As doenças que acometem o trato gastrointestinal (TGI) são bastantes prevalentes e possuem um perfil específico dependendo da faixa etária do indivíduo acometido. Segundo Filho e Barreto, elas ocupam a 9ª posição entre as principais causas de morte nos indivíduos até 9 anos de idade, e gradativamente vão ganhando importância, chegando a ocupar a 4ª posição na faixa etária de 40 a 59 anos, e sendo a causa principal de internamentos no SUS entre jovens e adultos (20-59 anos) em 2001. Além das doenças classificadas e relacionadas especificamente ao trato gastrointestinal, existem doenças infecciosas e parasitárias (DIP) que acometem o TGI sendo mais incidentes as do vírus da Hepatite B e C, segundo Rouquayrol e Gurgel consideradas emergentes, com quadro de persistência, gravidade e ampla distribuição geográfica no Brasil, além das parasitoses como a esquistossomose. Em relação às afecções infantis, a prevalência de diarreia é muito acentuada. De acordo com Rouquayrol e Gurgel, houve uma redução de 92% na mortalidade infantil por diarreia e uma redução de 17% no número de internações de crianças menores de 5 anos relacionada a vacinação contra o rotavírus, o que evidencia a necessidade de manutenção de programas de prevenção. Filho e Barreto mostra que a alta taxa de morbidade por diarreia constitui um indicador de baixo nível de estado de saúde da população brasileira. Além dos casos de caráter agudo, muitas doenças crônicas estão se tornando prevalentes devido principalmente a transição etária, nutricional e mudanças no estilo de vida da população brasileira. A Diabetes mellitus é uma das principais doenças crônicas e atingia 8,3% da população mundial em 2011, com estimativa de um aumento de 1,6% até 2030. Outro dado preocupante é a taxa de incidência relacionada a uma idade cada vez mais nova: os adultos jovens estão com um ritmo de acometimento mais rápido que a população em geral (Rouquayrol e Gurgel, 2012). O diabetes tipo I é o mais comum entre os jovens, ocupando o terceiro lugar no ranking das doenças crônicas que acometem esse grupo. Todavia o diabetes tipo II vem aumentando sua incidência nos jovens e está intimamente relacionado ao aumento de peso dos indivíduos dessa faixa etária (Filho e Barreto, 2011). A obesidade, segundo Rouquayrol e Gurgel, vem aumentando em uma proporção muito significativa, independente de faixa etária, sexo e localização geográfica, caracterizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma epidemia global. Ela é um fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças como o diabetes mellitus e câncer de cólon. As neoplasias malignas de cólon, reto e ânus em idosos aumentaram a taxa de mortalidade em 32% de 1980 a 2005, o que mostra a necessidade de diagnóstico e tratamento precoce (Filho e Barreto, 2011). Dessa forma, há uma necessidade de elucidar os aspectos envolvidos na caracterização das doenças gastrointestinais, uma vez que elas possuem alta incidência/prevalência, buscando controla-las, reduzir o número de novos casos e melhorar as formas de diagnóstico e tratamento, além de implantar e/ou manter métodos preventivos eficazes.

- Atendimento supervisionado aos pacientes com discussão de casos clínicos. - Levantamento e cadastramento de dados clínicos e epidemiológicos em banco de dados para realização de pesquisas. - Campanhas educativas e palestras para pacientes ambulatoriais com esclarecimento de duvidas sobre as doenças mais prevalentes, com ênfase na prevenção, diagnóstico e tratamento. - Elaboração de feiras culturais em colégios de Feira de Santana para disseminação das medidas de prevenção contra doenças intestinais

Capacitação e treinamento dos alunos para conhecimento das características clínicas e epidemiológicas das doenças gastrointestinais na população atendida em ambulatório de gastroenterologia do Hospital Geral Clériston Andrade e da Unidade Básica de Saúde CSU.

Estabelecer estratégias para melhor controle dos agravos, redução na morbimortalidade, melhora na qualidade de vida, transformando a realidade social da comunidade.

Segundo o DATASUS, no ano de 2014, as doenças gastrointestinais se constituem como um grande problema de saúde pública no Brasil. Em relação aos óbitos totais do país, essas doenças se apresentam em 7º lugar no ranking nacional, com um número de 62.763 óbitos. A comunidade atendida é composta, em sua grande maioria, por pessoas com baixo nível socioeconômico, exposta a saneamento básico precário e a nutrição inadequada, fatores importantes no aparecimento de doenças do trato gastrintestinal. Visto a grande importância pelos dados epidemiológicos pesquisados, aliado à vivência prática dos alunos, nota-se a necessidade da compreensão dos dados clínicos e epidemiológicos sobre essas doenças no município de Feira de Santana. Com a coleta dos dados e posteriormente sua análise, objetiva-se traçar propostas com foco na prevenção das doenças gastrointestinais, aliados ao diagnóstico e tratamento. Tais práticas unem o interesse coletivo e social na conscientização da população, com o interesse acadêmico, de treinamento e visita supervisionado.