Programa de articulação da Saúde Mental em diferentes contextos sociais e ciclos de vida #204

Coordenador:
Dailey Oliveira Carvalho
Data Cadastro:
09-02-2024 15:53:09
Vice Coordenador:
Ohana Cunha do Nascimento
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
Dailey Oliveira Carvalho
Tipo de Atividade:
Programa
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
26/02/2024 - 30/12/2028
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Área de Vigilância à Saúde,

Resolução Consepe 052/2024
Processo SEI Bahia 07135412024000489618
Situação Ativo
Equipe 5

Este programa tem como objetivo analisar agravos e fatores de risco associados ao processo saúde-doença mental nos diferentes ciclos de vida. Trata-se de um Programa que envolve articulação com projeto de extensão e de Pesquisa que visam o fortalecimento dos pilares que sustentam a Universidade Pública, oferecendo para a comunidade acadêmica e não acadêmica impactos diversos na prevenção, promoção e recuperação diante de problemas relacionados à saúde mental. A proposta terá significativa contribuição social a partir de abordagem científica e inclusiva, abrangendo diversas populações em suas singularidades.
A vulnerabilidade se constitui a partir das diversas carências, tanto de informações quanto uma despreocupação com as pessoas expostas ao perigo, sem contar a inacessibilidade aos serviços básicos e a falta de confiança na sustentação de estratégias de saúde. Portanto, a vulnerabilidade social envolve a precariedade em diferentes segmentos considerados como questões de organização política, etnia, orientação sexual, dentre outras (Moraes et al., 2010). Neste ínterim, a saúde mental se apresenta como um aspecto de importância singular na concepção de vulnerabilidade, como consequência da compreensão de um modelo de saúde pautado na determinação social da saúde. Assim, é preciso pensar que as diversas populações, expostas às mais variadas circunstâncias, precisam ser vistas e cuidadas para além de um olhar paradigmático, mas sob a ótica da prevenção e promoção diante das necessidades observadas e passíveis de intervenção. A promoção da saúde mental se constitui em uma das prioridades contemporâneas, e está nos compromissos dos objetivos de desenvolvimento sustentável, o que pode ser constatado através de estudos recentes que apontam que distúrbios como depressão, ansiedade generalizada e fobia social são problemas de saúde pública no Brasil, impactando diretamente na economia do país (Oliveira et al., 2019). A promoção da saúde mental nos diferentes ciclos de vida faz-se crucial para a manutenção de uma sociedade saudável e produtiva. Destaca-se assim, a educação em saúde como uma estratégia eficaz e oportuna para promover a saúde mental, por reunir conhecimentos científicos e empíricos que promovem a autonomia dos indivíduos e da comunidade. Nesse cenário, as ações de extensão universitária, que se constituem em fatores imprescindíveis para impactar e transformar a sociedade, atuam como articuladora entre pesquisa e ensino, de modo que os três pilares universitários possam colaborar com alternativas que auxiliem as demandas da comunidade (De Deus, 2018). Dado o exposto, estruturar um programa de pesquisa e extensão com foco na saúde mental prescinde de elencar grupos a serem estudados com vistas a identificar os principais agravos e necessidades tendo como principal temática a prevenção e promoção de saúde mental, pois os transtornos tendem a surgir de situações de desconforto, exaustão e sofrimento e levam a situações de exclusão e exílio.Tais problemas, como Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), depressão, Síndrome de Burnout, distúrbios alimentares, entre outros, possibilita a criação de um estigma dentro da sociedade acadêmica e além campus que colocam o indivíduo em situação vexatória, contribuindo para a piora desses transtornos (Querido et al., 2020). Dessa forma, a criação desse Programa urge como uma demanda de permanência estudantil e política de saúde para a comunidade externa, tendo em vista que o desenvolvimento dessas disfunções de saúde tendem a vulnerabilizar o indivíduo e não oferecer condições minimamente necessárias para continuar a graduação, desenvolver seu trabalho corretamente, comunicar-se com a sociedade e manter relações interpessoais amigáveis (Del’olmo, 2017). Dentre eles, destaca-se o sofrimento psíquico, que é tratado socialmente como um problema a ser enfrentado pela ciência médica. Dessa maneira, é rotulado de diversas formas ao longo da história: como loucura, alienação, doença mental, transtorno mental e sofrimento psíquico. Essas pessoas, encontram-se em uma condição especial de vulnerabilidade, tornando-se facilmente sujeitas a ofensas, ataques ou ferimentos justamente por enfrentar restrições pela sociedade, sendo consequentemente marginalizadas (Del’olmo; Cervi, 2017). Por conseguinte, os transtornos mentais fazem parte de uma grande gama de manifestações, tendo como característica uma combinação de pensamentos, percepções, emoções e comportamentos anormais, afetando o convívio social do indivíduo e suas relações interpessoais. Sua incidência vem aumentando significativamente, por conseguinte, impactando nas esferas econômicas, sociais e no que diz respeito também aos direitos humanos. Entre os mais comuns se destacam: depressão, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia, demência, transtornos do desenvolvimento, entre outros (OPAS, 2023). 4.1 A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS A saúde mental dos estudantes universitários têm ganhado destaque crescente e se tornado objeto de estudo de muitas pesquisas no meio acadêmico. O processo de adaptação a essa nova realidade tem causado anseios e sofrimento que ainda apresentam lacunas quanto a suas reais causas. O estudo de Padovani e outros (2014) aponta, nos últimos anos, uma taxa mais alta de prevalência de sintomas de ansiedade e depressão na população universitária do que na população geral. Uma pesquisa realizada sobre o perfil socioeconômico dos estudantes de universidades federais aponta que 58,36% do total dos estudantes indicaram sofrer de ansiedade; 44,72% relataram desânimo/falta de vontade de fazer as coisas; 32,57% têm insônia ou apresentam alterações significativas de sono; 22,55% relataram sentir desamparo/desespero/ desesperança e 21,29% sentimentos de solidão (Fonaprace, 2014). Somadas a essas dificuldades, também foram descritos problemas, como: alimentares (13%), medo/pânico (10,56%), ideia de morte (6,38%) e pensamento suicida (4,13%). O ingresso no ensino superior faz parte do desejo de muitos indivíduos, diante de um mercado cada vez mais exigente quanto a qualificação profissional e competitivo, o que contribui no aumento de chances e oportunidades de inserção no mercado de trabalho. A causa do sofrimento mental dos estudantes universitários pode estar associada a demandas características do contexto de ingresso na universidade, como a necessidade de adaptação relacionada à moradia, ao suporte social, à autonomia, às exigências relacionadas ao conteúdo abordado nas disciplinas, entre outras (Padovani et al., 2014). Os Gestores e professores das universidades têm demonstrado preocupação em relação à alteração de comportamento e desequilíbrio emocional manifestados como sofrimento mental nos estudantes, além de muitos estudos nacionais e internacionais que apontam grande incidência de insucesso acadêmico dos alunos, manifestada de diversos modos, como baixas classificações, absenteísmo, mudanças de curso e abandonos (Oliveira; Dias, 2014; Withey; Fox; Hartley, 2014). Muniz e Garrido (2021) referem que esse novo ambiente pode afetar de forma expressiva a qualidade de vida dos estudantes por ser um ambiente permeado de atividades e compromissos que influenciam diretamente na vida diária, interferindo nos hábitos alimentares, na qualidade do sono, e no bem-estar físico e psíquico. Além disso, as cobranças institucionais, familiares e sociais no rendimento desse aluno no âmbito acadêmico também parecem contribuir para o sofrimento mental, estando relacionado à dedicação exaustiva para as atividades acadêmicas e ao afastamento da vida social com familiares e amigos. Faz-se necessário realização de pesquisas e atividades de extensão com a população universitária como forma de apoiar essa fase de transição para a vida acadêmica, que parece ser uma experiência potencialmente estressora para jovens estudantes e que pode influenciar no modo como eles aproveitarão as oportunidades oferecidas pela universidade, tanto com relação à formação profissional quanto ao desenvolvimento psicossocial. Muitos estudos sobre essa temática identificam as principais dificuldades encontradas pelos estudantes ou sintomas por eles apresentados, destacando, principalmente, a ocorrência de Transtornos Mentais Comuns (TMC), como ansiedade, estresse e depressão. Tais dados são essenciais para o conhecimento da realidade dessa população e para problematizar o fenômeno em questão, porém, não descrevem como são feitas as intervenções para amenizar ou solucionar tal situação, além de não caracterizarem as estratégias que os estudantes necessitam desenvolver para manejarem adequadamente tais situações (Sahão; Kienen, 2021). Os TMC são caracterizados como transtornos somatoformes, mais exteriorizados por sintomas de ansiedade e de depressão, em que a sintomatologia constitui-se de insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas. Inicialmente não necessitam de tratamento psiquiátrico, mas as suas repercussões estão relacionadas ao impacto socioeconômico causados, principalmente pelos prejuízos no rendimento nas atividades de vida diária e aos dias de trabalho perdidos e devido ao aumento da procura de seus portadores pelos serviços de saúde (Carlotto, 2015). 4.2 SAÚDE MENTAL NOS CICLOS DE VIDA De acordo com Uri Bronfenbrenner e Morris (1998), o modelo ecológico pode construir uma noção conceitual e estrutural, utilizando-se da compreensão de dimensões, a saber: a pessoa, processo, contexto e tempo. No que diz respeito à Pessoa observa-se que a mesma é aquela que carrega o seu potencial biológico que se conecta com características do ambiente, sendo, então, um produto desta interação. O Processo se constitui como elemento protagonista para a observação da interação entre o organismo e o ambiente ao longo do tempo. O sujeito, a partir de então, está engajado em alguma atividade em que seus sentidos são estimulados, atenção, exploração, manipulação e posterior aquisição de habilidades e diversas concepções de domínio de comportamento (Martins; Szymanski, 2004). Em relação ao Contexto, quatro aspectos são referências fundamentais para o entendimento da dinâmica do desenvolvimento comportamental da adolescência: microssistema, mesossistema, exossistema e o macrossistema, exemplificados da seguinte forma - o primeiro é representado pela face individual, no qual se identificam os fatores intrínsecos e biológicos, interações e motivações desempenhadas nos lares, creches, escolas; o segundo nível denota as relações com familiares, amigos, relações íntimas e explora como a rede se amplia a partir de diversos microssistemas; o terceiro nível visualiza a comunidade, no seu âmbito social, escolas, lugares vizinhos (bairros); o quarto nível é o conjunto de convicções, valores e modos de agir (WHO, 2002; Martins; Szymanski, 2004). O Tempo é compreendido como eventos históricos que alteram a dinâmica da pessoa em relação às variáveis do ambiente. As transições sociais e biológicas são construções importantes do ponto de vista da alteração de papéis, comportamentos e percepção de si e do ambiente (Bronfenbrenner; Morris,1998). Estes construtos são bases elementares para este estudo, tendo em vista a clareza com a qual se constrói as relações dos sujeitos nas várias dimensões e como as interações são significativas para a compreensão das variáveis associadas à saúde mental dos sujeitos. 4.2.1 Infância Erickson (1976) detalha que os primeiros 24 meses de vida são determinantes nas relações de confiança que se estabelecem nas relações posteriores, ou seja, se a criança não se sentir amada incondicionalmente nesta fase, ela tenderá a se sentir insegura, e a descoberta do novo mundo trará ansiedades. O quinto estágio do desenvolvimento é a adolescência, proposta por ele como a crise da Identidade, de modo que se constitui enquanto fase de exploração de elementos da sua vida, bem como as habilidades construídas e aspirações futuras. Diante da abordagem anterior sobre a família, importância e construção de uma base segura, concebe-se que a teoria do Apego ainda se conforma como fundamental para a compreensão de como a criança se desenvolverá internamente diante da sua capacidade de perceber os vínculos constituídos com as figuras parentais de referência. As vivências na infância serão manifestadas, posteriormente, a partir de crenças e expectativas constituídas sobre si, com significado importante para a personalidade em formação (Furman et al., 2002). Assim, o modelo funcional apreendido no contexto familiar se relaciona à forma como a criança reproduzirá, na adolescência e fase adulta, a forma como se percebeu cuidada: caso tenha recebido apoio, suporte e foi valorizada, apresentará senso de autoconfiança, boa autoestima, autonomia e bons relacionamentos; em condição contrária, na falta de suporte e acolhimento, sentimentos de abandono, rejeição, baixa autoestima serão norteadores negativos das relações e comportamentos que se manifestarão nas fases seguintes (Collins, 1996; Fonagy; Target, 1997; Bretherton; Munholland, 1999). Nesse interim, os contextos de famílias abusivas implicam em adaptação infantil de modo rígido, inapropriado e pobre, sendo desafiadora a constituição da confiança nas relações de apego e, por consequência, ocorrerá modificação em todos os comportamentos do ciclo vital (Fonagy; Target, 1997; Pietromonaco; Barrett, 1997). 4.2.2 Adolescência No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) nomeia os indivíduos entre 12 e 18 anos como adolescentes (Brasil, 1991). De acordo com Papalia e Feldman (2013), a adolescência é uma construção social, sendo definida como um estágio da vida no século XX nas sociedades ocidentais, podendo assumir formas diferentes a depender da cultura e sociedade. Sob a abordagem Freudiana, a adolescência se configura como uma missão dual com necessidade de inclusão simultânea da escolha de um objeto sexual e a tentativa de separação da família, na perspectiva de expansão da autonomia e a aquisição de competências sociais (Viola; Vorcaro, 2018). Existem alguns problemas de saúde específicos que de acordo com a literatura marcam essa fase do desenvolvimento. Dentre esses encontram-se os relacionados à forma física, necessidade de sono - há a incidência da privação de sono voltada à exposição a tecnologias luminosas, mas também fatores biológicos como a secreção do hormônio da melatonina durante a noite-, transtornos de alimentação- a preocupação com a imagem corporal, principalmente entre meninas, pode resultar em um esforço repetitivo para perder peso-, abuso de drogas - há grande incidência do uso e abuso do álcool e outras drogas no período da adolescência- , depressão - a prevalência de depressão aumenta durante a adolescência (Papalia; Feldman, 2013). A experienciação da adolescência e o ser adolescente, enquanto uma fase do desenvolvimento, assim como das questões de saúde supracitados vão variar de acordo com o gênero, a cultura, assim como condições socioeconômicas e culturais Peter Blos (Blos, 1968) configura a adolescência como etapa marcada pelo distanciamento entre a maturidade biológica e a psicológica, tomando por base que o desenvolvimento adequado perpassa a integração dessas dimensões existenciais, de modo que o fim da adolescência é marcado pela conclusão do caráter e aquisição de personalidade. Além disso, a adolescência ainda é vista como um período de vulnerabilidade para a construção da personalidade, com altas probabilidades de condutas não assertivas, inapropriadas para enfrentamento de questões internas e externas. Vale ressaltar que a exposição aos fatores de risco ambientais e contextuais (sociais e familiares), não podem ser analisados de maneira isolada, uma vez que é muito mais frequente a atuação de mais de um evento simultâneo na condução da vida dos sujeitos. A exemplo disso, destaca-se a condição socioeconômica que interfere diretamente na forma como os pais conduzem a educação dos filhos e como as tarefas são desempenhadas a partir dos papéis e funções familiares que se estabelecem, constituindo-se como elemento de fundamental importância para o desenvolvimento da criança (Bastos et al., 1999; Morais; Koller; Raffaelli, 2010). Diante da concepção das distintas vulnerabilidades na adolescência, é necessário que se observe a distinção individual também sob a perspectiva de gênero, uma vez que se faz importante desconstruir as generalizações sobre o conceito/condição adolescência por serem fruto de um ponto de vista baseado na cultura do senso comum, que visualiza o adolescente pelo simples aspecto fisiológico com capacidade adquirida de procriar (Lírio, 2012). Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), crianças e adolescentes compõem, respectivamente, 30% e 14,2% da população mundial. Isto implica que aproximadamente metade da população mundial encontra-se em fase de vulnerabilidade social, cultural, psicológica, sexual, entre outras, que vêm coadunar com a necessidade de estudar fenômenos que envolvem crianças e adolescentes, uma vez que os avanços necessários nesta área não estão disponíveis para a grande maioria dos 2,2 bilhões de crianças e adolescentes do planeta, sobretudo em países de baixa e média renda (Kieling, 2012). 4.2.3 Adulto A transição para o início da vida adulta inicia-se em meados dos 20 anos de idade, e a vida adulta intermediária em termos cronológicos condiz com as idades entre 40 e 65 anos (Papalia; Feldman, 2013). De acordo com Papalia e Feldman (2013), a vida adulta e os caminhos pelos quais cada indivíduo irá transitar para tal, serão influenciados por fatores como: gênero, capacidade acadêmica, primeiras atitudes em relação à educação, raça, etnia, as expectativas construídas no final da adolescência e a classe social. Ou seja, a história de vida e fatores psicossociais tenderão a configurar o modo de ser e estar de um jovem que está transicionando para a vida adulta. Existem alguns marcos normativos da vida adulta, o que não implica em dizer que os mesmos são estáticos, mas de acordo com Papalia e Feldman (2013), servem como uma caracterização de que o ser humano está sempre a mudar e se desenvolver durante toda a vida (Papalia; Feldman, 2013). Dentre alguns marcos da vida adulta, pode-se destacar “[...] deixar a casa de infância para entrar na universidade, para trabalhar, para ingressar no serviço militar; desenvolver amizades novas e mais íntimas e relacionamentos afetivos [...]” (Arnett, 2000, 2004; Scharf; Mayseless; Kivenson- Baron, 2004 apud Papalia; Feldman, 2013, p. 490). Pontua-se, contudo, que tais marcos tendem a se alterar e variar em termos de tempo cronológico a depender da sociedade, cultura e condições socioeconômicas os quais o indivíduo esteja inserido. Na Idade Adulta Intermediária, alguns aspectos da saúde física e emocional tendem a emergir nessa fase do desenvolvimento. A saber doenças como a hipertensão e a diabetes, acomete em grande escala pessoas da meia idade, além de que o estresse é frequentemente maior nessa fase, devido a questões práticas (Papalia; Feldman, 2013). Estudos apontam que os transtornos mentais envolvem as dimensões econômica, social, política e cultural e se expressam de maneira diferente nas classes sociais e nas relações de gênero, além de ser um campo em permanente construção e marcado pela heterogeneidade e pluralidade (Ludemir, 2008; Rinaldi, 2015). A desigualdade dos transtornos mentais entre homens e mulheres pode ser percebida na expressão social em que se manifestam nas diferentes classes sociais, o que tem fomentado a investigação das desigualdades em saúde por pesquisadores preocupados com a epidemiologia da doença mental (Macintyre, 1986). Alguns investigadores relacionam a classe social com o risco de desenvolvimento de transtorno psiquiátrico. E de acordo Quadros et al. (2016), tais transtornos se expressam de maneira diferente e envolvem as dimensões econômica, social, política e cultural. 4.2.4 Idoso Segundo o Ministério da Saúde, é considerado idoso o cidadão que possui 60 anos ou mais (Brasil, 2009). O número de pessoas dessa faixa etária vem crescendo nos últimos anos, em especial nos países que possuem maior desenvolvimento, e estima-se que esse número venha a crescer cada dia mais. Assim como as outras fases da vida, a adulta tardia também é configurada enquanto uma construção social, de acordo com a cultura a qual se inscreve. No Brasil, assim como em outras culturas ocidentais, a velhice é carregada de estereótipos, como o de que idosos são incompetentes. “Especialistas no estudo do envelhecimento algumas vezes se referem às pessoas da faixa entre 65 e 74 anos como idoso jovem, aos de 75 como idoso, e aos acima de 85 anos como idosos mais velhos” (Papalia; Feldman, 2013, p. 601). No entanto, os mesmos autores referem que tais termos tornam-se mais úteis quando se trata de idade funcional, que tende a se mostrar contínua em idades bem mais avançadas, principalmente com o investimento em um envelhecimento ativo e com qualidade de vida. O termo "Envelhecimento Ativo" é utilizado para descrever o processo natural de tal processo, o que acontece com autonomia, segurança, dignidade, bem estar, saúde, Independência e reconhecimento de direitos (França; Murta, 2014), o que deve ser encarado de uma forma que se reconheça as limitações adquiridas ao longo dos anos. Entretanto, torna-se mais fácil o desenvolvimento de quadros psiquiátricos nessa faixa etária, como por exemplo o estado depressivo, seja ele desenvolvido durante a velhice ou acompanhado desde a juventude e não tratado previamente. Tal patologia deve ser encarada com sua devida relevância pois a incidência nessa população é significativa, podendo até mesmo elevar os quadros de mortalidade (Andrade et al., 2010). Com base nos resultados de alguns estudos, são recomendadas ações transversais claras para prevenir e promover a saúde mental em populações mais velhas e aumentar as contribuições da ciência, do estado, da sociedade, das famílias, das comunidades, dos profissionais de saúde e das entidades públicas e privadas (França; Murta, 2014). Infere-se, portanto, no que diz respeito às medidas deste projeto de extensão para promoção de Saúde Mental em adultos e idosos, principalmente com um foco em docentes e discentes da UEFS, a necessidade de ressaltar a falta de tecnologias assistivas para a terceira idade, além da ausência de programas de interação social de exercícios físicos, atividades extracurriculares e dinâmicas como os que já foram sobreditos no presente projeto. Dessa forma, visando o cumprimento das prescrições constitucionais do SUS, referentes à emergência do direito à saúde, o cumprimento do presente Programa e a tentativa de remediar os danos causados pelo contexto da pandemia a essas pessoas, reforçamos a necessidade do cuidado com a saúde mental dos indivíduos em questão. 4.2.5 Pandemia e as implicações na Saúde Mental Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, iniciaram-se os primeiros casos do que foi anunciado, em 30 de março de 2020, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causa da doença denominada Coronavirus Disease 2019. A transmissão de uma doença tão contagiosa ocorreu rapidamente e consequentemente, a rápida disseminação de informações também, o que gerou a superabundância de informações e de propagandas, vídeos e notícias inconsistentes e sensacionalistas que causaram pânico e medo e acarretam problemas psicológicos, como ansiedade, fobia, crises de pânico, depressão, irritabilidade, entre outros problemas em adultos e idosos. Dado a confirmação de transmissão comunitária da COVID-19, e com o aumento do número de casos de infecção e óbitos, houve a necessidade de reduzir a mobilidade e evitar aglomerações de pessoas, levando a restrição de contato social voluntário em casa para as pessoas principalmente as com 60 anos ou mais, e que apresentam ou não comorbidades, por tempo indeterminado na maioria das cidades brasileiras. Diante desses dados, são evidentes as alterações de comportamento entre adultos e idosos no contexto da pandemia, gerando impactos que podem inclusive hospitalizações, resultando em uma acelerada perda de massa muscular e redução da força devido ao desuso (por exemplo, repouso no leito e atividade física reduzida) (Phillips; Glover; Rennie, 2009; Wall; Dirks; Van Loon, 2013). Os benefícios do exercício regular para o sistema nervoso, ajuda a manter a função cognitiva (Lautenschlager et al., 2008) e possivelmente também os números de neurônios motores controlando os músculos das pernas (Power et al., 2010, 2012) melhorando o equilíbrio e coordenação para reduzir o risco de quedas (Clemson et al., 2019; Franco; Pereira; Ferreira, 2014; Coswig et al., 2020). Em adultos mais velhos, a atividade física que também pode acontecer no tempo livre, no deslocamento, no trabalho ou estudo e nas tarefas domésticas, confere benefícios para o seguintes resultados de saúde: melhoria da mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença cardiovascular, hipertensão incidente, incidente cânceres específicos do local, incidente de diabetes tipo 2, saúde mental (redução dos sintomas de ansiedade e depressão), saúde cognitiva e dormir; as medidas de adiposidade também podem melhorar. Além disso, a atividade física ajuda prevenir quedas e lesões relacionadas com quedas e declínios na saúde óssea e capacidade funcional (Pública; Atividade, [s.d.]; WHO, 2020). No contexto de Pandemia, essas atividades ficaram sem realização por grande parte de adultos e idosos devido ao isolamento, o que aumentou os dados das doenças supracitadas e grandes problemas na comunicação social e um comprometimento físico e cognitivo dos cidadãos, dado que ficaram impedidos de executar diversas atividades. A compreensão da importância do desenvolvimento de pesquisas e projetos dentro da Universidade se faz necessária como retorno social para conscientizar, nesse caso, acerca dos problemas de saúde que podem vir a ser desenvolvidos pela comunidade já mencionada anteriormente. Sendo assim, a partir da vivência dos professores e alunos e relatos presenciados, percebe-se a necessidade de elaboração de um programa com foco na saúde mental, haja vista que após o período de pandemia as doenças psíquicas cresceram exponencialmente.
Trata-se de uma proposta de um projeto de extensão da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) em parceria com a Escola Estadual Governador Luis Viana para implantação de um programa de articulação da Saúde Mental em diferentes contextos sociais e ciclos de vida. Preconiza-se a abordagem centrada no estudante de graduação e de nível médio que esteja devidamente matriculado e frequentando as atividades acadêmicas e escolares, respectivamente, nos docentes e servidores técnicos da UEFS, além de professores da rede pública de ensino, tendo como lastro filosófico a Teoria das Relações Interpessoais, de Hildegard E. Peplau, que considera a pessoa em sua capacidade de participar na construção de um mundo melhor para si e para todos, desenvolvendo o autocuidado e o pensamento coletivo de responsabilidade social no âmbito da saúde em seu conceito ampliado, reconhecendo a universidade como espaço de construção desses valores. Os bolsistas e docentes do Programa, convidarão as pessoas referentes aos grupos para momentos específicos, os quais poderão participar de forma espontânea e conforme a sua disponibilidade e interesse, podendo desistir a qualquer momento da atividade. As atividades desenvolvidas atribuídas a cada membro da equipe de atendimento incluem: Bolsista: • Convite para participação nas atividades através de card informativos e divulgação entre grupos de whats app e Instagram; • Organização de palestras e oficinas em diferentes momentos, conforme grupos do projeto; • Levantamento dos assuntos de interesse dos participantes para planejamento de atividades; • Aprazamento das atividades; • Estudo de grupo com temas pertinentes à realidade da saúde mental em diferentes contextos sociais e ciclos de vida e escolhidas por eles; • Encaminhamento de situações necessárias para os serviços de saúde da UEFS e os serviços de referência da rede básica do município, conforme protocolo da Secretaria Municipal de Feira de Santana e fluxograma de atendimento em saúde mental da UEFS, a depender do grupo participante. Tutor acadêmico • Supervisão docente-assistencial das atividades propostas pelos bolsistas. Área de atuação Este projeto será realizado no município de Feira de Santana, no interior da Bahia, localizada a 108 km da capital Salvador. É a cidade-sede da Região Metropolitana de Feira de Santana e encontra-se localizada no centro-norte baiano, com população de 556.642 habitantes, conforme último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge, 2010), e população estimada de 624.107 habitantes, em 2021. Será desenvolvida na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), que teve sua origem a partir da Faculdade Estadual de Educação de Feira de Santana, na década de 1970, criada sob a denominação de Fundação Universidade de Feira de Santana (FUFS), posteriormente transformada em autarquia pela Lei Delegada nº 12/80 (30/11/1980), passando a possuir a denominação de Universidade Estadual de Feira de Santana. Foi instituída pelo Decreto Federal nº 77.496 (27/04/1976) e teve seu campus instalado às margens da BR 116 Norte (Bahia, 2019). Também terá o Colégio Estadual Governador Luiz Viana Filho, localizado no bairro Cidade Nova, em Feira de Santana, como parceiro das atividades com os estudantes e professores escolares, pertencentes aos grupos II e IV, respectivamente. Fundado em 1970, a unidade conta com alunos distribuídos nos três turnos, no Ensino Fundamental 2, Ensino Médio Regular e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Áreas prioritárias de ação • Identificação dos casos de sofrimento mental, através de dinâmicas de acolhimento e escuta qualificada dos participantes, com intervenção do docente; • Promoção da saúde mental através de oficinas de interação; • Saúde Mental, incluindo prevenção do uso/abuso de substâncias psicoativas; • Realização de eventos científicos com temas relacionados à saúde mental, como prevenção do suicídio, ansiedade, depressão; • Práticas Integrativas e Complementares; • Educação em Saúde – a partir das sugestões dos adolescentes e funcionários das instituição, elaborar a programação de palestras e oficinas sobre saúde; • Promoção da Saúde – juntamente com os adolescentes, planejar gincanas de saúde, feiras de saúde, jogos, passeios, pic-nic, visitas culturais etc. • Construção de recursos para saúde – quebra-cabeça, palavra cruzada, dominó da saúde, jogo da memória etc. Estratégias metodológicas implementares 1) Construção do Diagnóstico de Saúde da instituição da UEFS e do Colégio Governador Luiz Viana Filho; Princípio geral: utilizando o conceito ampliado de saúde, identificar as situações que direta ou indiretamente repercutam na saúde dos participantes da projeto, de forma independente. a) levantamento de informações a partir do conhecimento da estrutura física e seus componentes identificando condições inseguras no ambiente que possam interferir na saúde mental dos participantes (aspecto higiênico, mobiliário, água de consumo, ventilação, raios solares, luminosidade, estética, alimentação (cardápio, aceitação), manipulação de alimentos, conservação e validade, utensílios da cozinha, equipamentos de proteção, sistema sanitário, hidráulico e elétrico, área de lazer etc; b) entrevistas/dinâmicas focalizando conceitos de saúde e doença, com adolescentes e jovens, na perspectiva da saúde mental, além de queixas, preocupações e dúvidas sobre saúde; c) entrevistas/dinâmicas com professores e funcionários focalizando conceitos de saúde e doença, na perspectiva da saúde mental, além de queixas, preocupações e dúvidas sobre saúde, inclusive problemas de saúde ocupacional; d) elencar os problemas de saúde encontrados e possibilidades de problemas; e) selecionar os problemas de saúde por prioridades – de acordo com a urgência de atenção. 2) Elaboração do Plano de Atenção Geral a) para cada prioridade de saúde mental definida, estabelecer medidas de caráter geral visando a sua resolução. 3) Elaboração do Plano de Cuidados diário a) com base nas prioridades definidas e considerando as medidas gerais, estabelecer as ações cotidianas em suas especificidades. 4) Avaliação a) proceder a avaliação diária a fim de mensurar a resolutividade do processo considerando a eliminação de problemas de saúde inscritos no Diagnóstico; b) estar atento para o surgimento de outros problemas de saúde os quais manterão o Diagnóstico atualizado. População beneficiada Grupo I: estudantes universitários, devidamente matriculados há pelo menos seis (6) meses. Grupo II: estudantes da rede pública do Ensino Básico, a partir de dez anos de idade, e que estejam regularmente frequentando a escola. Grupo III: adultos e idosos que participem de alguma atividade relacionada realizada pela UEFS ou pelo Colégio, há pelo menos seis (6) meses. Grupo IV: professores e servidores técnicos da UEFS e do Colégio com vínculo há pelo menos seis (6) meses. Com este projeto, busca-se uma melhoria das condições de saúde mental dos grupos de participantes em seus diferentes contextos sociais e ciclos de vida, através de ações educativas/ promoção da saúde mental com a finalidade de reduzir o sofrimento mental Avaliação A avaliação dos resultados das atividades desenvolvidas no Programa Cidadania do Adolescente – PROSAD será contínua, dinâmica e processual com a participação de todos os integrantes do grupo, incluindo bolsistas, docentes e participantes (por grupo específico), entre outros envolvidos indiretamente no programa. Considerar-se-á o grau de resolutividade de problemas detectados através da intervenção, encaminhamentos e articulações; a mudança de atitude do particpantes, por grupo, autodeclarada. Em todos os momentos deveremos estar mensurando a coerência dos métodos e a pertinência das ações desenvolvidas. O programa demonstrará sua produção não se considerando o volume das ações, mas a qualidade com que estas são desempenhadas, denotando a sua capacidade de resolutividade dos problemas que refletirá na mudança de comportamentos e atitudes dos participantes. A avaliação da equipe será uma atividade constante com o objetivo de redimensionar as ações sempre que necessário. Aspectos éticos Esse projeto respeitará os aspectos éticos adotados a partir das Resoluções 466/2012, 510/2016 e 580/2018 do Conselho Nacional de Saúde, como forma de assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado; aplicar as normas aplicáveis a pesquisas no âmbito das Ciências Humanas e sociais; e os requisitos que estabelece as especificidades éticas das pesquisas de interesse estratégico para o Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2012; Brasil, 2016; Brasil, 2018a). O projeto será encaminhado ao Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e aguardará a sua apreciação e aprovação para ser iniciado. A privacidade dos indivíduos da pesquisa será preservada e as informações serão utilizadas somente para a execução do projeto divulgando de forma anônima essas informações, ou seja, suas identificações serão através das iniciais dos seus respectivos nomes.
Promover a saúde mental nos diferentes contextos sociais e ciclos de vida na comunidade acadêmica da UEFS e no ambiente escolar.
- Construir grupos com atividades lúdicas, corporais, comportamentais e artísticas dos diversos públicos em contextos sociais; - Consolidar momentos de integração e partilha entre pares nos seus diversos contextos; - Viabilizar programas de promoção à saúde mental dos grupos populacionais em seus contextos sociais; - Formular grupos terapêuticos com a finalidade de experimentação de estratégias comuns para o enfrentamento de sofrimento psíquico. - Promover a articulação entre pessoas/ instituições e a universidade na perspectiva do fortalecimento da rede de apoio.
Este Programa visa a possível criação de serviços de apoio, sessões de musicoterapia e meditação, Workshops, além de uma comunicação eficaz entre os participantes, como estratégia de promover a saúde mental da comunidade acadêmica e civil, considerando os benefícios que tais práticas promovem, incluindo encontros frequentes para que seja possível acompanhar a retrogressão de problemas psíquicos, haja vista o contexto em que essas pessoas estão inseridas, quando se trata de uma instituição de ensino em tempo integral, mas que possui demandas externas, contribuindo para situações de sofrimento moral, exaustão, desenvolvimento de transtornos e síndromes ou pessoas que são atingidas por formarem uma rede de apoio para os estudantes (familiares, amigos, cônjuges), morarem no bairro Feira VI - por consequência, se tornou um “bairro universitário, em que os moradores nativos, em geral idosos, se sentem atingidos pelo barulho de festas e reuniões, além do perigo que é enfrentado fora do período letivo pois os discentes regressam para seus locais de origem e o logradouro se torna despovoado temporariamente. Teremos o Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Vulnerabilidade e Saúde (NIEVS) como apoiador dos Projetos de extensão e de pesquisa vinculados ao referido Programa, potencializado a partir das discussões científicas e implementação das propostas, além de base científica para desenvolvimento de projetos e pesquisas.

Histórico de movimentação
09-02-2024 15:53:09

Criação da proposta

23-05-2024 12:56:46

Parecer da Câmara de Extensão

Programa aprovado pela Câmara de Extensão.
27-02-2024 09:01:46

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
11-03-2024 17:23:27

Pendente

necessário ajuste
11-03-2024 19:40:33

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
23-05-2024 12:56:46

Aprovado

Programa aprovado pela Câmara de Extensão.
23-05-2024 12:56:58

Ativo

Programa Ativo.
v1.4.13
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