PORQUE A SAÚDE É ÚNICA! #251
- Coordenador:
- Aristeu Vieira da Silva
- Data Cadastro:
- 23-07-2024 12:11:01
- Vice Coordenador:
- -
- Modalidade:
- Híbrido
- Cadastrante:
- Aristeu Vieira da Silva
- Tipo de Atividade:
- Programa
- Pró-Reitoria:
- PROEX
- Período de Realização:
- Indeterminado
- Interinstitucional:
- Não
- Unidade(s):
- Área de Biomédicas,
Resolução Consepe
076/2024
Processo SEI Bahia
07133552024001194071
Situação
Ativo
Equipe
11
O Programa de Extensão "Porque a Saúde é Única!" proposto pelo Laboratório de Análises Clínicas e Parasitologia (LAC) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) visa promover a Saúde Única, integrando Saúde Humana, Saúde Animal e Saúde Ambiental pela proposição de atividades de extensão e prestação de serviços, articuladas à pesquisa e ensino, em conformidade com a Resolução CONSEPE 127/2020, que define programas de extensão como conjuntos articulados de projetos multidisciplinares integrados às atividades de ensino e pesquisa. A abordagem da Saúde Única visa equilibrar e otimizar sustentavelmente a saúde de seres humanos, animais e meio ambiente, reconhecendo sua inter-relação. O programa proposto tem origem na experiência do coordenador Aristeu Vieira da Silva e tem como objetivo geral criar um portfólio de atividades para promover a Saúde Única, focando na prevenção de enfermidades zoonóticas e atendendo às necessidades das comunidades associadas à UEFS e seus parceiros. Os objetivos específicos incluem o desenvolvimento de projetos de divulgação científica, formação continuada para profissionais e membros das comunidades, fomento ao uso de mídias digitais e colaboração com órgãos públicos de saúde e ambiente. O programa será estruturado em projetos, planos de trabalho e eventos, abordando diferentes eixos de atenção e atendendo tanto às demandas de curto quanto de longo prazo. A avaliação das atividades seguirá um processo pós-execução, envolvendo tanto a equipe quanto os usuários, baseado em diversas dimensões. Os resultados esperados incluem postagens nas redes sociais, eventos presenciais e online, criação de repositórios institucionais, diagnósticos de agentes infecciosos, formações e publicações, contribuindo para a divulgação científica, o engajamento da comunidade e a formação continuada em saúde única.
A abordagem Saúde Única (em inglês One Health), multidisciplinar, transdisciplinar e multissetorial, é considerada crucial para reforçar as capacidades de prevenção e preparação para potenciais ameaças à saúde humana, vegetal e animal, considerando também a proteção e conservação dos nossos ecossistemas terrestres e aquáticos. A governação global da One Health é coordenada por um grupo quadripartite de organizações das Nações Unidas: a Organização para a Alimentação e a Agricultura - FAO, o Programa Ambiental - PNUMA, a Organização Mundial da Saúde - OMS e a Organização Mundial da Saúde Animal - WOAH (WHO, 2024) . O reconhecimento da inter-relação entre seres humanos, outros animais e o meio ambiente, formando um sistema complexo é a base do conceito de Saúde Única. A atenção voltou-se para este tema no início dos anos 2000, quando foi publicada a estimativa de que 61% dos patógenos humanos já descobertos eram zoonóticos (Taylor, Latham & Woolhouse, 2001). One Health é uma abordagem transdisciplinar, integrada e unificadora, que visa otimizar de forma sustentável a saúde das pessoas, animais e ecossistemas, reconhecendo a relação entre elas, mobilizando as comunidades para trabalharem em conjunto, com atenção à inclusão e envolvimento de comunidades e vozes marginalizadas (OHHLEP et al, 2022) Saúde Única reconhece que a saúde dos seres humanos, dos animais domésticos e selvagens, das plantas e do ambiente em geral (incluindo os ecossistemas) estão intimamente ligados e são interdependentes. A abordagem mobiliza múltiplos setores, disciplinas e comunidades em vários níveis da sociedade para trabalharem em conjunto para promover o bem-estar e enfrentar ameaças à saúde e aos ecossistemas, ao mesmo tempo que aborda a necessidade coletiva de água, energia e ar limpos, alimentos seguros e nutritivos, tomando medidas sobre as alterações climáticas e contribuir para o desenvolvimento sustentável (WHO, 2021) . Na abordagem da Saúde Única, diferentes disciplinas fornecem subsídio metodológico e técnico para a implementação de serviços e políticas públicas em benefício da humanidade e dos animais, conservando o ambiente e respeitando comunidades tradicionais. A abordagem transdisciplinar e multiprofissional da saúde única visa promover ferramentas de previsão, detecção, prevenção e controle de riscos infecciosos e outros problemas que afetam a saúde, alinhada aos objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas - ONU (Schneider et al., 2019). Nas últimas décadas, eventos zoonóticos como os surtos das variantes do vírus influenza A, envolvendo animais de produção, do vírus ebola na África, envolvendo morcegos e primatas não humanos, e do Mers-CoV 89 no Oriente Médio, envolvendo morcegos e camelos, e do Sars-CoV-2, ameaçaram a saúde e a economia do mundo (Sathyamala, 2022). As alterações climáticas podem desempenhar um papel no risco de propagação de agentes patogénicos. A mudança das condições ambientais pode alterar a distribuição e a densidade das espécies, levando a novas interações entre espécies e aumentando o risco de emergência zoonótica (Baket et al., 2021) O estreitamento das relações humano-animal e a invasão de áreas silvestres cria condições propícias para que a transmissão interespecífica de patógenos e seus vetores ocorra. O aumento no número de vetores devido à ocupação desordenada e à falta de saneamento, as aglomerações humanas, a rápida mobilidade geográfica e a exploração predatória dos recursos naturais contribuem para a ampla transmissão de agentes infecciosos (Chomel et al., 2007). O surgimento da Covid-19 e suas implicações na saúde da população, na economia e impactos nos sistemas de saúde, enfatizam a importância da visão de saúde única para promover a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável (Pitt, Gunn, 2024). O Brasil é considerado o quarto país do mundo em número de animais de estimação, com aproximadamente 37,9 milhões de aves e 2,2 milhões de outras espécies silvestres, incluindo répteis e pequenos mamíferos. Ainda hoje, muitos animais silvestres criados em cativeiro são obtidos de forma irregular, contribuindo para o tráfico e para o aumento do risco da emergência de novas zoonoses (RENCTAS 2001; Alves et al., 2010; Echenique et al., 2020). Os animais silvestres são reservatórios de muitos vírus e outros agentes infecciosos (Khalil, Martinez-Sobrido, Mostafa, 2024; Santos et al., 2015; Mendes et al., 2014; Cafarchia et al., 2006). Para prevenir zoonoses e promover a saúde integral, devemos criar encontros que debatam e criem estratégias para a preservação de ambientes naturais, para o combate ao comércio de animais silvestres e para a realização de vigilância epidemiológica em humanos e outros animais (Rahman et al., 2020). Ações integradoras de capacitações, nos diferentes níveis interdisciplinares e multissetoriais, são essenciais para a investigação conjunta de surtos e situações de risco e tomadas de decisões estratégicas e assertivas. Partilhar amplamente informações e conhecimentos científicos permite o desenvolvimento de sociedades civilizadas, humanizadas, racionais e democráticas. Para além de produzir ciência responsável e de qualidade, é essencial que ela se torne um bem público, visto que deve estar a serviço do bem-estar social e do desenvolvimento sustentável. A extensão é um dos pilares de formação da estrutura universitária brasileira, junto com o ensino e a pesquisa. Compartilhar o conhecimento científico, para além dos muros do ambiente universitário, contribui para a qualificação e diversificação do debate científico, além de promover articulações políticas e acadêmicas intersetoriais. Nesse contexto, Santos et al (2024), do Laboratório de Anatomia Animal da Universidade Federal de Santa Catarina, em seu relato 10 anos de experiência com atividades de Saúde Única destacam a “relevância da extensão universitária como uma ferramenta crucial na promoção da saúde única, reforçando o compromisso com o bem-estar global”.
O Programa de Extensão “Porque a Saúde é Única!” será estruturado como uma série de projetos, planos e eventos de extensão, para que se atinjam os objetivos específicos listados anteriormente e novas demandas que se originarem não só da aplicação do programa de extensão, mas também das demandas geradas dentro da UEFS e das instituições parceiras (quando houver). Eixos de atenção Definimos eixos de atenção pelas comunidades e grupos a quem serão orientados os projetos, planos e eventos de extensão. Inicialmente identificamos alguns eixos de atenção que já são atendidos por planos de extensão da equipe ou que são atendidos dentro do escopo de projetos de pesquisa: - comunidade humana intracampus: representada por servidores docentes, servidores técnico-administrativos, servidores terceirizados, alunos de graduação e pós-graduação; - comunidade animal intracampus: representada por cães e gatos alojados nas dependências da UEFS, sejam nos departamentos e administração central, seja no Gatil; além disso, os animais silvestres e sinantrópicos, como saguis, sariguês, morcegos e aves também estão incluídos nessa comunidade; - comunidade escolar extra campus: representada por professores, alunos e suas famílias; e - comunidade da saúde: aqui reunimos tanto os profissionais da área da saúde que atuam junto ao Sistema Único de Saúde - SUS, em especial os agentes de endemias e os lotados em Unidades Básicas de Saúde - UBSs, como médicos, odontólogos, enfermeiras e agentes comunitários de Saúde - ACSs, bem como os próprios usuários do SUS, como aqueles atendidos em comunidades rurais de Feira de Santana e Santo Estevão. Projetos de longo prazo Por projetos de longo prazo entendemos aqueles que possuam cronograma em aberto, ou seja, com início, mas não necessariamente uma data de término, sendo renovados seus cronogramas a cada três anos. Iniciativas desse tipo serão criadas a partir das demandas da comunidade e da percepção da equipe do programa de ameaças à Saúde Única passíveis de intervenções pela equipe. Alguns destes projetos já são executados no escopo de iniciativas isoladas ou como resposta a demandas que as comunidades apontam aos membros da equipe durante a execução dos projetos de pesquisa. Desta maneira este programa deverá iniciar em torno da proposta dos seguintes projetos ou atividades de extensão de longo prazo: @zoonosesuefs Neste projeto pretende-se manter um canal ativo de divulgação científica e popularização da ciência, principalmente, mas não só, pelas mídias sociais. Desta maneira as postagens realizadas na fanpage do Instagram @zoonosesuefs continuarão a ser um canal preferencial para a divulgação de notícias, atividades e conteúdo de divulgação científica e popularização da ciência. Outro canal no mesmo sentido será a página web do Grupo de Pesquisa em Zoonoses e Saúde Pública . Outra atividade no escopo deste projeto é a produção de mídias impressas para divulgação dos conteúdos científicos e apoio aos projetos de extensão e pesquisa. Exemplos desse tipo de conteúdo são os posters e folhetos criados pela equipe para utilização durante o evento Noite do Morcego . A equipe do programa será orientada a colher sistematicamente as demandas de informações que as comunidades necessitarem para o pleno entendimento de conceitos e atividades realizadas nos projetos e planos de trabalho do programa de extensão. Eventualmente poderão ser coletadas informações sobre as concepções da comunidade sobre determinados assuntos, para que os materiais de divulgação possam ser produzidos de forma orientada para a demanda. Noite do Morcego (NMB/UEFS) A Noite do Morcego é um conjunto de eventos que objetivam esclarecer à população o papel dos morcegos na Natureza, diminuindo os preconceitos em relação a eles. Serão realizadas oficinas com alunos de escolas de ensino básico, durante o dia, enquanto no período da noite serão realizadas trilhas em parque, com estações onde monitores apresentarão aspectos sobre a ecologia e importância dos morcegos, bem como a exibição de animais vivos ou taxidermizados. Uma edição do evento foi realizada em 2023, em parceria com a Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC e Universidade Estadual de Maringá - UEM, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB pelo Edital POP Ciências. Em 2024 incluiremos a Universidade Federal do Oeste da Bahia - UFOB e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB na equipe executora, de forma a expandir as atividades para outras comunidades ainda não atendidas. Vigilância Epidemiológica de Zoonoses e Agravos à Fauna Sinantrópica do Campus da UEFS (VigiZoo/UEFS) O campus da UEFS possui uma fauna sinantrópica residente representada por 24 espécies de mamíferos, segundo levantamento do Setor de Mastozoologia do Museu de Zoologia, incluindo cães e gatos, além das espécies de répteis e aves que frequentam e habitam o campus. O projeto Mamíferos silvestres no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana , do Prof. Téo Veiga de Oliveira acompanha a população de mamíferos sinantrópicos no campus, e aqui pretendemos incluir a tomada de parâmetros de sanidade destes animais, incluindo a coleta de amostras de sangue, swabs de cavidade oral e retal, inicialmente para a detecção de anticorpos anti-Toxoplasma gondii, Adenovírus, Coronavírus e leveduras com potencial patogênico e biotecnológico. Além das espécies silvestres sinantrópicas, prevemos a coleta regular de amostras biológicas (sangue, fezes, swabs de secreções) de cães e gatos alojados no campus da UEFS, principalmente aqueles alojados no Gatil, para vigilância de enfermidades, principalmente as zoonóticas, mas também aquelas que possam causar epizootias de impacto na população destes animais, caso haja kits de diagnóstico e materiais disponíveis. Havendo recursos, poderá ser implementado um sistema de identificação com microchips, para auxiliar no controle do status vacinal e de controle de ecto e endoparasitos nesses animais, atividade em que este programa deverá auxiliar a Comissão de Animais do Campus - CAPAC. A equipe pretende auxiliar na realização regular de feiras de adoção e em campanhas para minimizar o abandono de animais no Campus e promoção da tutoria responsável. Devemos ressaltar que não se trata de projeto de pesquisa, mas sim de extensão, no sentido de criar um serviço de apoio a vigilância ativa de agentes causadores de zoonoses. Neste sentido a equipe já realizou treinamento com os servidores terceirizados, criando uma rede de atenção à mortalidade de animais no Campus, sendo os mamíferos direcionados ao diagnóstico da raiva, importante zoonose viral aguda e 100% fatal, que pode acometer também mamíferos domésticos e o homem. Assim, o LAC já vem realizando a coleta dos animais encontrados mortos no campus e realizando a coleta de amostras do sistema nervoso central para diagnóstico, que é conduzido no Laboratório Central de Saúde Pública - LACEN/BAHIA. A criação de um banco de amostras de animais sinantrópicos, objetivo complementar desta iniciativa, permitirá aos órgãos de vigilância epidemiológica realizarem investigações retrospectivas no caso de surtos ou epidemias de enfermidades zoonóticas, como a febre amarela, febre do Oeste do Nilo e Influenza Aviária, ou outras enfermidades de impacto econômico. Vigilância Epidemiológica Participativa (VEP/UEFS) O uso de plataformas digitais em computadores móveis e telefones celulares tem dinamizado a coleta de dados, permitindo a sua disponibilização em plataformas on line em tempo real, e orientando a tomada de decisões por agentes públicos e serviços privados. Nesse contexto, a equipe vislumbra o treinamento da comunidade intra e extra campus na utilização de duas plataformas de acesso gratuito para capturar dados, gerar mapas e guiar a tomada de decisões por agentes públicos ou privados em suas esferas de atuação. Da mesma forma, as comunidades usuárias também poderão utilizar as informações geradas para entender seus contextos de vida e orientar decisões comunitárias. Nesta atividade, a equipe criará cursos para utilização das plataformas, seja dentro de outros projetos, como o VigiZoo/UEFS e o Noite dos Morcegos, seja para outros públicos, de acordo com as demandas. Inicialmente, acadêmicos de ciências biológicas, ciências agrárias e da saúde, bem como alunos de mestrado e doutorado de áreas como Ecologia e Evolução, Modelagem e Botânica, poderão ser treinados no uso da plataforma Sistema de Informação em Saúde Silvestre - SISS-Geo . Este sistema da … FIOCRUZ é desenvolvido pela Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre, com apoio do Laboratório Nacional de Computação Científica. É gratuito, disponível em smartphones e na web, para o monitoramento da saúde dos animais silvestres em ambientes naturais, rurais e urbanos. Apoia a investigação da ocorrência de agentes causadores de doenças, como agentes infecciosos, que podem acometer pessoas e animais. Como instrumento de ciência-cidadã torna possível, a partir de registros realizados por cidadãos comuns, profissionais de saúde, meio ambiente, pesquisadores e especialistas em vida silvestre, agir para a prevenção e controle de zoonoses e a conservação da biodiversidade brasileira. (BRASIL, 2024, disponível em https://sissgeo.lncc.br/apresentacao.xhtml#about) O SISS-Geo tem sido usado com sucesso na vigilância cidadã aplicada a diversas enfermidades (CHAME et al, 2019), inclusive a febre amarela (CHAVES et al, 2020). De forma semelhante ao planejado para a plataforma SISS-Geo, a equipe poderá criar, dentro das atividades e projetos propostos, cursos e atividades dirigidas para a implantação de questionários e utilização da plataforma +Lugar . Apesar de ter o mesmo espírito do SISS-Geo, ou seja, a aplicação do conceito de ciência cidadã para a captura de informações georreferenciadas e orientação da tomada de decisões por usuários, gestores e comunidades, a plataforma +Lugar comporta a criação de áreas específicas para projetos ou iniciativas em particular, permitindo assim que sejam criados formulários de coleta de dados personalizados. Esta funcionalidade, ou seja, a criação de áreas e questionários específicos, ainda não está completamente disponível, mas estará acessível a equipe desta proposta, uma vez que um dos idealizadores da plataforma, Prof. Ricardo Lustosa, atualmente na UFOB, é colaborador do Grupo de Pesquisa em Zoonoses e Saúde Pública. Um adicional desta plataforma é permitir recursos de gamificação, o que dinamiza o uso do aplicativo, inclusive como ferramenta educativa (PLATAFORMA +LUGAR, 2022). Formação Continuada em Saúde Única (PSiU/UEFS) O Laboratório de Análises Clínicas e Parasitologia - LAC, do DBIO/UEFS, supera 20 anos de atividades de atendimento à comunidade universitária, à comunidade dos municípios da região de Feira de Santana, efetuando o diagnóstico parasitológico e outros exames de análises clínicas. Com o tempo suas atividades concentraram-se nos exames coproparasitológicos, atendendo principalmente às demandas do programa de extensão e dos projetos de pesquisa, incluindo aqui os trabalhos de conclusão de curso de graduação, especialização, mestrado e doutorado. Desta forma, a educação continuada em parasitologia clínica sempre foi uma faceta do trabalho desenvolvido no LAC. Com o aumento do escopo das atividades do laboratório nos últimos quinze anos, novas técnicas e atividades foram agregadas, principalmente relacionadas a manutenção de animais de experimentação (camundongos e galinhas), produção de antígenos e exames de detecção de anticorpos (técnicas de aglutinação, ensaio lateral e imunoensaios), bem como técnicas de diagnóstico molecular, como a reação em cadeia pela polimerase (PCR), a nested-PCR e a RT-PCR. Esse histórico, bem como as atividades e técnicas que serão agregadas ao laboratório com a aprovação deste programa de extensão, permitirão criar um portfólio de práticas para a formação continuada de profissionais em Saúde Única (PSiU/UEFS). O PSiU/UEFS abrirá vagas semestrais a profissionais em formação das áreas de ciências biológicas, ciências da saúde e ciências agrárias, mas não exclusivamente, para treinamentos em atividades de Saúde Única. Os candidatos serão submetidos a um processo seletivo e uma vez aprovados, terão um plano de trabalho individual, adequado a sua área e nível de formação, que contemple atividades em Saúde Única realizadas no LAC/UEFS e do Grupo de Pesquisa em Zoonoses e Saúde Pública - GPZSP/UEFS. A carga horária diária de cada trainee não poderá exceder quatro horas e a semanal, 12 horas, compatibilizando com a carga horária do programa de bolsas de extensão da PROEX/UEFS. Os selecionados serão inscritos na PROEX/UEFS como voluntários em programa de extensão, conforme Instrução Normativa 01/2021 . Projetos de curta duração Por projetos de curta duração entendemos os cursos, minicursos e oficinas, com carga horária de até oito horas, e os eventos de extensão de oferta única ou continuada, conforme a Instrução Normativa PROEX 02/2021 . Como relatado na Justificativa deste programa de extensão, a equipe proponente acumula uma série de eventos nos últimos anos, com destaque para Estudos Epidemiológicos no QGis de 2017, o V Summer Class Field Epidemiology de 2018, Zoowebinar em Tempos de Pandemia promovidos entre 2020 e 2021, o RSBM2021 de 2021, as palestras de Saúde Única Aplicada entre 2020 e 2023), o Seminário COVID-19: Desafios e Perspectivas de Controle da COVID19 de 2022, o ciclo de palestras Saúde Única na Chapada Diamantina: COVID-19 e outras zoonoses de 2022, o Seminário de Vigilância Genômica de 2023 e o ciclo de palestras, curso de formação de monitores e oficinas de artes associadas ao evento “Noite do Morcego” de 2023, além do recente II Seminário Intermunicipal de Prevenção, Controle e Diagnóstico da Dengue, realizado em abril de 2024. Como os eventos relatados acima, as propostas a serem realizadas no escopo deste programa de extensão terão temática variada, dependendo das demandas apresentadas pelas comunidades atendidas. A princípio serão dirigidos para atender a demanda dos projetos associados, como a divulgação científica e a popularização da ciência, vigilância epidemiológica, mapeamento colaborativo, saúde única, mas poderão abranger outros temas de acordo com as necessidades da equipe deste programa, dos departamentos associados, da própria UEFS, e das comunidades externas sendo atendidas. Poderão ser presenciais ou remotos, e neste caso preferencialmente utilizando o canal YouTube do GPZSP/UEFS.
Criar um portfólio de atividades que possam promover a Saúde Humana, Saúde Animal e Saúde Ambiental, ou seja, a Saúde Única, com um olhar em especial (mas não exclusivo) para a prevenção de enfermidades zoonóticas, para atendimento de necessidades da comunidade acadêmica e das comunidades atendidas pela Universidade Estadual de Feira de Santana e seus parceiros.
- Criar projetos de divulgação científica e popularização da ciência; - Criar projetos de formação continuada de profissionais nas diversas áreas do conhecimento, bem como para os membros das comunidades escolares e da comunidade civil, atendendo às demandas geradas por essas comunidades ou emergentes dos projetos de extensão e pesquisa; - Criar projetos de fomento a utilização de mídias digitais, inclusive aplicativos de mapeamento colaborativo, para criação de uma cultura de participação social no diagnóstico de problemas e potencialidades, bem como para a proposição, implementação e avaliação das soluções às demandas geradas; e - Colaborar com os órgãos públicos da área ambiental e da saúde na vigilância e prevenção de agravos, infecciosos ou não, que ameacem a Saúde Única
A proposta de um Programa de Extensão em Saúde Única, ora denominado Porque a Saúde é Única! confunde-se com a contratação deste coordenador de proposta, Aristeu Vieira da Silva, pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, em março de 2010. Depois de um breve período de adaptação, iniciamos atividades de pesquisa, cadastrando na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação o Grupo de Pesquisa em Zoonoses e Saúde Pública . Desde o início o grupo, que ora abreviamos para zoonosesuefs, expandiu seu interesse inicial na parasitologia para um campo mais abrangente, o das enfermidades zoonóticas. As primeiras pesquisas estavam associadas a enfermidades zoonóticas parasitárias em comunidades rurais, mas logo ficou clara a demanda de ações extensionistas que dessem conta não só das demandas próprias das populações humanas e animais destas comunidades, mas também da necessidade de formação continuada dos profissionais envolvidos nesse atendimento, notadamente os agentes comunitários de saúde - ACS. Assim, devido às demandas ligadas à extensão no projeto “Prevalência e fatores de risco para as infecções por Toxoplasma gondii e enteroparasitos em cães e humanos de uma comunidade rural no estado da Bahia” (Edital 025/2010 Universal/FAPESB) nos associamos a equipe do Programa de Extensão “Estudos Parasitológicos na Microrregião de Feira de Santana-Bahia” (Resolução CONSEPE 07/1999), sob coordenação da Profa. Dra. Simone Souza de Oliveira. De forma similar, a aprovação do projeto UNIVERSAL/FAPESB “Pesquisa de fatores associados à incidência de toxocaríase e toxoplasmose humana em comunidade rural” (Resolução CONSEPE 078/2016) , exigiu uma atenção especial para que se observassem as necessidades e anseios da população rural da área estudada. Em 2011 aprovamos o projeto de popularização da ciência “Descobrindo a Ciência pela Parasitologia” (Edital 029/2010 Popularização das Ciências / Educação Científica/FAPESB). Nesta proposta atuamos junto a uma escola de educação básica do município de Feira de Santana explorando a realização de um projeto de pesquisa como uma forma de complementar o ensino e a popularização das ciências. Enquanto evento de divulgação científica, em 2012, o grupo de pesquisa realizou seu I Simpósio de Integração Graduação-Pós-Graduação do Grupo de Pesquisa em Zoonoses e Saúde Pública , dirigido não apenas ao público universitário, mas também à população em geral. Reunindo extensa gama de docentes, técnicos e alunos, durante o período de 2013 a 2016 executamos o projeto “Popularização da Ciência e Alfabetização Científica: formação continuada de Professores e alunos da rede pública de ensino do Município de Feira de Santana na descoberta de Novos Talentos” (Edital Novos Talentos/CAPES, AUXPE 23038.004511/2013-00). Este projeto multidisciplinar reuniu equipes nas áreas de saúde ambiental, zoologia, letramento e astronomia, para levar educação continuada a professores das escolas de ensino fundamental, bem como descobrir novos talentos entre os alunos. A Educação Continuada, seja de forma complementar aos curricula obrigatórios para os cursos de graduação e pós-graduação, seja para professores da rede de ensino fundamental, bem como para profissionais das mais variadas áreas, também tem sido sempre uma preocupação da equipe zoonosesuefs, traduzindo-se em eventos como Estudos Epidemiológicos no QGis (2017), V Summer Class Field Epidemiology (Edital CAPES PAEP 35/2017, AUXPE 0138/2018), Zoowebinar em Tempos de Pandemia (2020-2021), RSBM2021 - Oficinas em Revisão Sistemática, Bibliometria e Metanálise (evento PROEX 50/2021), a disciplina de Saúde Única Aplicada na pós-graduação, em parceria com a UNOESTE e a UFPR (2020-2023), Seminário COVID-19: Desafios e Perspectivas de Controle da COVID19 (2022), Saúde Única na Chapada Diamantina: COVID-19 e outras zoonoses (2022), Seminário de Vigilância Genômica (2023) e a “Noite do Morcego” (Termo de Outorga APR0014/2023, Edital 008/2023 Popularização das Ciências / Educação Científica/FAPESB, 2023). Recentemente a equipe zoonosesuefs passou a integrar as equipes dos projetos multiinstitucionais Instituto Nacional de Pesquisa em Toxoplasmose Humana e Animal: Uma Visão de Saúde Única (aprovado pela Universidade Estadual de Londrina no Edital INCT/CNPq) e Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semiárido (aprovado pela UEFS no Edital PPBio/CNPq). Ambas as propostas são projetos amplos, com atividades específicas para o atendimento das demandas das populações que participarão dos estudos, entre elas o diagnóstico de toxoplasmose e agentes de infecções emergentes, bem como a educação continuada de professores e agentes de saúde, por exemplo, ou mesmo atividades voltadas para a divulgação científica junto a áreas de preservação ambiental. Apresentamos algumas das atividades realizadas pela equipe zoonosesuefs que reputamos atenderem a uma população abrangente, formada por docentes, alunos e servidores da UEFS e outras instituições, agentes comunitários de saúde, agentes de controle de endemias e outros profissionais de saúde, bem como escolares e suas famílias, além da população atendida no sistema público de saúde. Em parte estas atividades são dirigidas a doenças parasitárias e seus impactos sobre a população humana e animal, mas devido às necessidades da comunidade e as múltiplas formações da equipe zoonosesuefs, os temas urgentes a serem abordados ultrapassam o escopo das enfermidades parasitárias, envolvendo inclusive as questões ambientais, como o desmatamento, as questões relacionadas à qualidade da água e saúde dos corpos hídricos, e os efeitos das mudanças climáticas na saúde animal e saúde humana. Justificamos, a partir da trajetória de atividades da equipe, bem como das múltiplas necessidades da comunidade intra e extra campus UEFS, a oportunidade e urgência de uma proposta de programa de extensão que possa abordar o cuidado à saúde de uma forma ampla, olhando as necessidades de promoção da saúde humana, da saúde animal e da saúde do ambiente, integradas numa proposta de olhar e cuidar da Saúde Única. Particularmente, apontamos duas necessidades/oportunidades urgentes: 1. Promoção da prevenção de enfermidades zoonóticas e da posse responsável, seja dentro do campus da UEFS, seja na população do entorno, visando diminuir o abandono de animais no campus, e com isso prevenir a ocorrência de agravos a seres humanos, o impacto sobre a fauna silvestre do campus e promovendo o bem-estar animal de uma forma geral; 2. Implantação e promoção da utilização de aplicativos de mapeamento colaborativo, pela comunidade acadêmica, num primeiro momento, mas também pela comunidade dos municípios de atuação do programa de extensão, de forma a criar uma cultura de participação popular no mapeamento de demandas urgentes para a comunidade, bem como das potencialidades destes locais. Propõe-se, neste programa, que profissionais de diferentes áreas e competências integrem uma equipe multidisciplinar para propor projetos e eventos que visem cumprir os objetivos do programa. Esta equipe está descrita no início desta proposta de programa, sendo em grande parte formada por servidores docentes e servidores técnico-administrativos que já atuam em programa de extensão e de pesquisa associados ao Laboratório de Análises Clínicas e Parasitologia - LAC/UEFS do Departamento de Ciências Biológicas (DBIO). Além disso, colhidas as devidas anuências institucionais, docentes e servidores de outros departamentos da UEFS e outras instituições poderão vir a compor a equipe de trabalho, uma vez que solicitem ou sejam convidados a participar do programa.
Histórico de movimentação
23-07-2024 12:11:01
Criação da proposta
23-07-2024 14:24:19
Parecer da Câmara de Extensão
Resolução CONSEPE publicada.
23-07-2024 14:23:44
Ativo
Projeto ativo após aprovação da Câmara de Extensão.
23-07-2024 14:24:19
Aprovado
Resolução CONSEPE publicada.
29-07-2024 16:38:08
Ativo
Projeto ativo na PROEX após aprovação pela Câmara de Extensão.