para as crianças hospitalizadas, uma vez que esta prática pode dar suporte na aderência destas crianças ao tratamento, minimizando suas dores e sofrimentos diários, além de possuir papel fundamental na melhoria do desenvolvimento da comunicação da criança com a equipe médica. Em vista disso, o exercício da palhaçoterapia abre canais diversos de interação, sendo considerada como uma verdadeira via de acesso que permite à criança exteriorizar suas dores, medos angústias e limitações, posto que, no hospital, as regras baseadas na disciplina e hierarquização do saber produzem rotinas que limitam aos usuários a expressão das suas singularidades e autonomia, dificultando, então, que a criança hospitalizada externe as suas necessidades (SCHMITZ et al., 2003). Ademais, durante a estadia hospitalar, é de importante que a criança se sinta amada, especial e protegida, além de defender que a utilização de brinquedos, um dos instrumentos utilizados na palhaçoterapia, configura-se como uma medida para prevenção de sequelas decorrentes da hospitalização, por meio da promoção de estímulos que permitem que a criança libere os sentimentos relacionados ao medo e à angústia, gerados, em grande dimensão, no ambiente hospitalar. Sob essa ótica, o principal objetivo do tratamento seria de promover o máximo de qualidade de vida para estes pacientes, independente do prognóstico da sua patologia. Isso torna-se extremamente eficiente ao se levar o riso como uma forma de cura para as crianças internadas, além de promover uma terapia recíproca, não só para o paciente internado, mas também para os alunos atuantes que desenvolvem habilidades a partir do aprimoramento de valores éticos, humanísticos e morais que conduzirão a sua vida profissional (MOTA et al.,2012). A presença de palhaços tem demonstrado impactos significativos e positivos nas respostas fisiológica, comportamental e emocional de pacientes internados, estando presente em mais de 700 setores espalhados por diversas nacionalidades (CATAPAN, OLIVEIRA, ROTTA, 2019). As emoções têm a capacidade de modular muitos processos controlados pelo Sistema Nervoso Autônomo, incluindo a postura, a temperatura e as frequências cardíaca e respiratória. Em pacientes com níveis de estresse elevados, o coração dispara e as incursões respiratórias se tornam superficiais e rápidas. Um estudo piloto recrutou quatorze pacientes com idades que variam de 4 a 21 anos e coletou dados durante quatro dias de intervenções que alternavam entre a palhaçoterapia e um programa de televisão escolhido pela criança. Após coletar e analisar os dados sobre o funcionamento do Sistema Nervoso Autônomo desses pacientes, o estudo concluiu que a palhaçoterapia apresentou um padrão de resposta mais positivo se comparada à intervenção com programas de televisão e foram detectadas melhoras na concentração, comunicação verbal, respiração, saturação de oxigênio e indicadores de prazer, como o ato de rir o ato de bater palmas (KINGSNORTH et al.,2011). O pioneirismo dos projetos de palhaçoterapia se deu no início da década de 70 por Patch Adams, estudante de medicina, e, desde então, estudos corroboram que o humor em ambiente hospitalar tem trazido bons resultados contra dor, estresse e ansiedade, com efeitos no sistema cardiovascular (BERTINI et al., 2011, SALIBA et al., 2016). Um estudo conduzido na enfermaria de pediatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, com crianças entre 6 e 7 anos, coletou a saliva dos pacientes internados para avaliar a variação de cortisol, um importante bioindicador fisiológico do estresse, antes e depois da intervenção com palhaçoterapia. O estudo concluiu que a prática dessa atividade diminuiu o nível de cortisol nas crianças hospitalizadas, fornecendo evidências fisiológicas dos efeitos benéficos da palhaçoterapia (SALIBA et al., 2016). Ademais, uma pesquisa realizada no Departamento de Pediatria do Hospital San Camillo, em Roma, durante o mês de outubro de 2008, avaliou a influência da palhaçoterapia em marcadores fisiológicos e comportamentais de 43 crianças com patologias respiratórias. Após a análise dos resultados encontrados no grupo experimental e no grupo controle, concluiu-se que, com a intervenção da palhaçoterapia, houve diminuição na pressão diastólica, redução na frequência cardíaca, embora não significativa, tendência de queda no número de respirações por minuto e um decréscimo acentuado na temperatura do grupo experimental. Além disso, houve uma queda na sensação dolorosa dos pacientes, o que demonstra que a palhaçoterapia promove melhora no estado psicofisiológico das crianças avaliadas (BERTINI et al., 2011). É importante destacar que a palhaçoterapia contribui positivamente na formação de novos médicos e para o estabelecimento de conexões entre os profissionais já formados e os pacientes. Diante da rotina pesada e da sobrecarga, muitos desses profissionais acabam optando por uma insensibilidade proposital a fim de proteger a sua saúde mental, tornando necessárias as ações que ampliam a sensibilidade e a humanização dos trabalhadores da saúde. A palhaçoterapia, nesse viés, é um recurso capaz de reestruturar não só a interação entre médicos e pacientes/familiares, mas também pode conectar os funcionários dos diversos setores de um hospital. Uma pesquisa foi realizada com 14 membros egressos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) a fim de avaliar, através de entrevistas, o impacto do projeto “Unidade de Palhaçada Intensiva”, desenvolvido pela Universidade, no processo de construção da humanização. A conclusão retirada das entrevistas é a de que os profissionais demonstraram uma compreensão abrangente sobre a humanização e sobre a importância da sensibilização com o usuário para além de protocolos, sendo a prática da palhaçoterapia uma ferramenta de promoção de saúde mental (PAES et al., 2021). A prática da palhaçoterapia como estratégia de terapia complementar exige dos participantes o pleno conhecimento sobre biossegurança no ambiente hospitalar. O Guia Curricular de Segurança do Paciente, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um programa abrangente que tem como objetivo promover o aprendizado do estudante sobre a segurança do paciente, destacando os principais riscos e a as maneiras de gerenciá-los. Segundo o Guia, o emprego de fatores humanos é importante para a segurança do paciente, entendendo-se por fatores humanos o estudo de todos os fatores que facilitam a realização do trabalho de maneira adequada a partir da inter-relação entre seres humanos, ferramentas, equipamentos que utilizam no trabalho e o próprio ambiente de trabalho. Alguns dos fatores humanos a serem postos em prática pelos estudantes são: o estabelecimento de protocolos com as etapas de segurança a serem cumpridas, de modo a reduzir a dependência da memória, a promoção de padronização dos processos, para facilitar o trabalho e evitar riscos para o paciente, a utilização de checklists (listas de verificação) e, por fim, os estudantes devem prestar atenção ao potencial de erro quando estiverem envolvidos na atividade, de modo a permanecerem focados (MARRA, SETTE, 2016). Dessa forma, a partir de uma boa capacitação, os estudantes se tornam aptos a praticar a palhaçoterapia de maneira segura para si e para os pacientes.
O projeto conta com a participação de 24 estudantes do curso de Medicina da UEFS que, inicialmente, participarão de palestras e dinâmicas ministradas por estudantes/profissionais com experiência na palhaçoterapia. Essas atividades acontecerão no período inicial de cada ano, de forma presencial, na própria UEFS, ou à distância, a depender da disponibilidade dos profissionais e da necessidade de cada atividade. Elas irão abordar temas relacionados à psicologia infantil, à importância do trabalho voluntário, às artes cênicas, com foco na figura do palhaço, às normas de biossegurança no ambiente hospitalar, à rotina e às oportunidades de aplicação da palhaçoterapia do hospital selecionado, além de treinar as habilidades dos participantes para as atuações propriamente ditas. Antes das intervenções de palhaçoterapia, os discentes farão momentos de imersão na rotina hospitalar, com o objetivo de conhecer e se apropriar da realidade vivenciada por profissionais de saúde e usuários durante a permanência hospitalar. Dessa forma, será possível conhecer a rotina e os recursos necessários à intervenção, bem como será possível antever dificuldades, potencialidade, estratégias e adaptações, que possibilitem a realização das intervenções de palhaçoterapia de forma eficiente e segura. Após esse processo, os estudantes serão divididos em 4 grupos que atuarão, semanalmente de segunda à sexta, em formato de revezamento, no Hospital Estadual da Criança (HEC) localizado na cidade de Feira de Santana - BA. Nesses locais, os grupos serão divididos em duplas ou trios e irão trabalhar com as crianças e adolescentes (0-18 anos) hospitalizados e seus acompanhantes, a partir de atividades lúdicas. Essas atividades devem ser planejadas por cada grupo, nos dias que antecedem a ação, em uma reunião, na qual também serão compartilhadas as experiências, definidas as estratégias e prioridades. A ação seguirá a seguinte dinâmica: inicialmente o monitor responsável pela supervisão do grupo - a médica ou a enfermeira responsável pelo setor – se certificará dos pacientes aptos a receber a visita. Após isso, os estudantes escolherão irão adaptar a sua abordagem de acordo com a singularidade de cada paciente. Eles serão encorajados a observar atentamente as reações e emoções dos pacientes, a fim de entender suas necessidades emocionais e oferecer interações adequadas. A visita nos quartos de internação acontecerá mediante a aceitação do paciente e/ou acompanhante, será sempre em duplas ou trios e terá uma duração média de 20 minutos. Os “Médicos-Palhaços” estarão caracterizados com jalecos estilizados à ocasião, com adornos no rosto e nariz vermelho, levando consigo materiais necessários para realização de atividades lúdicas, como brinquedos, desenhos para colorir e balões. Os discentes do projeto estarão habilitados para selecionar os materiais adequados à atividade a fim de que seja respeitada a limitação clínica de cada paciente e de maneira que não haja prejuízo à dinâmica do ambiente hospitalar. Haverá reuniões mensais para que os acadêmicos, junto ao orientador, discutam sobre as ações que foram realizadas. O momento será para que sejam compartilhados dificuldades, avanços, histórias e pontos a serem melhorados, de modo que o projeto se torne cada vez mais impactante na vida dos pacientes.
Promover saúde, humanização do cuidado e bem-estar mental, por meio da palhaçoterapia, para crianças internadas em hospitais de Feira de Santana – BA.
• Realizar visitas técnicas ao hospital para aproximação com a equipe hospitalar; • Criar o “Clown” dos discentes envolvidos; • Formar os discentes participantes nas técnicas de palhaçoterapia. • Conhecer a rotina das crianças internadas e suas principais fontes de sofrimento; • Construir enredos que abordem o processo saúde-doença das crianças de forma lúdica; • Promover encontros de palhaçoterapia com as crianças internadas em hospital;
O projeto “Palhaçoterapia do Curso de Medicina da UEFS - um projeto de 'clowning' no Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana – BA" é baseado no "hospital clowning". O trabalho de "hospital clowning" (HC) começou no Brasil, em 1991, com o "Doutores da Alegria", adaptando os princípios da "Clown Care Unit" de Michael Christensen para a realidade brasileira, conforme descrito por Masetti na obra “Soluções de palhaços: Transformações na realidade hospitalar”, uma das poucas obras em língua portuguesa referente ao clowning. Vale ressaltar que o objetivo do clowning é apresentar uma nova paisagem para lidar com a vida, não desconsiderar suas mazelas, mas, assim como o profissional de saúde visita o paciente em busca de identificar sua patologia e oferecer estratégias para curar sua doença, o “palhaço” é também um elemento que realiza uma visita de forma artística e, busca encontrar algo além do sofrimento que é expresso de forma física ou emocional, amenizando-os com a arte do riso, empatia e amor (MASETTI,1998). A Palhaçoterapia é tida como uma oportunidade para desenvolver habilidades comunicativas e de reconhecimento do ser humano de modo integral. Anteriormente o conceito de saúde restringia-se apenas à ausência de doença, o que possibilitava lacunas como a não percepção dos reais déficits na qualidade de vida do paciente. Por conta disso, notou-se a necessidade de realizar mudanças em prol de um serviço de saúde mais humano e eficaz, ampliando, portanto, a área de abrangência à saúde e incorporando a dimensão da promoção da saúde. Para isso, movimentos como a Reforma Sanitária Brasileira e a Carta de Ottawa foram fundamentais, e embasaram a necessidade de transição do modelo Biomédico para o Biopsicossocial (SILVA; BATISTA, 2015). A figura do palhaço no hospital, embora seja atual, remonta as suas origens às primeiras civilizações. Na civilização egípcia, em 4.500 a.C., por exemplo, é a figura de um palhaço – Bess, o Deus da alegria – que representa a busca do equilíbrio humano. Na mitologia greco-romana, em 400 a.C., os atenienses procuravam a cura da mente e do corpo no santuário de Asclépio, Deus da medicina e da cura, onde os pacientes recebiam os benefícios da força curativa por meio do humor. Entrelaçando o clowning, a saúde e o riso, Ana Elvira Wuo informa: “O clown produz valores sociais que desconstroem a seriedade e a lógica estabelecida pela sociedade. Ele é um ser puro, ingênuo, infantil, que não foi contaminado pelos mecanismos da civilização humana, trazendo, dentro de si, o novo, o imprevisível da vida. Ele é, a cada instante, uma folha de papel em branco que vai sendo escrita de forma criativa, poética, alegre e irreverente." (WUO et al., 1999) Além disso, a palhaçoterapia também é benéfica para os profissionais da saúde que atuam nos hospitais e clínicas. O trabalho nesses ambientes pode ser estressante e emocionalmente desgastante, e a presença dos palhaços pode ajudar a aliviar essa tensão e melhorar o clima organizacional. Isso é fundamental para garantir um atendimento de qualidade aos pacientes e uma equipe de saúde mais engajada e motivada. Conforme Morgana Masetti: "Apesar de o trabalho dos Doutores da Alegria ser dirigido para a criança, tem efeitos extensivo a pais, profissionais de saúde e funcionários do hospital... Esses resultados se traduzem pela diminuição do estresse no trabalho, melhora da autopercepção profissional e da imagem do hospital, bem como melhora da comunicação entre os membros da equipe e destes com os familiares e pacientes." (MASETTI, 1998) A prática poderá auxiliar na recuperação dos pacientes pediátricos, ao proporcionar momentos de descontração e distração, o que pode contribuir positivamente para o tratamento e o processo de cura (CATAPAN, OLIVEIRA, ROTTA, 2019). Ademais, a participação dos estudantes nessa prática pode favorecer o senso de humanização, tanto em relação aos pacientes, quanto ao si próprios. Isto porque tal prática possibilita desenvolver habilidades socioemocionais importantes para a sua formação profissional, bem como aprender o uso de técnicas de palhaçoterapia em suas práticas clínicas, de forma a promover uma abordagem mais humanizada e integral na saúde. O projeto também possibilitará avaliar como a técnica do clowning pode ser aplicada de forma mais efetiva, identificar as necessidades específicas de cada grupo de pacientes e adaptar as atividades para atender suas demandas. A atividade no Hospital Estadual da Criança possibilitará pesquisas na área do clowning, posto que é um assunto com escasso material teórico. Por este motivo, infere-se que o projeto “Palhaçoterapia do Curso de Medicina da UEFS - um projeto de "clowning" no Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana – BA é de grande utilidade para o crescimento acadêmico, profissional e pessoal dos estudantes envolvidos, quanto para reforçar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Histórico de movimentação
20-07-2023 21:00:08

Criação da proposta

28-02-2024 12:19:53

Parecer da Câmara de Extensão

Resolução Consepe
20-07-2023 22:18:36

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
28-02-2024 12:19:53

Aprovado

Resolução Consepe
28-02-2024 12:23:05

Ativo

Finalização do processo de cadastramento junto a Proex
v1.4.13
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