De um modo geral, grande parte das universidades possui cursos similares em sua estrutura, que visam ofertar conteúdos básicos aos estudantes que possuem lacunas em sua formação. No momento da implantação dos Cursos Complementares, foi avaliada a nomenclatura praticada em outras instituições e optou-se por dissociar a iniciativa da ideia de “nivelamento”, como são chamados os cursos na maioria das instituições pesquisadas. O termo nivelar pressupõe um nível desejado e diante da complexidade dos estudantes, realidades, experiências, torna-se empobrecedor pensar que o nivelamento seja algo desejável. Cursos Complementares proporcionam a ideia de complementaridade à formação e também a possibilidade de se pensar não apenas na apreensão, mas também na revisão dos conteúdos que antecedem a vida universitária. A finalidade do Programa proposto é o aprendizado dos estudantes e a possibilidade de maior rendimento acadêmico. Este encontra dissociado das premissas de avaliações formais e notas, inclusive pelo fato de não estarem integrados ao currículo dos cursos de graduação. A vinculação dar-se-á pelo comprometimento do estudante e interesse em aprender. Após uma pesquisa de campo realizada com estudantes na UFSC, Zago (2006, p 233) afirma que “as lacunas deixadas na formação precedente marcam implacavelmente a vida acadêmica e os depoimentos nesse sentido são muito significativos.” É sabido que essa carência traz muitas consequências e o insucesso acadêmico por vezes vem associado a sentimentos de inferioridade, frustração e repercussões emocionais importantes. A proposta dos Cursos Complementares vem contribuir nesse sentido, fortalecendo as políticas de permanência da UEFS e colaborando para que os estudantes possam superar determinadas fragilidades e alcançar a conclusão do curso de graduação.

Os Cursos Complementares são ministrados por docentes, técnicos administrativos especializados e/ou estudantes bolsistas de cada área do conhecimento sob supervisão. Os supervisores ficam responsáveis pela definição do conteúdo programático, estruturação teórica do curso, planejamento, assim como seleção e supervisão dos estudantes bolsistas. Atualmente temos as professoras Valéria Marta Ribeiro Soares e Rute Paranhos Silva Mendes, ambas do Departamento de Letras, responsáveis pela supervisão do Curso Complementar de Língua Portuguesa; o Professor Claudio Sergio da Silva Cerqueira, do Departamento de Ciências Exatas, pelo Curso Complementar de Informática. Nesta edição não estamos fornecendo turma de Matemática. Uma vez o Programa sendo caracterizado como atividade de extensão, os docentes envolvidos poderão utilizá-la em seu Plano Individual de Trabalho (PIT) e os técnicos administrativos parceiros em promoções funcionais e atividades de formação, proporcionando a regularização da participação deles na atividade. Caso não seja possível a abertura de edital para bolsas de extensão de imediato, visto a regularidade e os prazos do processo, os Cursos Complementares poderão aproveitar bolsistas voluntários, pelo período em questão, para desenvolvimento das atividades. A equipe do NAPP/PROPAAE durante todo o desenvolvimento do trabalho realiza o processo de divulgação, inscrições, acompanha as atividades das turmas, proporciona o apoio logísticoadministrativo, bem como o suporte necessário aos envolvidos.

Proporcionar aos estudantes o aprendizado de conteúdos básicos nas áreas de Língua Portuguesa, Matemática e Informática, favorecendo o desenvolvimento nas disciplinas da graduação.

Contribuir para a permanência estudantil dos estudantes regularmente matriculados em cursos de graduação da UEFS.

A Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis - PROPAAE tem por finalidade consolidar e implementar as políticas de ações afirmativas e de assistência estudantil na UEFS, visando garantir o acesso, a permanência e a pós-permanência dos estudantes de graduação. O Núcleo de Apoio Psicossocial e Pedagógico – NAPP, setor pertencente à PROPAAE, buscando favorecer o processo de permanência dos estudantes na instituição, realizou no mês de agosto de 2014 uma avaliação diagnóstica voltada para as Residências Universitárias (Indígena e Tradicional), com o objetivo de avaliar as percepções dos estudantes residentes e realizar um levantamento de possíveis demandas de intervenção do NAPP. O projeto utilizou como instrumento de coleta um questionário semi-estruturado, que inicialmente foi aplicado na Residência Indígena a um total de 91% dos residentes. Dentre os dados coletados, um índice expressivo (75%) dos estudantes sinalizou que sentem ou já sentiram dificuldades na aprendizagem. O argumento mais recorrente para esse índice entre os avaliados foi a falta de um ensino fundamental e médio de qualidade, gerando grande dificuldade no acompanhamento das disciplinas da graduação. Esses dados foram ratificados com a análise dos históricos escolares dos estudantes indígenas da UEFS, bem como pelos registros de atendimentos psicopedagógicos realizados pelo NAPP. Percebeu-se, então, a necessidade de intervenções diante do recorrente índice de baixo rendimento de alguns estudantes nas disciplinas cursadas, sobretudo naquelas relacionadas às Ciências Exatas e Língua Portuguesa. Diante desse contexto e em consonância com as necessidades inerentes à política de ações afirmativas para permanência dos alunos na UEFS, as primeiras turmas dos Cursos Complementares tiveram suas atividades iniciadas em janeiro de 2016 e até o presente momento já foram realizadas onze edições do programa e estamos em plena execução da 12ª edição.