PROGRAMA FLOR DA PELE “ ESTUDOS E PRÁTICAS MULTIDISCIPLINARES DE CUIDADO ÀS PESSOAS ACOMETIDAS OU SOB RISCO DE DESENVOLVER LESÃO POR PRESSÃO E SUAS FAMÍLIAS” #215

Coordenador:
Fernanda Araujo Valle Matheus
Data Cadastro:
07-03-2024 11:00:14
Vice Coordenador:
Evanilda Souza de Santana Carvalho
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
Fernanda Araújo Valle Matheus
Tipo de Atividade:
Programa
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
Indeterminado
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Área de Enfermagem na Saúde do Adulto e do Idoso,

Resolução Consepe 051/2024
Processo SEI Bahia 07135322024000657007
Situação Ativo
Equipe 4

As lesões por pressão são consideradas problemas de saúde pública pela sua elevada incidência, prevalência e custos associados ao tratamento, sua prevenção além de diminuir a qualidade de vida das pessoas acometidas. O objetivo desse programa de extensão é: Criar espaço de cuidado e formação profissional qualificado no atendimento de necessidades das pessoas acometidas por lesão por pressão e sua prevenção e desenvolver prática de educação em saúde no contexto hospitalar com enfoque no preparo de famílias para prevenção e tratamento do agravo. Metodologia: Serão realizadas oficinas com profissionais de saúde, discentes, familiares e cuidadores para qualificar os cuidados prestados a indivíduos com LP e sua consequente prevenção para melhorar a qualidade de vida. Estima-se com esse trabalho iremos capacitar profissionais de saúde, família e cuidadores a prestar um cuidado à pessoa com LP assim como a prevenção do agravo. Dessa forma iremos reduzir a prevalência de LP, o tempo de internamento, a re hospitalização para manejo de complicações, impactando diretamente sobre a qualidade de vida de pessoas com dependência para o autocuidado, sobre os custos com tratamentos, além de criar uma cultura de educação em saúde no contexto hospitalar.
ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA DA LESÃO POR PRESSÃO As LPs resultam da pressão exercida sobre a pele, tecidos ou estruturas subjacentes comumente sobre proeminências ósseas, consequente da diminuição de suprimento dos nutrientes para os tecidos. Sua etiologia multifatorial é causada por uma combinação de fatores extrínsecos e/ou intrínsecos, dentre eles, variáveis como força, cisalhamento, pressão, umidade, estado clínico, idade, imobilidade, nutrição, medicamentos, dentre outros (MEDEIROS et al., 2016; CAMPANILI et al., 2015 apud OLIVEIRA, 2020). Diante da combinação de fatores de risco, como idade avançada e restrição à mobilidade é um fator que aumenta a incidência e prevalência proporcionalmente do acometimento da LP, sendo que os idosos são os mais acometidos devido à sua fragilidade funcional e consequente comprometimento das suas atividades de vida diária (AVDs) (SILVA et al., 2020). Sendo que a LP pode se desenvolver em todas as faixas etárias com predomínio em idosos, assim como pacientes que passam por longos períodos de internamentos, pacientes críticos, portadores de doenças crônicas, idosos com fraturas de fêmur, quadril, pacientes com lesão em medula espinhal, em hospitais e domicílios. Segundo National Pressure Ulcer Advisory Panel - NPUAP (2016), as LPs são classificadas em estágios, sendo estágio 1 é aquela em que a pele se apresenta íntegra e com eritema que não embranquece; a LP estágio 2 apresenta perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme; o LP estágio 3 apresenta perda total da pele; na LP estágio 4, há perda de pele em sua espessura total e perda tissular; as LP inclassificáveis são aquelas com perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível, pois esfacelos encobrem a lesão; a LP tissular profunda é uma descoloração vermelho-escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece (NPUAP, 2016). Recentemente definições adicionais foram inseridas nessa nova nomenclatura, tais como, por exemplo, a LP relacionada a dispositivo médico, associada ao uso de dispositivos para fins diagnósticos e terapêuticos, e a LP em membranas mucosas relativas ao uso de dispositivos médicos no local do dano (NPUAP, 2016). Pesquisas afirmam que, no ambiente hospitalar, o aparecimento de LP em clínicas médicas têm uma incidência estimada em torno de 42,06%, e em clínicas cirúrgicas, de 39,05%. Contudo, os maiores indicadores, que variam de 29 a 53%, são registrados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Entende-se que esse alto índice pode ser explicado devido ao ambiente que se destina ao tratamento, onde ocorre um maior número pessoas com estado de saúde grave, submetidas aos cuidados complexos e a internações hospitalares prolongadas (PACHA et al., 2018; MATOZINHOS et al., 2017 apud OLIVEIRA, 2020). No Brasil, a prevalência varia de 27% a 39,4% em pacientes hospitalizados. O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) aponta que, de 2014 a 2017, entre os 134.501 incidentes ocorridos nos estabelecimentos de saúde, 23.722 (17.6%) são relativos as LPP, que ocupam o terceiro lugar de eventos mais notificados no país (GAMA, 2020). ENFERMAGEM FRENTE À PREVENÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO A portaria de nº 529 de 2013 institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente, atribui como competência ao Comitê de Implementação do Programa de Segurança do Paciente (CIPNSP) a proposição e validação de protocolos, guias e manuais em diversas áreas, inclusive ao que se refere à LP, a fim de promover ações que visem melhorias na segurança do paciente durante a prestação do cuidado pelos profissionais de saúde, dando ênfase a enfermagem, por prestar assistência de forma integral e sistematizada (GAMA, 2020). Ainda segundo Gama (2020), a enfermagem deve guiar sua assistência respaldada em diretrizes clínicas preventivas com o uso de protocolos baseados na individualidade do paciente. Tais medidas como o uso da Escala de Braden, documento padrão essencial, permite avaliar os riscos para o desenvolvimento das LP, apontando os principais fatores de risco relacionados. Este recurso orienta a implementação de ações preventivas, assim evitando a ocorrência do surgimento da LPP, assim como os cuidados centrados na hidratação da pele, mudança de decúbito regular, uso de superfícies de suporte (colchões piramidais e coxins) e ações relativas à higiene do leito e do paciente (GAMA, 2020). É comum o uso de colchão tradicional mesmo em pacientes críticos e com risco muito elevado, levando a entender que a não adesão ou baixa adesão às recomendações para prevenção, dando maior enfoque no tratamento do que a prevenção. A compreensão ampliada do que seja cuidar/cuidado, pela equipe de saúde, sensibiliza os atores do cuidado a perceberem a pessoa dependente e acometida de UP e suas famílias, não como mero objeto receptor de desbridamentos e curativos, mas como um sujeito-ator, com capacidades para pensar, decidir, agir e transformar. Assim, o ser cuidado passa a ser colaborador no processo e com responsabilidades no resultado do cuidar/cuidado. Sua história de vida, sua experiência e cultura são considerados, bem como sua individualidade e desejos. O ser cuidado passa a ter uma identidade, deixa de ser objeto, sendo tocado e compreendido. (WALDOW, 1998, p. 25). Um dos desdobramentos dessa concepção holística do cuidar é ouvir o ser cuidado, torná-lo participativo, valorizar suas crenças, sua visão de mundo. Nesta perspectiva prestar cuidados ultrapassa a esfera do corpo biológico, visa contribuir no desenvolvimento de um indivíduo mais pleno, participativo, emancipado e não um mero receptor de curativos (CARVALHO, 2005). Ao envolver o ser cuidado e sua família no processo de cuidar/cuidado qualificado é possível estabelecer uma relação de troca, na qual aquele, por sua vez, ao participar do seu próprio cuidado, sente-se valorizado e comprometido com sua melhora. Nesse sentido, o cuidar/cuidado, é necessário destacar, oferece possibilidades que vão além do ato de restabelecer totalmente a saúde, mas cria situações diárias para promover o bem-estar em todas as fases do ciclo da vida, até no processo de morrer com dignidade. Colliére (1999) definiu o cuidado em duas perspectivas: os “cuidados de manutenção da vida” e os “cuidados de reparação ou de cura”. Dos primeiros aponta-se nutrir-se, hidratar-se, banhar-se, higienizar-se, movimentar-se, repousar, considerados indispensáveis para a promoção da saúde e manutenção do status de vida de um ser. Pensando na importância destes cuidados a presente investigação e intervenção atentará às práticas dos cuidados simples como o de ingestão de alimentos, de água, hábitos e condições de eliminações, higiene e mobilização dentre outras que poderão surgir durante o estudo. A respeito dessas ações de cuidado, afirma Soares e Heidemann (2018), que a enfermagem “necessita de formação adequada para aquisição de competências quanto ao planejamento de ações, iniciado pela avaliação, prevenção e tratamento, além da educação das pessoas e seus familiares, a fim de melhorar o cuidado prestado, bem como a qualidade de vida”. Neste contexto, o papel do enfermeiro além do cuidado direto ao paciente, é necessário que ele também esteja preparado para guiar sua equipe na realização das técnicas e cuidados guiados cientificamente. Estudos internacionais acrescentam que com a capacitação dos profissionais de saúde, podem ser evitadas diversas lesões por pressão (MAZZO et al., 2018). Dessa forma a associação de referenciais sobre as melhores práticas de determinado nível de atenção à saúde traz significativas respostas positivas às necessidades dos pacientes e usuários. O enfermeiro tem o papel de gestor do cuidado prestado à LP, dentro da equipe multidisciplinar. Tange ao enfermeiro a avaliação do risco para o desenvolvimento de tais lesões, bem como a prescrição de medidas preventivas que visam diminuir ou controlar o risco. Depois da lesão já instalada cabe privativamente ao enfermeiro a prescrição de enfermagem sobre os cuidados com a integridade cutânea, realizando a avaliação, registro e tratamento da lesão por pressão (SOUSA JUNIOR, 2019). Servindo de auxílio para avaliação e classificação de risco, pode ser utilizada a Escala de Braden, Escala de Braden-Q, Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico (ELPO) e outras escalas norteadoras. A maioria dessas lesões poderiam ser evitadas se houvesse maior conhecimento por parte dos profissionais de saúde a respeito das características principais dos pacientes que desenvolvem as UPs e das escalas de avaliação de risco, com a possibilidade de realizar prognósticos e, assim, preveni-las. (BLANES; DUARTE; CALIL; FERREIRA; 2004). Os familiares e cuidadores informais também são afligidos pela possibilidade de aparecimento de UPs nas pessoas ao seu cuidado. Segundo Baharestani (2006) (referenciado por Teixeira 2009), os familiares não estão treinados nem preparados para o papel de cuidadores, além de que estes têm que lidar com o seu próprio sofrimento e não apenas o do familiar cuidado. Os familiares surgem no universo de cuidadores informais, e na grande maioria das vezes não estão preparados nem informados sobre as formas de prestar cuidados, maneiras de prevenir as lesões por pressão, bem como informações relevantes e claras sobre estas (SOUSA JUNIOR, 2019). É importante conhecer o conceito das lesões por pressão sob a ótica dos doentes e de seus familiares, para assim compreender os diferentes contextos, possibilitando a identificação de dificuldades e potencialidades perante a doença e assim estabelecer uma relação de ensino e aprendizagem, bem como fortalecer ou iniciar o processo de cuidar. As LP causam sofrimento físico, emocional e social, tanto nas pessoas que as têm como nos seus familiares/cuidadores. Uma visão integradora da pessoa dependente com UP exige a compreensão de que esta se encontra inserida numa família que reage de forma única e individual. A nossa atenção deve centrar-se não só na pessoa com ferida, mas também na família, já que estes correm o risco de verem comprometida a sua saúde, levando a um acréscimo de dificuldades para o cuidado à pessoa com ferida (MAZZO et al., 2018). É crucial estabelecer uma relação com os familiares cuidadores das pessoas dependentes, porque esta por um lado vai reduzir o impacto dos cuidados e também facilita a participação da família nos cuidados de modo a adquirir um saber e saber-fazer importantes para este cuidado, além de que facilita a aceitação e integração da pessoa dependente no ambiente familiar e hospitalar. (TEIXEIRA; 2009). A escala de Braden é um instrumento essencial para avaliar classificação de risco para LP, foi desenvolvida por Barbara Braden e Nancy Bergstrom, em 1988, sendo amplamente utilizada por profissionais da saúde ao redor do mundo. Essa escala analisa suas características principais, sendo ele: Percepção sensorial; Umidade; Atividade; Mobilidade; Nutrição, Friccão e cisalhamento e pontua de 1 a 4, sendo maior quanto mais estável for o estado do paciente (FERNANDES; CALIRI, 2008) Já a Escala de Braden-Q (EB-Q) é uma escala de classificação de risco de desenvolver LPP pediátrica, essa escala é dividida em sete sub-escalas que são: mobilidade, grau de atividade física, percepção sensorial, umidade, fricção e cisalhamento, nutrição, e perfusão tecidual e oxigenação, sendo pontuadas de um a quatro, sua soma varia de sete a 28 pontos, sendo avaliado que o escore menor ou igual a 16 significa alto risco de desenvolver LPP, de 17 a 21 um risco moderado e maior ou igual que 22 baixo risco (VOCCI, 2016). Existe também a Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico (ELPO) é utilizada no centro cirurgico e avalia sete itens organizados de acordo com as implicações anatômicas e fisiológicas das posições cirúrgicas sobre o corpo do paciente, sendo eles: tipo de posição cirúrgica, tempo de cirurgia, tipo de anestesia, superfície de suporte, posição dos membros, comorbidades e idade do paciente, seu escore varia entre 7 e 35 sendo que menor ou igual a 19 representa um risco baixo de desenvolver LPP e maior ou igual a 20 representa um alto risco de desenvolvimento de lesões (LOPES, et al. 2016). E para assim obter um atendimento completo e multiprofissional, a equipe deve ter acesso ao Processo de Enfermagem (PE), onde deve ser colocado os cuidados e necessidades na assistência do paciente, sendo intencional, sistemático, flexível, dinâmico e baseado em uma teoria, com a finalidade de reduzir as necessidades individuais do paciente (SILVA; SILVA; GONZAGA, 2017). E para que isto aconteça de forma universal a Resolução N° 736 de 2024 dispõe que o PE é constituído de cinco etapas que se interrelacionam, são interdependentes e recorrentes: avaliação, diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação e registro de enfermagem (COFEN, 2024). Dessa forma podendo prestar os cuidados necessários para o paciente de forma ágil e eficaz, sobre as necessidades de cada paciente, buscando se especializar na temática, assim como criar grupos de “Prevenção de Lesão de pele” nas instituições hospitalares sendo que a LP podem surgir precocemente nos pacientes graves, contribuindo para o aumento do tempo de internação e, portanto, com uma equipe multiprofissional, ações planejadas, contínuas e eficazes a partir das primeiras horas admissionais, são possíveis a prevenção dessas lesões (SILVA, 2013). FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM FRENTE AO CUIDADO DE FERIDAS A qualidade da assistência fornecida ao paciente com ferida está diretamente relacionada à capacitação/qualificação do profissional enfermeiro, o qual, além de qualificação e autonomia para realizar/indicar o curativo mais adequado para cada caso, deve realizar a consulta de enfermagem e prestar assistência integral, que abarque tanto aspectos biológicos, quanto emocionais e sociais (BARATIERI et al., 2015). Diante disso é necessário uma qualificação que dê conta do aperfeiçoamento dos estudantes de enfermagem para atuar com responsabilidade e conhecimento na prevenção e prestação de cuidados. Segundo Bartieri (2015), a qualificação profissional é um processo contínuo, com início na formação acadêmica necessitando de maior correlação com princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, faz-se necessária uma interação entre formação, atenção, gestão e controle social em saúde, de modo que as ações em saúde possam ser realizadas conforme cada realidade, embasadas no pensamento crítico (BARTIERI et al., 2015). Nesse contexto, a falta de conhecimento/capacitação dos graduandos de enfermagem, decorrentes de falhas no método de aprendizado assim como carga horária insuficiente para o conhecimento sobre o tratamento de feridas durante a graduação (FERREIRA et al., 2013). Déficit de especialização, organização e atualização dos profissionais formados e ativos no mercado de trabalho (FERREIRA et al., 2014). São fatores que corroboram para uma carência no cuidado na prevenção de LP. Diante do exposto se faz necessária uma formação de qualidade e uma busca em capacitação dos estudantes para poder realizar um cuidado eficaz, integral, que atenda as necessidades do usuário, embasado nos conhecimentos e práticas de prevenção da LP. Foram criadas várias escalas para avaliar o risco de desenvolvimento das lesões por pressão, estão disponíveis e as mais utilizadas são as de Braden e de Waterlow, ambas validadas para a população brasileira. A Escala de Braden foi desenvolvida por Bergstrom et al, em 1987, como meio para otimizar estratégias de prevenção e, assim, diminuir a incidência desse tipo de LP. Rangel et al ( 1999) estudando os cuidados que os graduandos haviam prestado ou conheciam acerca de pessoas portando LP evidenciou que 21% dos cuidados apontados pelos discentes eram “ consideradas inadequadas na literatura científica como uso de povidine tópico, violeta de genciana,cobertura da ferida somente com gaze seca, uso de roda d’água e massagem em regiões de hiperemia” (RANGEL et al, 1999) , além de que nenhum dos participantes citou medidas relacionadas aos cuidados com a nutrição, denotando a necessidade de investir-se de modo mais incisivo na formação de enfermeiras/os para cuidar de pessoas susceptíveis a desenvolver LP nos contextos de cuidado profissional. Em suas conclusões as autoras já apontavam a importância em se oferecer maiores “oportunidades de cuidado durante as diversas disciplinas da graduação abordando os aspectos preventivos, terapêuticos e educacionais com a utilização de resultados de pesquisas de forma a permitir a aprendizagem dos princípios técnicos e científicos para uma prática ética e de qualidade” (RANGEL et al, 1999, p.90). Maciel (2008) , em seu estudo de mestrado explorando como as famílias são preparadas para cuidar de seus familiares com LP após a alta, identificou que as mesmas se sentem despreparadas, inseguras, solitárias e sem recursos. Embora as instituições de saúde em Feira de Santana não disponham de programas de educação dessas famílias para cuidar, o que ficou evidente no estudo de Maciel (2008) é que por ter que assumir a responsabilidade desse cuidado em domicilio as cuidadoras aprendem de modo aleatório nos contextos hospitalares ao observarem as práticas de outras famílias ou dos discentes, docentes e/ou das profissionais de Enfermagem. Idosos e cuidadores, profissionais ou leigos, devem ser constantemente orientados sobre a importância e medidas para o alívio da pressão, revendo e implementando procedimentos simples como a mudança de decúbito, uso correto do lençol móvel, o posicionamento nas cadeiras e no leito, prevenção do atrito nas movimentações, controle da umidade bem como a facilitação e estímulo na alimentação e hidratação, fundamentais entre os idosos, particularmente aqueles institucionalizados (SOUZA; SANTOS, 2007). Nesse sentido a proposta de realização de uma atividade de extensão focada no cuidado multidisciplinar voltado para o manejo e prevenção das LP vem corroborar com o preenchimento de uma lacuna na formação dos profissionais saúde de Feira de Santana além de contribuir para a redução do problema na comunidade, fortalecendo práticas que ao longo prazo podem impactar na qualidade de vida de adultos e idosos em situação de vulnerabilidade para a perda da integridade cutânea. TECNOLOGIAS DE CUIDADO LP Por viver em era tecnológica, muitas vezes a concepção de tecnologia tem sido usada de forma enfática no cotidiano, porém, equivocadamente, concebida somente como um produto, uma máquina, uma materialidade generalizada e resumida a procedimentos técnicos de operação e seu produto (STUDART et al., 2011). A tecnologia, como equipamento, é um componente importante de instrumento de trabalho no exercício educativo, contudo, não se restringe à tecnologia em si ela também está voltada para a organização lógica das atividades, de tal modo que possam ser sistematicamente observadas, compreendidas e transmitidas (NIETSCHE et al., 2005). As tecnologias do cuidado em saúde dizem respeito a tudo o que é utilizado como instrumento para levar cuidado a outras pessoas, desse modo o próprio profissional pode ser considerado tecnologia em suas interações. O conjunto de conhecimentos que o profissional detém, a maneira como ele interage com o usuário, bem como as estratégias utilizadas na operacionalização do cuidado constituem-se tecnologias do cuidado em saúde (KOERICH et al.,2006). Pensando nas tecnologias do cuidado em enfermagem, podemos defini-las de acordo com Nietsche e Leopardi (2000, p. 140) “todas as técnicas, procedimentos e conhecimentos utilizados pelo enfermeiro no cuidado”. Também, de acordo com Merhy (2002), as tecnologias podem ser classificadas em 3 tipos, leves, leve-duras e duras. Tratando-se da lesão por pressão, após as observações de dois estudos elaborados em 2010 e 2017 respectivamente, foi possível notar que as tecnologias utilizadas com mais eficácia para a solução e prevenção desse problema seriam a implementação de protocolos, e aplicação de escalas de avaliação de riscos. O protocolo é designado como uma decisão estratégica de fortalecimento em melhores práticas assistenciais, permitindo a integração de diferentes equipes profissionais, além de sistematizar um cuidado mais qualificado, objetivando reduzir as incidências de LPP (SILVA et al., 2010). Já as escalas tornam-se eficazes e sensíveis para avaliar os fatores de risco que contribuem para o aparecimento de lesão por pressão em pessoas hospitalizadas acometidas (STUDART et al., 2011). As medidas de prevenção são observadas em estudos de Hayn e colaboradores (2015), ao posicionar sensores em colchões a fim de medir a pressão exercida pelo paciente sobre a superfície e consequentemente obter as possíveis área mais atingida e suscetíveis a desenvolver a lesão por pressão, eles citam que, “[...] A prevenção de úlceras de pressão concentram-se na detecção de pressão de longo prazo em regiões específicas da pele. O tipo mais óbvio de detector é um sensor de pressão, já que a pressão é a principal razão para úlceras de pressão.” (HAYN et al., 2015, p. 2). Mostrando assim que os sensores usados no seu estudo são uma medida de prevenção para o desenvolvimento de lesões por pressão. Os achados de Ford S (2016), revelam que o scanner usado para detectar a mudança de umidade da pele nos pacientes hospitalizados trouxe um resultado promissor, comparado como ‘divisor de águas’ na prevenção de lesão por pressão, já que houve uma grande redução no número de lesões por pressão, nas unidades em que o método foi implementado. Já Rocha e colaboradores (2015), desenvolveram em seu estudo um questionário que busca avaliar os conhecimentos dos profissionais de enfermagem sobre a prevenção da lesão por pressão. Dentro deste questionário os profissionais deveriam classificar as afirmativas entre verdadeiro e falso. Afirmativas para prevenir lesões por pressão como: manter a cabeceira a 30º, mudança de decúbito a cada 2 horas, manter pele limpa e seca, usar lençóis para mover o paciente, e etc. tiveram um bom número de acertos entre os profissionais. Rocha e colaboradores (2015), concluíram também que a medida de prevenção mais citada no questionário foi a mudança de decúbito, tendo 100% das assertivas. O manual de prevenção e tratamento de úlceras/lesões por pressão: guia de consulta rápida. NPUAP/EPUAP/PPPIA (2014) ainda traz a importância do controle do microclima como medida de prevenção do desenvolvimento da lesão por pressão, através de alguns métodos, como: selecionar uma superfície de apoio correta, alterando a taxa de evaporação da humidade e a taxa de dissipação do calor da pele. A seleção da cobertura utilizada, e a não aplicação de dispositivos de aquecimento, já que o calor aumenta a taxa metabólica e induz a transpiração. Já o manual de prevenção e tratamento de úlceras/lesões por pressão: guia de consulta rápida. EPUAP/NPIAP/PPPIA (2019), revela que além das medidas de prevenção citadas nesta categoria, devemos lembrar de cuidados básicos com a pele para a prevenção da lesão por pressão, como, manter a pele limpa e adequadamente hidratada, limpar a pele imediatamente após episódios de incontinência, evitar o uso de sabonetes e produtos de limpeza alcalinos e proteger a pele da umidade com um produto de barreira.
A presente proposta de articulação entre prática de cuidados, investigação e ensino é concebida dentro de uma abordagem multirreferenciada qualitativa e quantitativa e caracteriza-se como pesquisa descritiva, exploratória e participante com vistas à intervenção. No que tange às questões extensionistas o trabalho será qualitativo e serão utilizadas oficinas para operacionalizar os objetivos propostos. Pretende-se desenvolver este trabalho no contexto do Hospital Geral Clériston Andrade, em articulação com o Núcleo de Atenção às Pessoas Feridas (NAPF) e nos domicílios de egressos da referida instituição em articulação com o Programa de Internação Domiciliar (ID) e o Centro de Terapia Hiperbárica e a Coordenação de Educação Permanente, o que possibilitará a inserção dos discentes em novos campos/cenários de atuação das áreas de Enfermagem/Fisioterapia/Nutrição/Serviço Social. A escolha desses cenários se justifica porque: O Hospital Geral Cleriston Andrade atende uma expressiva demanda de pessoas com risco para desenvolver lesões por pressão a exemplo das vítimas de politrauma que resulta em déficit motor, pessoas com seqüelas de acidentes vasculares cerebrais, idosos dependentes de cuidados intensivos, pessoas submetidas a cirurgias de grande porte, pessoas com limitações de mobilidade a exemplo daquelas que sofrem fraturas, amputações e lesões raquimedulares, dentre outros. E nos domicílios por considerar que grande parte das pessoas hospitalizadas que desenvolvem lesão por pressão regressam de alta para suas casas ainda com as lesões abertas visto que as mesmas demandam um período extenso para a sua cicatrização o que não justificaria esperar pela cura no hospital e por serem as suas famílias as responsáveis diretas pela continuidade desse cuidado, e uma vez que estas não se encontram devidamente preparadas há uma tendência de re-hospitalizacão dos pacientes para o manejo de complicações das referidas LP. O encaminhamento ao Centro de terapia Hiperbparica possibilitará a cicatrização de lesões mais complexas em estágios avançados. No que tange as abordagens metodológicas, para alcance do subprojeto 1- Analise situacional dos grupos de risco para as lp, utilizaremos a abordagem quantitativos acerca de variáveis de interesse da pesquisa que permitam traçar o perfil das pessoas vulneráveis à perda de integridade cutânea, seus familiares e cuidadores, serão também levantados dados relevantes que permitam recortes de sexo/gênero, raça/cor, geração, crença religiosa, educação, condição socioeconômica, moradia, acesso a serviços de saúde e rede social de apoio, número de dependentes, dentre outros para subsidiar as questões extensionistas. Além disso serão utilizados análise documental, entrevistas semi estruturadas e abertas. A metodologia a ser desenvolvida estará fundamentada no diagnóstico feito pelos discentes junto aos profissionais, às pessoas hospitalizadas, seus familiares e cuidadores informais. As atividades serão realizadas semanalmente, promovendo uma abordagem de educação permanente enfocando a temática, favorecendo sua incorporação nas práticas de cuidado, no contexto hospitalar. Para alcance do subprojeto 2 e 3- Cuidado direto às pessoas com LP e Oficinas de educação em saúde com ênfase nos profissionais de saúde, discentes de enfermagem, nas famílias e cuidadores utilizaremos a abordagem qualitativa por meio de oficinas, grupos de discussão, educação em saúde, materiais produzidos durante as oficinas, técnicas projetivas Inicialmente será realizada oficina de sensibilização sobre o problema das lesões por pressão na unidade, envolvendo profissionais e discentes de diversas categorias, nessa oportunidade se captará aqueles funcionários que se dispuserem a atuar como voluntários para se constituírem em agentes multiplicadores na prevenção da lesão por pressão no ambiente hospitalar e na comunidade. Será realizado um diagnóstico prévio sobre a percepção das famílias e cuidadores acerca da lesão por pressão: seu nível de conhecimento, suas crenças, valores, suas dúvidas, seus medos, suas angústias, bem como as medidas utilizadas por eles/as para o enfrentamento do problema. Também se fará o levantamento do perfil de risco para desenvolvimento de lesão por pressão nas pessoas hospitalizadas. Os discentes e profissionais inseridos na unidade serão capacitados no tocante as atividades de educação em saúde a serem desenvolvidas e durante essa capacitação serão escolhidos aqueles que receberão treinamento específico para atuarem como multiplicadores nas oficinas semanais com as famílias. Os demais estarão envolvidos nas outras atividades. Após essas capacitações a comunidade hospitalar será mobilizada através de uma Campanha de sensibilização, intitulada “Troque o L pelo P, Prontos para Proteger” a fim de estimular a adoção de medidas preventivas da lesão por pressão. Tais atividades serão realizadas pelos bolsistas do programa. Os discentes selecionados serão capacitados em três blocos de conhecimentos: 1. Etiologia e fisiopatologia da lesão por pressão e medidas preventivas 2. Avaliação de risco para desenvolvimento das lesões por pressão e elaboração de plano terapêutico 3. Métodos participativos de trabalho com as famílias e cuidadores. Serão produzidos cartilhas, vídeos para publicação em redes sociais e outros materiais com a participação de discentes, familiares e cuidadores que serão apresentados diariamente nas unidades de internação. Cada unidade envolvida no programa terá discentes e profissionais responsáveis em aplicar e ou divulgar o material em toda unidade, inclusive para docentes e funcionários da instituição e demais parceiros do hospital. As famílias envolvidas neste programa, além dos profissionais, poderão sugerir temas a serem abordados no material educativo. Os discentes, bolsistas serão responsáveis pela pesquisa, elaboração, editoração, filmagem e divulgação do material, cuja distribuição será feita também através da internet mediante vídeos, pagina web da UEFS e instagran da disciplina Saúde do Adulto e idoso 2 já criado e com postagens da temática. A supervisão de todas as etapas estará sob a responsabilidade da equipe executora do programa. OFICINAS A SEREM REALIZADAS NA UNIDADE HOSPITALAR: Oficina 1 – PARA PROFISSIONAIS E DISCENTES: Etiologia e fisiopatologia da lesão por pressão e medidas de tratamento e sua prevenção Oficina 2 - PARA PROFISSIONAIS E DISCENTES: Avaliação de risco para desenvolvimento das lesões por pressão e elaboração de plano terapêutico; Oficina 3 – PARA PROFISSIONAIS, DISCENTES, FAMILIARES E CUIDADORES: Capacitação das famílias e cuidadores sobre lesão por pressão e medidas preventivas; elaboração de material educativo. Oficina 4 – PARA PROFISSIONAIS, DISCENTES, FAMILIARES E CUIDADORES: Sentimentos, valores e significados face ao cuidar de pessoas com LP. Oficina 5 – PARA PROFISSIONAIS, DISCENTES, FAMILIARES E CUIDADORES: Elaboração de vídeos sobre cuidados de mobilização no leito, alívio de pressão e, troca de fraldas com vistas à prevenção das LP. Oficina 6 - PARA PROFISSIONAIS, DISCENTES: Mobilização da comunidade hospitalar para a formação de grupos visando a manutenção das ações preventivas permanentes, através de oficina de formação de multiplicadores. As principais fontes de dados para a pesquisa e fundamentação das práticas de extensão serão: Os dados colhidos pelas entrevistas, formulários e questionários; Registros contidos em livros dos serviços; Prontuários; Produtos das oficinas de educação em saúde; Relatórios e documentos oriundos de eventos técnicos e científicos sobre o cuidar/cuidado de pessoas com lesão por pressão assim como em eventos de extensão da UEFS. Deste modo, os participantes são identificados como: Profissionais das unidades de internação e do internamento domiciliar (ID) do Hospital Geral Clériston Andrade; Discentes dos cursos de Enfermagem/Fisioterapia/Nutrição/Serviço Social; Técnicos de Enfermagem; Pessoas dependentes de cuidados de manutenção da vida como alimentar-se, higienizar-se e movimentar-se, que apresentem lesões por pressão ou risco para desenvolvê-las, que estejam internadas no Hospital Geral Cleriston Andrade no período compreendido pelas atividades. A escolha por esses sujeitos se deve aos seguintes motivos: As docentes especialmente aquelas que dedicam-se a disciplinas do ciclo profissionalizante por serem elementos chave na construção e difusão de conhecimentos a cerca do cuidar/cuidado das pessoas em risco para a perda de integridade da pele, em especial os portadores de lesão por pressão. Os profissionais de saúde (enfermeiras, assistentes sociais, fisioterapeutas e nutricionistas) por serem os responsáveis pelo planejamento do cuidado, o acompanhamento, tratamento de pessoas com dependência e preparo das famílias para a alta hospitalar, e que ao atuarem servem de modelos para os futuros profissionais que se encontram em formação. Os discentes por estarem em construção da prática profissional, possibilitando a aquisição de competências e habilidades para cuidar de forma integral, visando atender às necessidades do indivíduo família e comunidade. Considerando, ainda que, neste programa o discente terá a oportunidade de apreender o agir profissional fundamentado no conhecimento científico e na pratica libertadora de educação para a saúde, desenvolvendo ações de empoderamento e protagonismo social dos usuários enquanto sujeitos ativos e cidadãos de direitos. Às pessoas dependentes para o autocuidado, suas famílias e cuidadores por serem estes, foco da atenção profissional das autoras. Ainda por serem a eles dirigidas poucas ações de impacto que busquem contribuir para a redução do problema das UP. Desde a criação do projeto em 2011, foram atendidos cerca 1650 pacientes, participaram cerca de 650 discentes do curso de enfermagem e foram realizados capacitação com cerca de 850 pessoas da equipe de enfermagem ( técnicos e enfermeiros). ASPECTOS ÉTICOS Observando os princípios éticos da pesquisa, em todas as etapas desta proposta serão adotadas as recomendações do Conselho Nacional de Pesquisa (CONEP) conforme preconiza a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que versa sobre pesquisa com seres humanos (BRASIL, 2012, p.5) O referido projeto foi aprovado pelo CEP da UEFS, sob número de protocolo nº038/2011. Caso seja necessário serão enviados os objetivos para uma atualização da aprovação. Serão iniciados os contatos para aproximação com o campo de pesquisa e dos sujeitos, para isso se realizará visitas programadas às unidades de saúde apresentando os objetivos dos estudos e intervenções. Em cada fase que prevê a inserção de familiares, cuidadores e profissionais se reforçará as informações sobre os objetivos do estudo e apresentado aos mesmos o termo de consentimento livre e esclarecido. Serão explicitados sobre o caráter de participação do estudo não estando seu atendimento e cuidado atrelado ao fato de participarem ou não do estudo e das oficinas.
Criar espaço de cuidado e formação profissional qualificado no atendimento de necessidades das pessoas acometidas por lesão por pressão e sua prevenção; Desenvolver prática de educação em saúde no contexto hospitalar com enfoque no preparo de famílias para prevenção e tratamento do agravo.
SUB PROJETO 1 –ANALISE SITUACIONAL DOS GRUPOS DE RISCO PARA AS LP Levantar o perfil das pessoas acometidas por LP hospitalizadas no HGCA assim como aplicar escalas preditivas de risco (Braden) e ELPO no centro cirúrgico; Qualificar os profissionais de saúde e discentes para avaliar o risco de adultos e idosos para o desenvolvimento de LP; Analisar o conhecimento de discentes, profissionais de saúde, família e cuidadores sobre práticas de prevenção e cuidado das pessoas com LP. SUB PROJETO 2 – CUIDADO DIRETO ÀS PESSOAS COM LP Qualificar profissionais e discentes de Enfermagem para cuidar de pessoas com lesão por pressão (LP), mediante aplicação de técnicas de limpeza, desbridamento e terapia tópica das LP; Prestar cuidado individualizado às pessoas com LP por meio do Processo de Enfermagem; Contribuir com a construção e revisão dos protocolos de cuidados às pessoas com LP no contexto hospitalar; Articular encaminhamento de pacientes com LP para o Centro de terapia Hiperbárica em Feira de Santana; SUB PROJETO 3- OFICINAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM ÊNFASE NOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, DISCENTES DE ENFERMAGEM, NAS FAMÍLIAS E CUIDADORES Analisar as crenças, sentimentos, valores, representações e práticas de profissionais de saúde, discentes, familiares cuidadores no enfrentamento do problema das LP no hospital e em domicílios. Capacitar discentes de enfermagem do curso de enfermagem da UEFS e profissionais do HGCA sobre LP, tratamento e prevenção Capacitar famílias e demais cuidadores difundindo e qualificando o cuidado multidisciplinar focado na prevenção de danos à pele de pessoas acamadas; Articular a rede de apoio de serviços de saúde e comunidade para assegurar o cuidado às pessoas com LP
Lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico. A LP pode se desenvolver em pele íntegra ou como úlcera aberta, podendo ser dolorosa. Sendo decorrente da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento (NPUAP, 2016). Portanto, essa condição de saúde pode ser considerada um grave problema para o paciente e profissionais de enfermagem, sendo consequências de longos períodos de internamento, acometendo especialmente pacientes idosos, restritos ao leito e com doenças crônicas-degenerativas (NPUAP, 2016) Na busca de uma atenção qualificada, autores destacam a necessidade de conhecimento científico dos profissionais de enfermagem relacionado à LP, sendo que as estratégias de prevenção das LP embasam-se em um conjunto de elementos principais: avaliação do risco, por meio de uma abordagem estruturada; avaliação da pele; reposicionamento e mobilização precoce; superfícies de suporte e avaliação e suporte nutricional (POTT, 2018). Desta forma, se tratando da prevenção da LP e da promoção à saúde da pessoa com restrição de atividade e mobilidade física, o enfermeiro tem papel fundamental dentro da sua autonomia profissional, portando os conhecimentos teórico-prático para cuidar com melhores práticas de cuidado, em especial de promoção da saúde, propiciando aos envolvidos, pessoas e familiares, que se tornem protagonistas neste processo do cuidado (SOARES, 2015). Sendo a avaliação de risco uma conduta precoce, deve ser realizada por profissionais qualificados, considerando as alterações na coloração em áreas de pressão, temperatura, edema e alteração na consistência do tecido em relação ao tecido circundante. Essa ação permite identificar precocemente os sinais de danos relacionados à pressão, de modo a adotar medidas preventivas que minimizem seus efeitos sobre o tecido (POTT, 2018). Dessa maneira o desenvolvimento das LPP é considerado uma iatrogenia por parte da equipe prestadora da assistência, que podem não estar relacionadas diretamente com as patologias, sendo que existem fatores que são que podem ser prevenidos e fatores que não são preveníveis para a prevenção dessas. Porém 95% das LPP são preveníveis (NPIAP/EPUAP/PPPIA, 2019). No Brasil não dispomos de estudos que revelem o impacto econômicos das LP sobre a assistência e, na Bahia, ainda não dispomos de estudos de prevalência e incidência que confira visibilidade ao problema, também destaca-se a carência de iniciativas de cuidados voltados exclusivamente para a referida clientela dentro do sistema público de saúde. Quando se pensa na prevenção das LP o que mais intriga aos estudiosos é o paradoxo que há entre a simplicidade das medidas capazes de evitar a progressão do problema e o número cada vez mais crescente de pessoas sofrendo com esse tipo de lesão. O caráter iatrogênico das lesões por pressão sugere que sua aparição seja evitável e, por este motivo, as LP são indicadores de qualidade técnico-científico tanto no âmbito da atenção primaria como na atenção hospitalar especializada. Ademais, o surgimento das lesões por pressão, produzem intenso sofrimento das pessoas que as padecem e suas famílias, além de repercutir negativamente nos índices de qualidade dos serviços saúde e sobre o custo que se produz ao tratá-las. Em relação aos custos com tratamento de LPP, estudo verificou a média de custo semestral do tratamento de LPP, por paciente, é de R$ 1.886,00 e o custo total semestral de R$ 113.186,00 (DONOSO, 2019). Um estudo realizado, em um hospital brasileiro, sobre os gastos totais para tratamento de LP evidenciou custos elevados conforme estágios da LP, variando de R$67,69 a 172,32 para estágio 2; R$29,02 e R$96,38 para estágio 3; R$20,04 e R$225,34 para estágio 4 e R$16,41 e R$260,18 para as não estagiáveis (ANDRADE et al. 2016). Confirmando que quanto maior o grau da LPP e seu períodos de internamento mais custos são gerados ao hospital, sendo um problema de saúde pública, fazendo-se necessário uma avaliação precoce a fim de minimizar os dados gerados.Os enfermeiros têm um papel fundamental tanto em relação ao tratamento quanto a questões de cunho preventivo, sabendo-se que com a prevenção e o tratamento precoce minimizam o período de internamento do paciente ou torna esse período menos doloroso. Diante disso é de suma importância que o profissional invista em capacitação e aprofundamento no conhecimento em prevenção de feridas, de uma forma empírica, pode-se afirmar que conhecimento é a condição de saber obtida através de uma experiência, vivência, ou de uma junção teoria e prática (ECG, 2017). Entendendo-se que o conhecimento nessa prática gera um cuidado adequado e precoce para os pacientes, evitando o acometimento dessas lesões prevenindo possíveis danos e longos períodos de internamento ao paciente. De acordo com COSTA et al. (2021), o tratamento das feridas é realizado por métodos clínicos e cirúrgicos, sendo o curativo o tratamento clínico mais utilizado para realizar a reparação tecidual, realizado por enfermeiro e esquipe de enfermagem, é importante que o enfermeiro que trata de feridas tenha conhecimento vasto quanto aos materiais que serão utilizados no tratamento, lembrando que o acometimento dessas lesões gera mais custos ao hospital, a fisiologia da cicatrização, as suas etapas, tendo capacidade de adequar a assistência ao tratamento de cada uma delas, pois a fase inflamatória, proliferativa e reparadora determinará o avanço da cicatrização (COSTA et al. 2021). O uso da escala de Braden norteará os planos terapêuticos a serem empregados para minimizar os problemas das LP, dos grupos estudados. Dessa maneira autores refere que o enfermeiro é o profissional responsável por avaliar a lesão, muitas das vezes determinar o tipo de tratamento que será aplicado, orientando a equipe e supervisionando a realização dos curativos pela equipe de enfermagem. Sendo que a escolha do tratamento, curativo, técnica e cobertura deve facilitar a cicatrização, porém se mal escolhidos pode não somente retardar sua cicatrização como também agravar sua condição, prolongar o internamento e gerar custos ao hospital (RODRIGUES, 2021). Portanto a disseminação do conhecimento acerca do processo saúde-doença, tem a finalidade de propor ações transformadoras diante das práticas da Enfermagem, por meio da troca de conhecimentos e experiências no decorrer da graduação, tendo o intuito de comparar o nível de conhecimento dos estudantes acerca dos cuidados para prevenção da LP. Dessa maneira, a relevância desse estudo se baseia na possibilidade de um melhor conhecimento e sensibilização de discentes, profissionais de saúde, familiares e cuidadores no que diz respeito ao tratamento e prevenção da lesão por pressão em pacientes que são admitidos em unidades de internamento de curto e longo prazo. Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas que apresentam risco para desenvolver lesão por pressão, tratar e reduzir danos àquelas que já as possui e apoiar as famílias e cuidadores de pessoas portadoras de lesões por pressão, esta proposta visa fortalecer a relação entre ensino e serviço, implementando e colaborando com o Núcleo de Apoio às Pessoas com Feridas do HGCA, os encaminhamentos para o Centro de Terapia Hiperbárica buscando por prioridade impulsionar práticas seguras de prevenção e tratamento, e apoiar familiares e cuidadores na prestação de cuidados por meio de uma permanente educação em saúde através de abordagem multidisciplinar.

Histórico de movimentação
07-03-2024 11:00:14

Criação da proposta

23-05-2024 12:51:12

Parecer da Câmara de Extensão

Programa aprovado pela Câmara de Extensão.
08-03-2024 14:41:52

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
08-03-2024 14:45:47

Pendente

Projeto reaberto para correção de preenchimento.
08-03-2024 14:49:12

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
08-03-2024 14:51:56

Pendente

Reaberto para correção de preenchimento.
08-03-2024 15:05:50

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
11-04-2024 13:21:15

Pendente

Proposta reaberta para preenchimento após análise da Câmara de Extensão.
11-04-2024 14:44:23

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
23-05-2024 12:51:12

Aprovado

Programa aprovado pela Câmara de Extensão.
23-05-2024 12:51:26

Ativo

Programa ativo.
v1.4.13
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