Educação DeSCOrall: possibilidades afro-brasileiras para a (re) invenção docente #169

Coordenador:
EDUARDO OLIVEIRA MIRANDA
Data Cadastro:
18-09-2023 20:55:34
Vice Coordenador:
Marta Alencar dos Santos
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
EDUARDO OLIVEIRA MIRANDA
Tipo de Atividade:
Projeto
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
Indeterminado
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Departamento de Educação,

Resolução Consepe 122/2019
Processo SEI Bahia 00000000000000000000
Situação Ativo
Equipe 11

O Projeto de Extensão intitulado Educação DeSCOral: possibilidades afro-brasileiras para a (re) invenção docente se insere no marco político dos coletivos que buscam viabilizar e potencializar a Lei 10.639/03 e com isso propor outros olhares para as epistemologias africanas e afro-brasileiras. De acordo com Sodré (2012), a educação precisa ser reinventada para atender as realidades interculturais existentes no chão da escola, o que tensiona o currículo a evidenciar os marcos civilizatórios advindos das diásporas africanas. Para Boaventura de Souza Santos (2002), o momento contemporâneo se estabelece pelas ausências dos oprimidos na produção do conhecimento, assim como pela urgência em revalorizar as experiências das culturas negras no trato com os saberes científicos. Sendo assim, a Educação DeSCOral estabelece uma territorialidade de formação para graduandos da UEFS, professores da UEFS, educadores da Educação Básica. O projeto perpassa pela tríade: Curso de Extensão; Construção de Material Didático; Criação do Museu Afro-Feirense. O curso de extensão elecionará 40 pessoas interessadas em construir um processo de formação docente com foco na Lei 10.639/03. O Material Didático será criado pelos sujeitos envolvidos no curso de extensão, com o objetivo de levar para a educação básica dispositivos pedagógicos frutificadoras do legado afro-brasileiros presente na cidade de Feira de Santana. A elaboração do Museu Afro-feirense, em plataforma digital, se insere no plano de trabalho de 4 estudantes da UEFS que se colocaram na condição voluntários do projeto de extensão. Para socializar os resultados da ação extensionista realizaremos um evento na UEFS, além de levar para a educação básica os materiais didáticos e o Museu Afro-Feirense
A formação de identidade se fundamenta pelas características que o próprio indivíduo afirma ser, no entanto, o que ocorre em nossa sociedade é que esta afirmação -em sua maioria- gera um conflito baseado na diferença, na qual um padrão é estabelecido, e tudo que se afasta dele é rotulado como “errado”, ocasionando dessa forma a desigualdade (SILVA, 2000). Contextualizando este cenário, podemos observar que o eurocentrismo definiu padrões de acordo com suas teorias, conhecimentos e paradigmas os nomeando como verdade absoluta e inferiorizando a população que se distanciava dos seus ideais, o que culminou na colonialidade do poder, saber e ser. Em síntese, a colonialidade é um resquício do colonialismo: “O Colonialismo é, obviamente, mais antigo; no entanto a colonialidade provou ser, nos últimos 500 anos, mais profunda e duradoura que o colonialismo” (QUIJANO, 2007, p. 93), ou seja, mesmo com o fim da dominância territorial e política dos países europeus, o homem ainda é subalterno do pensamento europeu, a supremacia europeia, considerava os indivíduos da sua sociedade como “seres humanos” e os não-europeus eram considerados “homens selvagens” e estranhos, (SCHWARCZ, 1993). Essa hierarquização, desenvolveu preceitos estabelecidos por uma determinada população, que exclui e inferioriza os indivíduos que partilham costumes e opiniões diferentes desse grupo. Observando essa realidade vigente, é imprescindível a aplicação de uma educação decolonial, afim de ressignificar conceitos e compreender que os padrões pré-estabelecidos para se alcançar superficialmente a identidade de um grupo é um processo desigual e gera hierarquização aos que se afastam desses ideais, utilizando a identidade como ferramenta de poder e exclusão. Dessa maneira, há uma necessidade de valorizar e resgatar as culturas historicamente inferiorizadas, como exemplo a cultura negra, foco do projeto, “possibilitando que as conexões sociais sejam compreendidas a partir dessa dimensão civilizatória, inscritos em nossa memória, no nosso modo de ser, na nossa música, na nossa literatura, na nossa ciência, arquitetura, gastronomia, religião, na nossa pele, no nosso coração.” (TRINDADE, 2005, p. 30). Partindo dessa perspectiva, o campo educacional se torna o local mais propenso a essa ressignificação histórica. Pois, a educação é o ato de ensinar e/ou instruir (QUADROS e ROSA, 2005) e juntamente como o âmbito escolar/acadêmico, um local de transmissão e construção de saberes (FREIRE, 2007), oferecem um espaço de debate, discussão e aprendizado. Sendo assim, a escola se torna um local essencial para a aplicação da pedagogia decolonial. Refletindo esse contexto e ressaltando a necessidade de tornar visível outras lógicas e formas de pensar. O projeto Ressignificando tesouros com o Museu Afro-feirense, propõe trazer esse debate associado ao espaço educativo, onde é possível a dinamização entre o visual (um simples olhar sob determinada obra ou objeto) e a construção de um diálogo. E para atender a esses requisitos, a instituição museal como agente educativo se enquadra nas diretrizes do objetivo do projeto. Com o museu virtual ocasionando o intercâmbio entre real e memória, as discussões acerca da educação decolonial., ganha formas e direções. Dentro nesse aspecto, o projeto visa trabalhar o resgate e a valorização da cultura negra, desmistificando essa identidade europeia citada anteriormente e inserindo os saberes não reconhecidos na história da sociedade, apresentando seções que conscientizem e sirvam de aprendizagem para seus observadores por meios de debates, mesa redonda, animações, palestras e ferramentas audiovisuais. Compreendendo o conceito de museu e observando a importância e necessidade da educação decolonial para a valorização da cultura negra, o projeto visa focar na região de Feira de Santana, a partir desses fundamentos, pois a cidade passou a divulgar recentemente o estudos existentes sobre a presença da escravidão na região, devido ao silenciamento historiográfico feirense sobre esse grupo social, o qual é relatado em registros paroquiais, como matriculas e listas de escravos anexas aos inventários post-mortem, assentos de batismo e registros cartoriais, demostrando a sua carência em exploração e exposição. Portanto, o projeto Ressignificando tesouros com o Museu Afro-feirense, perpassa pela compreensão da identidade de um povo e os reflexos da hierarquização de grupos -que se denominam igualitário e inferiorizam a diferença- ressignificando a história da sociedade por um olhar decolonial. e valorizando o legado da cultura negra, como fonte de saber e conhecimento primordiais a população, com enfoque na região de Feira de Santana, por meio de um “espaço pensante” com ferramentas visuais e audiovisuais, através do museu virtual.
A perspectiva metodológica do projeto Educação DeSCOral: possibilidades afro-brasileiras para a (re)invenção docente está estabelecida nas etapas seguintes: 1 – Curso de Extensão: No primeiro momento o Projeto vai lançar a seleção de 40 pessoas (perfil indicado na população alvo) interessadas em construir o processo formativo docente com ênfase na Lei 10.639/03. O curso será realizado em 60 horas, com encontros quinzenais de 4 horas de duração para cada atividade presencial, perfazendo aproximadamente 8 meses de atividade. Cada encontro será direcionado por um eixo-formativo, dentre eles os conceitos Decolonialidade, Solidariedade, Colonialidade e Oralidade. 2 – Produção do Material Didático: Após as 60 horas do curso de formação os sujeitos envolvidos serão convidados a construir um material didático que traga o trato com os valores afro-brasileiros presentes no município de Feira de Santana. A socialização do dispositivo didático ocorrerá em um evento na UEFS, bem como o compartilhamento na educação básica e nas redes sociais. 3 – Museu Afro-Feirense: A criação do museu na plataforma digital (Instagram) faz parte do plano de pesquisa dos 4 estudantes voluntários da UEFS. Os estudantes voluntários serão convidados a participar do curso de extensão para (re)alimentar as suas concepções sobre as temáticas da Lei 10.639/03. Dessa forma, a construção do museus perpassa pelo processo de investigação e evidenciação do legado afro-brasileiro na constituição societária de Feira de Santana.
Produzir territórios decoloniais de (re)invenções para a formação docente afro-brasileira.
a) Construir um curso de extensão que proporcione aos educadores e educadoras criar articulações entre formação docente e a lei 10.639/03; b) Propor a criação de material didático com os valores civilizatórios afro-brasileiros presentes no município de Feira de Santana e região; c) Criar, em uma plataforma digital, o Museu Afro-Feirense como dispositivo pedagógico e repositório do legado afro-brasileiro presente em Feira de Santana.
Trata-se de um projeto extensionista que busca contribuir para a formação de Graduandos das licenciaturas da UEFS, corpo docente da UEFS e, professores da Educação Básica. Com isso, traçar o presente projeto intenciona convidar para o diálogo sujeitos que estão envoltos no processo educativo e ao mesmo tempo vislumbram caminhos decoloniais 2 de ensino e aprendizagem. Recorremos às elucidações das Epistemologias do Sul, ou seja, a evidenciação de formas e valores de compreender o mundo que estão para além das racionalidades ocidentais e positivistas, as quais historicamente sustentam o pensar, o fazer e legitima a ciência acadêmica, tanto nos centros europeus como nas universidades norte americanas, latinas e asiáticas.

Histórico de movimentação
18-09-2023 20:55:34

Criação da proposta

19-09-2023 09:03:45

Parecer da Câmara de Extensão

Resolução anexa
18-09-2023 21:21:15

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
19-09-2023 09:03:45

Aprovado

Resolução anexa
19-09-2023 09:04:19

Ativo

Homologado na Proex
v1.4.13
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