Acolhendo e Humanizando Partos e Nascimentos #113
- Coordenador:
- Ana Jaqueline Santiago Carneiro
- Data Cadastro:
- 21-07-2023 10:40:49
- Vice Coordenador:
- Ariane Cedraz Morais
- Modalidade:
- Presencial
- Cadastrante:
- Ana Jaqueline Santiago Carneiro
- Tipo de Atividade:
- Programa
- Pró-Reitoria:
- PROEX
- Período de Realização:
- 21/07/2023 - 31/12/2023
- Interinstitucional:
- Sim (Hospital Inácia Pinto dos Santos)
- Unidade(s):
- Departamento de Saúde,
Resolução Consepe
14/2019
Processo SEI Bahia
00000000000000000000
Situação
Ativo
Equipe
4
A Rede Cegonha foi uma inovadora política do Ministério da Saúde instituída desde 2011, para assegurar o acesso, o acolhimento e a resolutividade, por meio de um modelo de atenção voltado ao pré-natal, parto, nascimento e puerpério. Nessa perspectiva, surgiu a ideia deste programa de extensão intitulado “Acolhendo e humanizando partos e nascimentos”, vinculado ao Núcleo de Extensão e Pesquisa em Saúde da Mulher (NEPEM), do Departamento de Saúde. O Programa tem como objetivos contribuir para a promoção do parto e nascimento saudáveis e para a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal, fortalecer as boas práticas preconizadas pelo Ministério da Saúde, de forma a proporcionar mais qualidade aos serviços prestados para a comunidade. Vem sendo desenvolvido no Hospital Inácia Pinto dos Santos (HIPS) – Hospital da Mulher, tendo como população-alvo gestantes em trabalho de parto e parto no Centro de Parto Normal (CPN), gestantes de alto risco internadas na Enfermaria A, bem como a própria Equipe de Enfermagem do Centro de Parto Normal e do Setor de Acolhimento e Classificação de Risco. O programa proposto envolve dois projetos específicos que ssão direcionados: 1) às mulheres no processo parturitivo e/ou gestante de alto risco internadas na Enfermaria A e 2) à Equipe de Enfermagem do Centro de Parto Normal do Hospital da Mulher. O primeiro diz respeito ao acolhimento de mulheres em trabalho de parto, parto e pósparto e/ou gestantes internadas na Enfermaria A em situação de risco, por meio de orientações, promoção de ambiência do cenário de parto e nascimento, redução de medidas invasivas, estímulo às boas práticas no trabalho de parto, parto e puerpério, aplicação de tecnologias leves de alívio da dor durante o trabalho de parto e parto. O segundo diz respeito à capacitação e treinamento da equipe de Enfermagem com temas afins, por meio da discussão de casos clínicos, realização de sessões científicas e rodas de conversa.
Em meados da década de 1980, diante do quadro de alta morbimortalidade materna e infantil, o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde estaduais e municipais voltaram a atenção para esta problemática, implementando programas e ações de tecnologia de baixo custo e fácil acesso para atender às demandas desse público (BRASIL, 1984). No cenário nacional, cresceu a preocupação e o interesse pela “saúde das mulheres”, num processo de abertura que envolveu grupos feministas, profissionais de saúde, gestores e políticos, resultando em propostas concretas do Estado como resposta às reivindicações. A primeira política pública que se destaca, nesse sentido é o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que marca, sobretudo, uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e com os critérios para eleição de prioridades neste campo (BRASIL, 2004a). No período de 1998 a 2002, trabalhou-se na perspectiva de resolução de problemas, priorizando-se a saúde reprodutiva e, em particular, as ações para redução da mortalidade materna (pré-natal, assistência ao parto e anticoncepção). Porém, ao longo do tempo, o programa passou a receber várias críticas, pois visava apenas a mulher em sua função reprodutiva, o que acabava por dificultar a atuação sobre outras áreas estratégicas, do ponto de vista da agenda ampla de saúde da mulher (BRASIL, 2004a ). Em 2004, o Ministério da Saúde cria a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), com diversos objetivos contemplando integralidade e a promoção da saúde. Dentre as metas da PNAISM destacam-se o enfoque na atenção obstétrica eplanejamento familiar, a assistência em todas as fases da vida, o acompanhamento clínico-ginecológico, além da atenção no campo da reprodução, a assistência à mulher no climatério, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), os câncer de colo, útero e de mama e atendimento a outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres brasileiras (BRASIL, 2004b). Paralelo às implementações desta nova Política, o que ainda se via no cenário obstétrico eram mulheres com dificuldade de acesso ao pré-natal, exames que não realizavam a tempo, infecções neonatais não detectadas, altos índices de sífilis, sífilis congênita, transmissão vertical do HIV, peregrinação para parir, partos reduzidos ao cenário meramente hospitalar, com utilização de técnicas invasivas e desnecessárias, relatos de violência obstétrica, perda da autonomia e protagonismo da mulher, separação abrupta da mãe e RN logo após o parto, entre tantos outros problemas. Diante desse cenário, em 2011, o governo federal lançou a Rede Cegonha (RC), configurando-se numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher e à criança o direito à atenção humanizada durante o pré-natal, parto/nascimento, puerpério e atenção infantil prioritária nos dois primeiros anos de vida em todos os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS)( BRASIL, 2011). A implantação da Rede Materno-Infantil – Rede Cegonha, desde 2011, direcionou novo olhar para a saúde das mulheres, rompendo com a oferta de ações restritas à gravidez e ao parto, decorrente de uma visão reducionista das mulheres, às quais era atribuído somente o papel de mãe e educadora dos filhos. Sendo assim, ampliou-se a compreensão de uma rede de cuidados com a finalidade de assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo, atenção humanizada e qualificada à gestação, parto e puerpério, estendendo esse cuidado ao nascimento, crescimento e desenvolvimento saudável dessa criança (UFMA/UNA-SUS, 2015). Uma das prerrogativas da Rede Cegonha é a valorização da autonomia da mulher. E isso tem possibilitado a expansão das práticas de educação em saúde, com a possibilidade de dotar as mulheres de mais conhecimento e capacidade crítica. Assim, a humanização da assistência partos e nascimentos significa, também, incentivar a participação da mulher e de sua família nesse evento tão singular, incentivando e (re)colocando a mulher como protagonista no processo de parturiçã. Essa perspectiva gera impactos direto na redução de procedimentos invasivos. Nesse sentido, a OMS tem como ação integrativa da Política Nacional da Humanização (PNH) a humanização do parto, cuja premissa é o atendimento humanizado aos usuários do Sistema Único de Saúde, com redução das taxas de cesáreas , da mortalidade materna, garantindo maior participação da parturiente nas decisões sobre sua saúde e assegurando o bem-estar da mulher e do bebê. O essencial da política de humanização é o acolhimento, que implica recepção humana e atentiva às queixas, preocupações, angústias e dúvidas das mulheres, garantindo-lhes a responsabilidade da equipe na resolução dos problemas e na continuidade da assistência. Portanto, o acolhimento se expressa na construção de uma diretriz política e operacional para responder às necessidades dos usuários de garantia de acesso ao cuidado em saúde, traduzindo-se em atitudes de inclusão, postura ética, atitude em relação à garantia de acesso aos serviços de saúde, à qualidade e à integralidade da atenção (BRASIL, 2014). Do ponto de vista obstétrico esse acolhimento diz respeito a garantir de acesso, evitando a peregrinação das mulheres em busca de uma vaga, possibilitar a vinculação do pré-natal ao parto, acesso à informação correta e em linguagem adequada, respeito às suas individualidades, crenças, culturas, garantir a inserção da família no processo do parto e nascimento, assistência qualificada à mulher durante o pré-natal, parto e puerpério, disponibilização dos serviços em saúde na rede SUS. Assim, ao tratarmos de acolhimento e humanização numa mesma medida, estamos falando em garantir um cenário de internamento e/ou parto com ambiência (redução de luminosidade, música ambiente, redução de barulhos e ruídos, controle de temperatura), possibilitar plano de parto para garantir autonomia da mulher no processo parturitivo, informações claras e concisas envolvendo a participação da família/acompanhante. Além disso, possibilitar a participação mais ativa da mulher e da família durante gravidez/pré- natal, é garantir a oferta de tecnologia apropriada na atenção ao parto e ao nascimento, negociação de direitos de acesso. Esse movimento, portanto, fortalece a mulher e sua família, coresponsabiliza trabalhadores e gestores em saúde e envolve, ainda, toda a rede de atenção à saúde da mulher (LANSKY e FIGUEIREIDO, 2014). Além desdas situações descritas, a proposta deste programa é criar condições que envolvam a mulher parturiente, permitindo a deambulação e movimentação ativa da mulher, proporcionando acesso a métodos não farmacológicos de alívio da dor, bem como estímulo à evolução fisiológica do trabalho de parto; garantir à mulher condições de escolha de posição no trabalho de parto (posição de quatro apoios, banqueta de parto, posição de cócoras, posição de Sims, posição litotômica, entre outras). Outra medida necessária é estimular o aleitamento materno ainda no local do parto, criando ambiência que favoreça o conforto e a privacidade para essa situação, estimular o contato imediato, pele a pele, da mãe com o recém-nascido, favorecendo vínculo e evitando perda de calor; incentivar, sempre que possível, o clampeamento tardio do cordão; garantir que o atendimento imediato ao recém-nascido seja realizado no mesmo ambiente do parto, sem interferir na interação mãe e filho.
O programa proposto envolve dois projetos específicos que são: A) O primeiro direcionado às mulheres no processo parturitivo e/ou gestante de alto risco internadas na Enfermaria A desenvolvendo as seguintes ações: 1-Acolher as mulheres em trabalho de parto, parto e pós-parto e/ou gestantes internadas na Enfermaria A em situação de risco; 2-Realização orientações específicas à mulher e família acerca do internamento; 3-Promover ambiência do cenário de parto e nascimento, proporcionando espaço mais seguro e tranquilo; 4-Estimular as mulheres durante o trabalho de parto para adoção de posturas verticalizadas (cavalinho, banqueta, livre deambulação, entre outras) para estimular melhor evolução 5-Orientações sobre a rotina hospitalar e abordagem terapêutica específicas durante o parto; 6-Utilização de tecnologias leves de alívio da dor durante o trabalho de parto e o parto; 7- Preparação da gestante e acompanhante para o parto normal; 8-Realização de dança circular com gestantes internadas para minimizar os impactos resultantes da hospitalização; 9-Realização de dança circular com gestantes em trabalho de parto, favorecendo o nascimento do bebê. B) O segundo diz respeito à Capacitação e treinamento da equipe de Enfermagem com temas afins, envolvendo especificamente a Equipe de Enfermagem do Centro de Parto Normal do Hospital da Mulher, no qual desenvolveremos as atividades: 1-Discussão de casos Clínicos; 2-Realização de sessões científicas, com temas propostos pela equipe; 3- Rodas de conversa. O acompanhamento e avaliação do desenvolvimento do projeto são realizados por meio da avaliação das atividades propostas nas metas e cronograma de trabalho, do registro das atividades realizadas e do registro em relatório próprio por meio das discentes, além do “feed-back” realizado pela própria equipe de Enfermagem do Hospital. Além destes, também serão considerados como método de avaliação os relatos de experiência das mulheres acompanhadas, levantamento estatísticos do perfil das mulheres atendidas por meio dos prontuários e/ou livro de Ocorrência do Centro de Parto Normal, bem como relato das experiências dos discentes e dos profissionais de saúde envolvidos. Buscar-se-á socializar os resultados obtidos através da realização deste programa de forma a garantir ampla divulgação das boas práticas em Obstetrícia, com participação em congressos e/ou eventos da área específica e/ou áreas afins, participação em eventos locais/ regionais para divulgação das boas experiências; promoção de eventos temáticos junto ao NEPEM, publicação de artigos em periódicos (nacionais ou internacionais), publicação de livros e/ou capítulos de livros bem como divulgação das experiências desenvolvidas em mídias, sites, redes sociais, canais televisivos e jornais locais (impressos ou digitais).
Contribuir para a promoção do parto e nascimento saudáveis e para a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal.
1. Fortalecer as boas práticas preconizadas pelo Ministério da Saúde e, assim proporcionar mais qualidade aos serviços prestados para a comunidade; 2. Sensibilizar e envolver as enfermeiras e demais membros da equipe de enfermagem no processo de implantação de boas práticas obstétricas; 3. Capacitar e treinar a equipe de enfermagem com atualizações de protocolos Obstétricos, conforme demanda do próprio setor. 4. Proporcionar aos alunos experiência junto ao serviço e comunidade; 5. Possibilitar à comunidade reflexões sobre o parir e o nascer com assistência humanizada; 6. Acolher as gestantes em trabalho de parto e/ou internadas na Enfermaria A durante o pré-parto, parto, nascimento e pós-parto; 7. Realizar orientações específicas à mulher e sua família acerca do internamento; 8. Promover ambiência do cenário de parto e nascimento, proporcionando espaço mais seguro e tranquilo; 9. Possibilitar às mulheres durante o trabalho de parto adoção de posturas verticalizadas (cavalinho, banqueta, livre deambulação, entre outras) para facilitar o trabalho de parto e parto; 10. Orientar sobre a rotina hospitalar e abordagem terapêutica; 11. Aplicar tecnologias leves de alívio da dor durante o trabalho de parto e parto; 12. Preparar a gestante e acompanhante para o parto normal; 13. Despertar os acadêmicos quanto à possibilidade de pesquisa no local de intervenção;
A humanização da assistência ao parto e nascimento significa uma assistência prestada à mulher e ao neonato que consiste não apenas em realizar procedimentos técnicos robotizados durante todo o processo parturitivo, mas em preservar o direito das mulheres serem protagonistas do seu parto. Assim, elas participam das decisões a respeito dos procedimentos a serem realizados bem como da opção pela presença de acompanhante. Nesse sentido, pode-se garantir segurança e confiança suficientes para uma experiência de parto satisfatória e sem intervenções desnecessárias. A humanização, portanto, envolve um conjunto de conhecimentos práticos e atitudes que visam a promoção do parto e nascimentos saudáveis, além da prevenção da morbimortalidade materna e fetal (MAIA, 2010). Nesse contexto, a Enfermagem desempenha papel relevante, pois a formação está voltada para o conhecimento técnico, científico, crítico e reflexivo com bases humanísticas. Dessa forma, esses profissionais são capazes de desempenhar ações positivas para melhorar o cuidado prestado à mulher e ao recém-nascido. (BRASIL, 2014). Para a Associação Brasileira de Enfermeiros Obstétricos – Regional Bahia, o cuidado oferecido por estes profissionais possibilitam a redução do uso das intervenções obstétricas e manobras invasivas altamente desnecessárias, melhoram os indicadores de morbimortalidade materna e perinatal, aumentam a satisfação da mulher com a experiência vivida, indicando a segurança e a viabilidade da atenção ao parto e nascimento nestes locais de nascimento (ABENFO-BA, 2014). Além da Enfermagem, as demais profissões da saúde que assistam diretamente as mulheres durante o parto e nascimento, também podem e devem estar envolvidas nessa atenção mais qualificada, na perspectiva de compreender que uma assistência que envolva as boas práticas, escuta ativa, o toque e/ou técnicas mais humanísticas, garantem a mãe e filho uma experiência de parto e nascimento mais positiva, refletindo, inclusive,no bom crescimento e desenvolvimento infantil. É nesse contexto permeado de práticas, cuidados e relações interpessoais, que os nossos alunos terão a oportunidade de vivenciar e compartilhar a prática profissional e as situações de saúde que fazem parte da rotina das maternidades. A relevância desta proposta é possibilitar aos docentes, discentes e corpo técnico envolvido, por meio da extensão universitária, formação de profissionais cidadãos, uma ves que a extensão se credencia como espaço privilegiado de produção de conhecimento, prestação de serviços e orientações técnicas na área de Obstetrícia, possibilidade de articular teoria e prática oportunizando aos discentes envolvidos convivência com a realidade social e a prática profissional, fundamentando-a e subsidiando-a de forma concreta e efetiva.
Histórico de movimentação
21-07-2023 10:40:49
Criação da proposta
30-11-2023 23:02:50
Parecer da Câmara de Extensão
Programa aprovado em 2019 coordenado por Ariane Cedraz Moraes
21-07-2023 14:17:04
Em Análise
Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
28-07-2023 12:18:33
Aprovado
Programa aprovado em 2019 coordenado por Ariane Cedraz Moraes
31-07-2023 10:12:13
Ativo
Habilitado
30-11-2023 23:02:50
Aprovado
Programa aprovado em 2019 coordenado por Ariane Cedraz Moraes
27-02-2024 09:55:12
Ativo
Projeto atualizado.