Dentre as Geociências, destacaremos neste projeto, a Geologia, a Paleontologia e a Pedologia. São essas matérias que lidamos diariamente e que, ao longo de nossa experiência, percebemos a necessidade de divulgá-las mais extensivamente, para que a população em geral possa perceber o quanto elas são importantes e fazem parte do nosso dia a dia. Em relação à Geologia, desde a pré-história, que os seres humanos têm utilizado o reino mineral em suas atividades, seja como instrumentos de caça, ou como adornos, ou ainda de forma mítica para exaltar as suas crenças. As antigas civilizações também tiveram, ao longo de seus domínios, um histórico de uso de metais, tanto para utensílios, como para instrumentos de guerra. O cobre nativo, por exemplo, foi provavelmente o primeiro metal a ser utilizado pelos humanos. Acredita-se que o uso do cobre remonta ao Neolítico, por volta de 8.000 anos, embora uma maior diversidade de registros esteja ligada à civilização egípcia, há 4.000 mil anos, como a confecção de utensílios domésticos, adornos para vestimentas e coroas (BONEWITZ, 2012). Atualmente, a Geologia está presente no cotidiano das pessoas, mesmo que elas não se deem conta disso. O mineral talco, por exemplo, é utilizado para a fabricação de cosméticos, já o quartzo é um mineral que pode ser utilizado desde a fabricação do vidro, até a retirada do silício para a fabricação de microchips presentes em eletrônicos, tais como celulares e laptops (LIMA, 2022). Muitos minerais são utilizados como pedras preciosas e ainda, muitos outros, na constituição de ligas metálicas usadas para a fabricação de uma infinidade de produtos. A Geologia tem também, desempenhado outros importantes papéis para a sociedade, seja na exploração de bens minerais, tais como ferro, níquel e o ouro, seja na prevenção e mitigação de riscos geológicos, tais como deslizamentos de terra e terremotos, ou ainda, nos estudos de base para a construção de grandes hidrelétricas, que levam energia elétrica para grande parte da população brasileira. Vale ressaltar, que se você está lendo esse texto agora em um tablet, laptop ou celular, saiba que a bateria do seu aparelho tem como base o lítio, que tem sua exploração iniciada, a partir de estudos geológicos. Em relação à Paleontologia, sabemos que a vida na Terra surgiu a aproximadamente 3,8 Bilhões de anos e ao longo desse tempo ficaram preservados, principalmente no registro rochoso, restos e/ou vestígios de organismos que viveram no passado, os fósseis. A Paleontologia é a ciência que se dedica ao estudo dos fósseis, mas também em estudar como a vida e os ambientes evoluíram de maneira muito imbricada ao longo do tempo. Por isso a Paleontologia guarda estreitas relações com a Biologia e a Geologia, além de ser uma ciência bastante interdisciplinar, apresentando correlações com outras ciências, como a química, física, as ciências ambientais e a matemática. Compreender como eram os organismos do passado, como a vida evoluiu, como eram os ambientes e ecossistemas do passado e quais modificações ocorreram ao longo do tempo são alguns dos objetivos do estudo dos fósseis. Assim, todo o conhecimento que se tem hoje sobre essas formas de vida do passado, principalmente de diversas espécies extintas, é baseado no achado e estudo de fósseis (SCHER et al., 2016). A despeito do riquíssimo patrimônio fossilífero do Brasil, existe um grande distanciamento entre o que se produz na pesquisa paleontológica dentro das universidades e o que alcança a sociedade em geral. Com isso, boa parte da população desconhece a Paleontologia e sua importância (SCHER et al., 2016). Por isso projetos e ações extensionistas que possibilitem a aproximação com o estudo dos fósseis e que demonstrem a importância dessa ciência de caráter histórico tem grande relevância, para a difusão desses conhecimentos e também para a preservação do patrimônio paleontológico. A Paleontologia, vista a partir de uma ótica educacional, tem um importante papel a cumprir, seja contribuindo na geração e disseminação do conhecimento, auxiliando na compreensão de processos e fenômenos naturais ou colaborando para a formação de cidadãos críticos e atuantes dentro da sociedade (SCHWAKE e SILVA, 2010). Os solos, por sua vez, são os objetos de estudo da Pedologia, que dentre as ciências do solo se dedica a estudar o solo em seu contexto básico e essencial, desde a sua origem até a sua classificação, por exemplo. Os solos são o produto da ação simultânea e integrada do clima e organismos sobre um material de origem (geralmente rochas) em uma determinada condição de relevo ao longo do tempo. É possível afirmar que toda a vida do planeta, considerando-o como um grande ecossistema, depende direta ou indiretamente dos solos e por isso é tão importante compreender os processos físicos, químicos e biológicos que envolvem a sua formação e transformação ao longo do tempo. Estudar e ampliar as discussões sobre solos é fundamental também para a sua preservação, uma vez que as atividades humanas sempre estiveram associadas aos mais diferentes usos do solo. As mais antigas cidades na história da humanidade se estabeleceram pela prática da agricultura e criação de animais, como aconteceu no antigo Egito, na Mesopotâmia entre outras civilizações. Boa parte das atividades humanas ocorrem e dependem desse importante recurso não renovável. Além da produção de alimentos, os solos são a base da construção civil, armazenam água e abrigam uma diversidade imensurável de organismos que participam da complexa teia alimentar do planeta. Embora os solos estejam em todos os lugares e todos tenham familiaridade com eles, é comum que as pessoas não os percebam, não os conheçam e não os valorizem, até mesmo pelo fato de eles estarem abaixo de nossos pés. Os solos não são reconhecidos pelo papel que desempenham na manutenção da vida sobre a Terra e na conservação da biodiversidade, e são ainda menos percebidos e valorizados em seu papel na vida humana (APARIN e SUHACHEVA, 2002 apud MUGLER, 2017). Considerando os ambientes formais de educação, tanto no ensino superior quanto na educação básica, essa desvalorização dos solos se reproduz, pois os conteúdos relacionados ao tema têm papel secundário (MUGLER, 2017). Dessa forma, dada a suma importância dos solos para a vida no planeta, se faz necessário ampliar as discussões sobre esse recurso findável em todos os espaços de educação formal e não formal. Acredita-se que a difusão dos conhecimentos associados às geociências por meio de mídias digitais, livros, catálogos, oficinas e rodas de conversa, sejam excelentes ferramentas de popularização da Geologia, Paleontologia e Pedologia. O fomento e ampliação de discussões sobre os recursos naturais e as geosferas do planeta também deverão contribuir para formação de cidadãos mais conscientes do ponto de vista socioambiental.

Diante do exposto acima, propomos alguns passos metodológicos para que possamos atingir os objetivos propostos: - Divulgação e alimentação de conteúdos nas mídias sociais; - Visitas em escolas com a realização de rodas de conversas e oficinas pedagógicas; - Elaboração de vídeos didáticos envolvendo temas como: a importância e usos de minerais e rochas, fósseis e sítios paleontológicos, formação dos solos, identificação/classificação de solos, recursos naturais, entre outros; - Elaboração de trilhas virtuais pedagógicas para o aprendizado de geociências, destacando os aspectos físicos, tais como, minerais, rochas, morfologia do relevo e aspectos ambientais; - Realização de visitas virtuais em museus de Geologia e Paleontologia; - Identificação e registro fotográfico de minerais, rochas e fósseis, além de estruturas de solos para composição de catálogos didáticos; - Elaboração de livros e catálogos com linguagem de amplo acesso, envolvendo temas ligados à Geologia, Paleontologia e Pedologia.

Disseminar as Geociências em espaços de educação formal e não formal, através de mídias sociais, publicação de livros didático/ilustrativos e a realização de atividades teórico/práticas, com vistas a atingir o público em geral.

- Criar perfis em mídias sociais visando a divulgação de conteúdos ligados à Geologia, Paleontologia, Pedologia e áreas afins; - Realizar trabalhos de campo com o intuito de gerar conteúdos para divulgação nas mídias sociais; - Elaborar livros e/ou catálogos fotográficos e guias sobre as temáticas vinculadas às Geociências, em linguagem acessível ao público em geral; - Elaborar e Realizar oficinas e rodas de conversas sobre Geociências em espaços de ensino formal e não formal; - Adquirir e catalogar novos materiais para os laboratórios de Geologia, Paleontologia e Pedologia.

Nas últimas duas décadas ocorreram no Brasil muitas alterações no conteúdo programático da educação básica e no formato de ensino, suprimindo temas ligados às ciências naturais e, particularmente, às geociências. Enquanto professores universitários nós percebemos essa deficiência entre os discentes. Somado a isso o fenômeno das redes sociais têm atraído cada vez mais o público em geral, atingindo especialmente o jovem. Entretanto, se tratando de ciência verificamos que muitos dos conteúdos gerados trazem informações de baixa ou nenhuma qualidade. Também deve-se destacar que houve uma mudança de hábitos entre os estudantes, que leem cada vez menos e buscam informações de acesso rápido em sites de busca, ferramentas de inteligência artificial e mídias sociais. Outra tendência atual é que essas ferramentas simplificam e, algumas vezes, distorcem os mais diversos conteúdos. A distorção criada ao longo desse processo dificulta o desenvolvimento do pensamento crítico, o que tem afetado negativamente o processo de ensino/aprendizagem dentro da Universidade. Considerando que essa é uma nova demanda social, busca-se minimizar os efeitos deletérios da ampla divulgação de informações de baixa qualidade, através de um projeto de extensão universitária. Adicionalmente, destacamos que os proponentes do projeto são professores universitários com experiência nas áreas de conhecimento propostas no projeto. Para além da divulgação de conteúdos com qualidade científica em redes sociais, estamos propondo a elaboração de livros e catálogos com linguagem acessível, visando a ampla divulgação. Além disso, acredita-se que a realização de atividades teórico/práticas em espaços formais e não formais de educação contribuirão para a formação de cidadãos críticos facilitando o processo de ensino/aprendizagem.