Atenção em Enfermagem Ginecológica: uma proposta de extensão universitária #132

Coordenador:
Ana Jaqueline Santiago Carneiro
Data Cadastro:
21-08-2023 17:07:11
Vice Coordenador:
-
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
Rosana Oliveira de Melo
Tipo de Atividade:
Projeto
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
Indeterminado
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Área de Enfermagem na Saúde da Mulher, Criança e Adolescente,

Resolução Consepe 116/2018
Processo SEI Bahia 00000000000000000000
Situação Ativo
Equipe 3

A Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher (PNAISM) visa atender aos principais agravos a saúde feminina e inclui a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação em todas as fases do seu ciclo de vida. No que se refere à atenção primária tem-se a prevenção e o tratamento de doenças que acometem o trato reprodutivo, além do câncer ginecológico. Para a efetivação da PNAISM é necessário também, ter uma equipe multiprofissional, capaz de atuar de acordo as necessidades mais emergentes da população assistida. E como membro dessa equipe tem-se o Enfermeiro, que tem contato frequente à população feminina, através da atuação nos programas assistenciais. Profissional esse que precisa estar capacitado a atuar nas diversas situações que envolvem a saúde da mulher. Este processo se inicia desde a formação acadêmica, que deve ser qualificada para atender a população assistida, com experiências que vão além do aprendizado em sala de aula e envolvem os serviços de saúde e a comunidade, através da oferta aos discentes de ações extensionistas. Sendo assim, tem-se como objetivo geral desse projeto: Implementar o serviço de Enfermagem ginecológica no Centro Municipal de Prevenção ao Câncer, em Feira de Santana-Bahia. O projeto será realizado mediante o atendimento clínico-ginecológico às mulheres que buscam atendimento na referida instituição. Busca-se com isso permitir aos discentes experiências novas com a comunidade e promover interação com os serviços de saúde, que só serão possíveis através de ações contínuas junto à população feminina, proporcionadas pela extensão.
Oferecer uma assistência integral a saúde da mulher é um dos objetivos da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher (PNAISM), que visa atender aos principais agravos a sua saúde. Para tanto é importante conhecer a comunidade a ser assistida e prestar um atendimento resolutivo e acolhedor. Assim, para atender aos objetivos da PNAISM deve-se prestar assistência a mulher nas diversas fases do seu ciclo de vida e nas mais variadas situações. O atendimento a mulher pode ocorrer nos três níveis de atenção, sendo imprescindível que o profissional preste um cuidado humanizado para a resolução dos principais problemas de saúde. Nesse sentido, pode-se citar os problemas ginecológicos que levam muitas mulheres a busca periódica pela assistência, seja no âmbito da prevenção, do diagnóstico ou tratamento. Dentre os problemas ginecológicos que mais acometem as mulheres temos as afecções que causam os corrimentos vaginais, sangramentos, dores pélvicas, infecções sexualmente transmissíveis (IST) e as doenças crônicas. Subdividem-se em infecções que causam corrimentos vaginais, úlceras genitais, dor pélvica ou verrugas. As Infecções do Trato Reprodutivo (ITR) incluem: as IST, as infecções iatrogênicas (ex.: pós-aborto) e as infecções endógenas (ex.: candidíase vulvovaginal e vaginose bacteriana). As IST são causadas por mais de 30 agentes etiológicos (vírus, bactérias, fungos e protozoários), sendo transmitidas, principalmente, por contato sexual e, de forma eventual, por via sanguínea. A transmissão de uma IST ainda pode acontecer da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. Essas infecções podem se apresentar sob a forma de síndromes: úlceras genitais, corrimento uretral, corrimento vaginal e DIP. Algumas infecções possuem altas taxas de incidência e prevalência, apresentam complicações mais graves em mulheres e facilitam a transmissão do HIV. Podem, ainda, estar associadas a culpa, estigma, discriminação e violência, por motivos biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Dados da Organização Mundial de Saúde revelaram em 2013 a aquisição de uma IST diariamente por mais de um milhão de pessoas no mundo. Assim, o Ministério da Saúde relata que “500 milhões de pessoas adquirem uma das IST curáveis [...]. Da mesma forma, calcula-se que 530 milhões de pessoas estejam infectadas com o vírus do herpes genital [...] e que mais de 290 milhões de mulheres estejam infectadas pelo HPV” (BRASIL, 2015, p. 18). A infecção pelo HPV geralmente é assintomática, com o aparecimento de lesões inaparentes (subclínicas) que só são detectadas após aplicação de reagentes e/ou pela realização da colposcopia. As lesões precursoras do câncer do colo do útero também são assintomáticas e podem ser detectadas através da realização periódica do preventivo e confirmadas pela colposcopia e exame histopatológico. Em um estágio mais avançado da doença os principais sintomas a aparecer são sangramento vaginal (, após o espontâneo coito ou esforço), leucorreia e dor pélvica, que podem estar associados com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados (BRASIL, 2016). Através da realização do exame especular nesse estágio é possível identificar alterações no colo do útero, bem como na genitália interna. Além das afecções ginecológicas possíveis de ocorrer durante o ciclo de vida da mulher, existe outra patologia que atinge grande parte das mulheres no Brasil, que é o câncer. Dentre os tipos de câncer que acometem a mulher tem-se os cânceres ginecológicos, sendo que deste, a maior incidência está relacionada ao câncer de mama, colo de útero e ovário, respectivamente. O câncer de mama é uma neoplasia resultante da multiplicação de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos e apresenta a maior taxa de incidência e de mortalidade entre as mulheres. A estimativa do INCA no Brasil para o biênio 2016-2017, é de 57.960 casos novos de câncer de mama, com um risco estimado de 56,20 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2015). Essa neoplasia apresenta diversos fatores de risco, que estão relacionados ao ciclo reprodutivo da mulher, antecedentes familiares e estilo de vida. A idade é o principal deles, sobretudo para mulheres a partir dos 50 anos, que estão mais propensas a desenvolver a doença, pelo acúmulo de exposições e as próprias alterações biológicas (JEMAL, 2014). A identificação de fatores de risco, o diagnóstico da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado constitui uma atitude primordial para um melhor resultado terapêutico e bom prognóstico dos casos de câncer de mama (BRASIL, 2014). A prevenção primária para o desenvolvimento do câncer de mama consiste no controle dos fatores de riscos (extrínsecos e intrínsecos), cujo enfoque da prevenção está voltado para a detecção precoce através do rastreamento oportuno e adequado diagnóstico (VARGENS; SILVA, 2012). A realização do exame clínico das mamas feito por profissional de saúde treinado constitui parte do atendimento integral à saúde da mulher em todas as suas fases de vida e que possui a vantagem de ter baixo custo e boa aceitação da população feminina (VARGENS, SILVA, 2012; INCA, 2015). Contudo, não deve ser utilizado como estratégia única de prevenção, devendo ser associado a outras formas de detecção precoce (SILVA; RIUL, 2012). O rastreamento pela mamografia é a principal estratégia de detecção precoce. No Brasil, a recomendação, atualizada em 2015, é que mulheres entre 50 e 69 anos faça uma mamografia a cada dois anos (ZAPPONI, TOCANTINS, VARGENS 2012; INCA, 2015). Sobre o câncer do colo do útero pode-se dizer que é causado pela infecção persistente de alguns tipos do Papiloma Vírus Humano (HPV), nas quais há a alteração celular com lesões precursoras que evoluem para o câncer. Essa associação entre o desenvolvimento do câncer e a infecção por HPV é demonstrada pela presença do vírus em quase todos dos casos desse tipo de câncer, o que, segundo o Ministério da Saúde (MS) “leva à maior atribuição de causa específica já relatada para um câncer em humanos”. Isso ocorre porque grande parte das mulheres sexualmente ativas são infectadas com algum tipo de HPV, sendo que 32% dessas mulheres estão infectadas com os tipos 16 e 18 que são considerados o de maior probabilidade de associação com o câncer de colo uterino (BRASIL, 2013 p. 43). Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o segundo tumor ginecológico mais frequente entre as mulheres, depois apenas do câncer de mama. Representa a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Ao considerar que o câncer de mama possui uma alta incidência seguida do câncer de colo de útero, descritos anteriormente; inclui-se a estes o câncer de ovário, tumor considerado de baixa incidência, mas de alta letalidade e referente a estimativa para 2016 foi de 6.150 novos casos colocando assim este tumor em terceiro lugar dentre os tumores ginecológicos (INCA, 2016). Dependendo do período em que for diagnosticado, a sobrevida dessas mulheres pode variar de até 5 anos, ou seja, quanto mais cedo o diagnóstico, maior a sobrevida (DERCHAIN, FRANCO, SARIAN, 2009). A etiologia do câncer de ovário não é tão clara e ainda é um tema que precisa ser melhor estudado. A dificuldade para a definição causal é a existência de várias células que o compõe, dando origem a alguns tipos de tumores, sendo o mais incidente o adenocarcinoma (ALBERNAZ, SCHUNEMANN Junior, 2015). Portanto, investir em medidas preventivas e programas de rastreamento ainda é a melhor forma para tentar chegar a um diagnóstico precoce. O rastreamento resulta na detecção precoce da doença o que possibilita a identificação do tumor na fase inicial. No entanto, é importante a associação com os marcadores tumorais existentes, como o CA 125 (DERCHAIN FRANCO, SARIAN, 2009). Além do programa de rastreamento, deve-se investir na educação em saúde para que a população feminina adquira conhecimentos acerca da doença. Um estudo realizado no Reino Unido identificou que os sintomas do câncer de ovário não são claros para a população, concluindo que o conhecimento ajudaria no diagnóstico precoce (BRAIN et al., 2014). Por mais que os sintomas do câncer de ovário possam ser inespecíficos é relevante capacitar os profissionais para identificar precocemente os mesmos, incluindo este diagnóstico em sua rotina de trabalho (MANUAL, 2014). Diante das situações que envolvem a saúde da mulher é essencial uma ação preventiva, na qual os profissionais, dentre esses, os profissionais da Enfermagem, devem estar atentos às queixas que levam as mulheres aos serviços de saúde. A Enfermagem, portanto, ocupa um lugar de destaque na saúde pela aproximação a comunidade através da assistência dispensada nos três níveis da atenção. Assim, promover a capacitação destes profissionais desde a formação, através da atuação nos programas de extensão, proporciona experiências acadêmicas enriquecedoras, além da integração do ensino com o serviço e a comunidade, para a promoção e prevenção da saúde da população.
Trata-se de um Projeto de Extensão vinculado ao Núcleo de Extensão e Pesquisa em Saúde da Mulher (NEPEM) em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), Secretaria Municipal de Feira de Santana, Fundação Hospitalar de Feira de Santana e o Centro Municipal de Prevenção ao Câncer – (CMPC), Romilda Maltêz. Este último será o local de realização das ações de extensão. Para viabilização deste projeto, os recursos humanos, os materiais permanentes e de consumo, equipamentos e demais impressos necessários à realização das consultas de Enfermagem serão fornecidos pelas instituições supracitadas. O processo de implantação deste projeto será efetivado através da continuidade na realização de atividades práticas do componente curricular Enfermagem na Saúde da Mulher, Criança e Adolescente I do curso de Enfermagem da UEFS, e da realização de ações de extensão vinculadas ao NEPEM, e será executado com caráter contínuo em ações articuladas entre a graduação e a extensão. O público alvo deste projeto serão as mulheres atendidas na unidade por demanda espontânea e/ou organizada, acompanhantes/familiares e profissionais que atuam na atenção à saúde da mulher vinculados à unidade. As atividades propostas para a execução do mesmo acontecerão a partir do acompanhamento das docentes e discentes da referida disciplina, com atuação na parte clínica durante as consultas de Enfermagem Ginecológica, bem como na coleta e avaliação de exames citopatológicos, exame clínico das mamas, solicitação de exames e realização dos devidos encaminhamentos. Serão realizadas atividades de educação em saúde e educação permanente através de rodas de conversas, oficinas, distribuição de materiais educativos confeccionados a partir das experiências extensionistas, além da participação em campanhas promovidas pela instituição e capacitações profissionais. Nos períodos de recesso acadêmico, o projeto terá continuidade com atendimento pelos profissionais do quadro efetivo do CMPC e através de bolsistas e voluntárias vinculadas ao núcleo que já cursaram a disciplina acima citada, que ficarão sob supervisão e orientação da autora e coordenadora do projeto e/ou demais docentes integrantes do núcleo, da Gerência de Enfermagem do CMPC e Enfermeiras da unidade. Os dias de atendimento dos referidos bolsistas e voluntários serão definidos e comunicados a coordenação a cada semestre, a partir da adaptação do horário acadêmico dos discentes. A triagem, o cadastramento e o aprazamento das mulheres inseridas no projeto serão realizados pelos funcionários da recepção da unidade, a partir da orientação da coordenação ou do profissional responsável pelo atendimento. Como produtos finais da consolidação dos objetivos propostos serão elaborados trabalhos científicos em forma de relato de experiência e/ou publicação de artigos originais em consonância com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012 que trata de pesquisas com seres humanos, a serem enviados para revistas de extensão universitária. Serão elaborados e enviados relatórios parciais e finais das atividades do projeto à PROEX, bem como serão apresentados os resultados dos planos de trabalho desenvolvidos no Seminário Interno de Extensão com publicação nos anais.
Implementar o serviço de Enfermagem ginecológica no CMPC.
- Desenvolver práticas humanizadas na atenção à saúde da mulher; - Desenvolver atividades educativas e preventivas sobre os principais cânceres ginecológicos; - Realizar atendimento clínico-ginecológico, solicitar e avaliar exames; - Desenvolver a abordagem clínica para Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) quando necessário; - Promover rodas de conversa sobre a prevenção dos cânceres ginecológicos entre as mulheres; - Promover rodas de conversa para as mulheres em acompanhamento de lesões precursoras do câncer do colo do útero no centro de referência; - Contribuir para a redução da morbimortalidade da mulher através do atendimento e da educação em saúde; - Fortalecer as atividades de extensão desenvolvidas pelo NEPEM; - Fortalecer o vínculo entre a comunidade e a UEFS; - Participar de atividades em parceria com a unidade onde o projeto será desenvolvido; - Promover treinamentos para os funcionários do serviço; - Impactar as ações extensionistas na formação acadêmica dos discentes integrantes do projeto.
A Enfermagem é uma das profissões que buscam o cuidado a mulher e este deve contemplar várias áreas de atuação, dentre essas a área da ginecologia preventiva. Sendo assim, a atenção a saúde da mulher em ginecologia preventiva deve ser parte integrante dos conteúdos do curso de Enfermagem seja na graduação, na pesquisa ou na extensão. É através da extensão que se torna possível sensibilizar os discentes e docentes para atuar na realidade dos serviços visando a melhoria da qualidade de vida da comunidade. Assim, propicia ao discente uma formação teórico-prática, com ampliação e aplicação dos conhecimentos adquiridos nos diversos componentes curriculares.

Histórico de movimentação
21-08-2023 17:07:11

Criação da proposta

22-08-2023 11:34:40

Parecer da Câmara de Extensão

Homologado Proex
22-08-2023 08:20:49

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
22-08-2023 11:34:40

Aprovado

Homologado Proex
22-08-2023 11:34:56

Ativo

Ativo na Proex
v1.4.12
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