CICLOS DE AÇÃO COMUNITÁRIA PARA O FORTALECIMENTO PSICOSSOCIAL DA CIDADANIA E DO BEM-ESTAR SOCIAL EM DIFERENTES TERRITÓRIOS BAIANOS #29

Coordenador:
José Fernando Andrade Costa
Data Cadastro:
10-04-2023 18:45:20
Vice Coordenador:
Nelmira Moreira da Silva
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
José Fernando Andrade Costa
Tipo de Atividade:
Programa
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
Indeterminado
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Área de Psicologia,

Resolução Consepe 101/2020
Processo SEI Bahia 07134002020000956311
Situação Ativo
Equipe 23

O Programa tem como objetivo geral promover um conjunto de atividades de extensão universitária, articuladas com ensino e pesquisa, que utilizem preferencialmente a metodologia dos Ciclos de Ação Comunitária, visando o fortalecimento psicossocial da cidadania e o bem-estar social em diferentes territórios baianos. Os Ciclos de Ação (CA) são intervenções sociais planejadas em uma série de oito encontros periódicos e participativos realizados com uma determinada comunidade. O conteúdo e objetivo específico de cada CA são definidos, em cada momento, de acordo com as necessidades e recursos da comunidade. Ao longo do processo de cada ciclo são realizadas, de forma paralela, reuniões de acompanhamento e supervisão das ações com o subgrupo de facilitadores-executores e a coordenação do projeto. Pode ocorrer mais de um ciclo, simultaneamente. Todas as ações são baseadas no princípio de ação-reflexão-ação, executadas preferencialmente por estudantes, e acompanhadas semanalmente pelo coordenador do programa. Para capacitação da equipe, serão realizados encontros semanais de Grupo de Estudos sobre Psicologia Comunitária. O Programa irá atender, nos primeiros 24 meses, um público variado de moradores em cinco comunidades circunvizinhas ao campus da UEFS: 1) Conjunto Feira VI, 2) Campo Limpo, 3) Novo Horizonte, 4) Papagaio e 5) Lucas da Feira. A avaliação dos resultados será contínua, a partir de supervisão técnica, socialização dos resultados, registro via formulários e produção de relatórios institucionais. Os resultados e a produção de relatórios e comunicações de experiência decorrentes dos CA realizados serão divulgados tanto para a comunidade acadêmica quanto para as comunidades participantes.
A Psicologia Comunitária latino-americana A base teórica que fundamenta o Programa advém da Psicologia Comunitária (PC) latino-americana (Costa, 2015; Freitas, 1996; Gois, 2008; Montero, 2003, 2004, 2006, 2012; Montero & Serrano-García, 2011; Vasconcelos, 1985). É possível afirmar que o campo da PC desenvolvido nos países latino-americanos desde a década de 1970 encontra-se hoje relativamente bem consolidado. Há um prolífico debate sobre a constituição histórica e definição desse campo nas últimas cinco décadas (Freitas, 1996; Gois, 2008; Lacerda Jr., 2010; Gonçalves & Portugal, 2016). Segundo Montero (2011), ainda que sejam muitas as disputas de sentido e as confusões sobre esse campo e sobre como denominá-lo, algumas ideias básicas parecem ser consenso: a ideia de complexidade e a ideia de justiça social. A ideia de complexidade diz respeito à configuração do campo em torno de seu objeto: a comunidade e as relações comunitárias. Trata-se de um objeto complexo e multifacetado, que escapa à definição ao projetar-se constantemente à construção de novas relações e experiências. Para fins de atuação, comunidade costuma ser entendida como um grupo social dinâmico, caracterizado por um sentimento de pertencimento (seja pelo território, pela identidade ou por uma história comum) cujos membros se reconhecem enquanto grupo, independente da qualidade das relações que estabelecem entre si (sejam amistosas, solidárias ou marcadas por conflitos) ou, como bem resume o poeta Carlos Drummond de Andrade, “não há nada mais abstrato do que a comunidade, e nada mais concreto quando nos declaramos seus representantes”. À complexidade do objeto seguem-se diversas dificuldades metodológicas. Por isso a PC é necessariamente interdisciplinar do ponto de vista dos recursos para pesquisa e para ação. São utilizados métodos e técnicas da Antropologia, da Sociologia, da Educação Popular, entre outras. De modo geral, o método por excelência da PC é a Pesquisa-Ação Participativa, tal como desenvolvida na América Latina a partir das contribuições de Kurt Lewin, Orlando Fals-Borda e Paulo Freire (Montero, 2006). Isso remete à outra ideia básica do campo: a justiça social. Em outras palavras, numa sociedade marcada pela injustiça e por desigualdades sociais como a vigente, pode-se dizer que a PC orienta-se para a transformação social. Essa orientação se traduz em um campo teórico-prático baseado em conceitos como conscientização, desideologização e fortalecimento psicossocial comunitário. Por conscientização entende-se o processo de mobilização da consciência, isto é, a faculdade de dar sentido a si mesmo e ao mundo, em direção ao desvelamento crítico da realidade para melhor decidir sobre como agir sobre ela. Associado ao conceito de conscientização é fundamental a desideologização da experiência cotidiana (Martín-Baró, 1998). Esse conceito refere-se à capacidade dos membros das comunidades mobilizarem sua consciência a respeito das estruturas ideológicas que sustentam injustiças e dominação. Por fim, o conceito de fortalecimento psicossocial comunitário diz respeito ao empoderamento de indivíduos e/ou grupos comunitários para o exercício ativo da cidadania (Montero, 2003). Uma última noção-chave que falta a esta sucinta exposição do campo da PC é a ideia de “ação comunitária”, tal como apresentada por Montero (2012). Ao invés da ideia de “intervenção” – geralmente associada a uma imposição feita por agentes externos segundo seus próprios interesses –, a autora prefere desenvolver a ideia de ação comunitária enquanto uma forma de buscar a mudança social na comunidade, com a comunidade e para a comunidade. Trata-se de uma perspectiva relacional que assume as aspirações, necessidades e recursos presentes na própria comunidade como ponto de partida e meio para o desenvolvimento das ações transformadoras. Trata-se, portanto, de uma forte inspiração – largamente tributária dos círculos de cultura da Educação Popular de Paulo Freire – para a construção de um programa de extensão universitária destinado ao desenvolvimento de projetos de ação comunitária. Essa intencionalidade característica da PC pode beneficiar-se de uma pluralidade de métodos e técnicas oriundos dos mais diversos campos, tornando-a aberta ao constante diálogo interdisciplinar. É esperado, portanto, que docentes de diferentes áreas do conhecimento sejam convidados e possam vir a propor projetos e atividades extensionistas no Programa “Ciclos de Ação Comunitária”. Os elementos básicos para articular diferentes saberes e práticas são os conceitos de fortalecimento psicossocial da cidadania e a promoção do bem-estar da população. Fortalecimento psicossocial, cidadania e bem-estar no trabalho comunitário Convém explicar melhor o entendimento de alguns conceitos básicos do Programa. Devemos sempre levar em consideração que o trabalho comunitário visa facilitar o desenvolvimento das condições psicossociais necessárias para que as próprias comunidades (indivíduos ou grupos organizados) possam transformar suas situações de vida para melhor, isto é, garantir a efetivação de seus direitos básicos e exercer ativamente a cidadania. Por isso, como indicado no tópico anterior, um dos principais objetivos do trabalho comunitário é o fortalecimento psicossocial. Maritza Montero define o fortalecimento comunitário como “o processo mediante o qual os membros de uma comunidade ou um grupo – membros de grupos organizados dentro dessa comunidade ou pessoas interessadas em promover e lograr uma mudança sobre alguma circunstância que afeta essa comunidade ou grupo – desenvolvem conjuntamente capacidades e recursos para controlar sua situação de vida (em um momento específico); atuando de maneira comprometida, consciente e crítica, para lograr a transformação das condições que julgam negativas ou que devem ser modificadas segundo suas necessidades e aspirações, transformando ao mesmo tempo a si mesmos” (Montero, 2003, p.72). Esse processo corresponde ao que na literatura costuma ser denominado “empoderamento” ou “potenciação”. Trata-se, em suma, de atuar coletivamente de modo a favorecer a construção de novas maneiras de lidar e enfrentar os desafios da realidade, desenvolvendo a reflexão crítica, o respeito pelo outro e a participação política no cotidiano. Fortalecimento psicossocial significa, portanto, desenvolver uma práxis de transformação da realidade social, que envolva tanto a participação política (comunitária) como aspectos psicológicos individuais dos atores sociais envolvidos. Como apontam os estudos de Zimmerman e Rappaport (1988, citados por Montero, 2003, p.76) o sentido do fortalecimento no nível psicológico se desenvolve com maior rapidez quando o indivíduo passa a tomar parte em atividades destinadas a influir sobre decisões políticas; quando estabelece um compromisso com outras pessoas; quando assume maiores responsabilidades; e quando se impulsiona para a solução coletiva de problemas que afetam seu cotidiano. No entanto, como ressalta Montero (2003), o fortalecimento é um processo difícil e moroso, que não é definitivo, mas requer continuamente a mobilização das potencialidades individuais e coletivas das pessoas e grupos nas comunidades. É um processo que se dá na práxis do trabalho comunitário entre agentes internos e externos ao grupo ou comunidade. Na perspectiva adotada neste Programa de Extensão, o conceito de fortalecimento psicossocial é enquadrado no horizonte da cidadania. Cidadania é uma palavra muito empregada em projetos e programas sociais, mas raramente é submetida a um exame crítico para elucidar seus sentidos (Costa & Galeão-Silva, 2018). Em geral, cidadania é definida como um status ou adscrição social que confere aos membros de uma reconhecida comunidade política determinados direitos e deveres, liberdades e restrições, poderes e responsabilidades. Visando conhecer os fenômenos que dão substância à noção moderna de cidadania, é possível descrever três dimensões fundamentais: legal, política e identitária. Na dimensão legal (ou institucional) situam-se as instituições e o estatuto propriamente jurídico dos direitos civis, políticos e sociais; na dimensão política (ou ativa) da cidadania estão as práticas de mobilização e luta dos movimentos e coletivos sociais pela efetivação, criação e ampliação dos direitos; e na dimensão identitária (ou psicológica) da cidadania encontram-se o senso de pertencimento e o grau de reconhecimento social recebido por cidadãos e cidadãs em termos de equidade e respeito à diferença. Essas três dimensões encontram-se entrelaçadas e é difícil precisar os limites de cada uma. Não obstante, é possível afirmar que no horizonte do fortalecimento psicossocial da cidadania essas três dimensões são criticamente observadas, de modo a garantir tanto a efetivação de direitos (cidadania legal), quanto a possibilidade de lutar para alargá-los (cidadania política/ativa), bem como realizar, como sentimento ou fato psicológico, o reconhecimento da dignidade da pessoa humana em uma comunidade política (cidadania identitária). Por fim, o último conceito básico atrelado ao Programa de Extensão “Ciclos de Ação Comunitária” é o bem-estar. Neste caso, não se trata de buscar uma definição restrita para o bem-estar psicológico ou comunitário. Pelo contrário, trata-se de entendê-lo num sentido bastante amplo, de modo a incluir tudo o que uma sociedade estabelece como parâmetro para uma vida boa. No entanto, é praticamente impossível definir o que constitui uma vida boa, pois o que é considerado bom para uma pessoa ou grupo pode ser ruim para outros. É mais fácil dizer o que significa uma vida ruim, cruel, mal-realizada, marcada pelo sofrimento e pela injustiça do que determinar a “vida boa”. Esse é um problema filosófico fundamental para a construção de uma perspectiva crítica da sociedade e de seus processos. Ao invés de nos levar a um beco sem saída, podemos recolocar o problema do bem-estar agora em termos negativos, isto é, de que podem ser consideradas como promotoras do bem-estar todas aquelas ações que visam retirar, suplantar e impedir situações concretas de sofrimento e mal-estar. Desse modo, podemos desenvolver os “Ciclos de Ação” junto a diferentes comunidades com o compromisso ético-político de buscar uma transformação efetiva, por mais circunstancial que seja, mas cujo horizonte é o bem-estar social da população. Em suma, trata-se de fazer a crítica da dominação tendo em vista a construção de uma sociedade emancipada. Como nos diz Adorno (2008, p.153): “Não é a dormência da humanidade no bem estar que deveríamos temer, mas a brutal ampliação da onipresença da sociedade disfarçada na onipresença da natureza, a coletividade como fúria cega do fazer. A ingênua aceitação do caráter supostamente inequívoco da tendência do desenvolvimento no sentido do incremento da produção já é por si aspecto daquela burguesia que restringe o desenvolvimento a uma única direção porque, soldada em totalidade e dominada pela quantificação, é hostil à diferença qualitativa. Quando a sociedade emancipada é pensada como emancipada justamente dessa totalidade tornam-se visíveis linhas de fuga que pouco têm em comum com o incremento da produção e suas figurações humanas”. Mais do que esperar, na presença do desespero, ver as coisas tal como se apresentam do ponto de vista da redenção, trata-se de buscar na comunidade os indícios dessas linhas de fuga de uma boa vida perspectivada. Por isso, o bem-estar social é aqui entendido como diferente do bem-estar psicológico enquanto mera adaptação ao existente e, além disso, a crítica da ideologia, no sentido forte do termo, é assumida como condição necessária à emancipação. Situação-problema que motiva a proposição deste Programa de Extensão Como destacado na Justificativa, a motivação para propor um Programa de Extensão em Psicologia Comunitária decorre de uma série de fatores: a organização e planejamento da carreira docente na UEFS; a familiarização com o território e o desenvolvimento de componentes curriculares voltados para o trabalho comunitário; a aproximação entre a UEFS e a comunidade externa; o fortalecimento da extensão universitária, entre outros que poderiam ser elencados. No entanto, talvez a principal situação que me motivou a propor este projeto tenha sido a procura de estudantes de psicologia por práticas de intervenção comunitária. Alguns eventos corriqueiros do cotidiano me chamaram a atenção, logo que ingressei na UEFS. Vindo da capital paulista, tenho pouca experiência com comunidades rurais e sei que leva algum tempo para me inserir e familiarizar com novas comunidades, em um novo território. No entanto, nos meus primeiros dias de UEFS fui procurado por estudantes que gostariam de realizar atividades de extensão ou orientação de pesquisa comigo. Falavam sobre a possibilidade de desenvolver intervenções em comunidades rurais e me contavam sobre a literatura que conheciam sobre o tema. Foi nessas conversas acaloradas e bastante agradáveis que eu descobri, por exemplo, o Projeto de Extensão CAT (“Conhecer, Analisar e Transformar a Realidade do Campo na Construção do Desenvolvimento Territorial Sustentável”) e fiquei sabendo da existência do MOC (“Movimento de Organização Comunitária”). Fiquei conhecendo um pouco da realidade das comunidades rurais e quilombolas, bem como suas necessidades e lutas por transformação. Também pude refletir sobre ações extensionistas direcionadas à construção do campo da Psicologia Comunitária no estado da Bahia, propondo a articulação com outras Universidades para, quem sabe, em um futuro próximo criarmos algo como uma Rede Baiana de Psicologia Comunitária. Como já mencionado anteriormente, também fui me familiarizando com o Conjunto Feira VI. Descobri a existência de grupos de ação coletiva como o Sou Ubuntu, que fundou a primeira Comunidade de Aprendizagem de Feira de Santana. Também conheci lideranças e moradores destacados, como o pároco da Igreja Católica e o proprietário do famoso bar “Módulo 8”. Aos poucos, fui tecendo uma compreensão inicial das inúmeras possibilidades de ação frente a desafios igualmente incontáveis. Como exemplo, a visita à ocupação conhecida como “Quilombo Lucas da Feira” deixou evidente que há famílias vizinhas à UEFS que muito poderiam se beneficiar dos serviços da universidade. No mesmo sentido, pude observar que a UEFS possui diversos serviços de qualidade abertos à população, mas que não necessariamente atingem um público maior do que o da própria comunidade acadêmica ou, quando muito, do Conjunto Feira VI. Isso me fez pensar em uma proposta de extensão universitária que pudesse incluir em sua própria metodologia a perspectiva de articulação e mobilização dos serviços e recursos existentes para buscar atender necessidades das comunidades. Delimitação da proposta básica do Programa A partir dessas inquietações e do referencial teórico e seus pressupostos éticos e políticos, espero que o Programa possa desenvolver uma metodologia de intervenção: os “Ciclos de Ação Comunitária”. Não seria totalmente adequado dizer que se trata de uma metodologia original ou inovadora, pois os princípios básicos dessa proposta são conhecidos e eventualmente utilizados em diversas pesquisas e intervenções nos campos da Educação, das Humanidades e da Saúde. Há diversas formas diferentes de utilizar a dinâmica do “ciclo” para atividades coletivas. Este Programa é inspirado em referências como a Educação Popular de Paulo Freire, na Sociologia Militante de Orlando Fals-Borda e na perspectiva de Grupos Operativos de Enrique Pichon Rivière. No entanto, a metodologia que se propõe aqui é mais modesta e flexível, para dar conta de uma pluralidade de iniciativas, tendo apenas como ponto de ancoragem as necessidades das comunidades e o horizonte de transformação social. Em linhas gerais a ideia dos “ciclos” refere-se a intervenções sociais planejadas compostas basicamente por quatro fases: 1) Identificação de necessidades ou problemas; 2) planejamento de ações; 3) execução das ações planejadas; e 4) avaliação e encaminhamentos. Cada “Ciclo de Ação” corresponde a uma série de oito encontros periódicos na comunidade nos quais um subgrupo de facilitadores estabelece junto a agentes internos convidados os objetivos de uma ação comunitária a ser desenvolvida durante o ciclo e socializada ao final com outros agentes internos. O conteúdo de cada ciclo é definido de acordo com as necessidades e recursos dos participantes, em cada momento. Ao longo do processo de cada ciclo são realizadas, de forma paralela, reuniões de avaliação e de preparação das ações com o subgrupo de facilitadores e a coordenação do projeto. Podem ocorrer mais de um ciclo, simultaneamente. Todas as ações são baseadas no princípio de ação-reflexão-ação e acompanhadas semanalmente pela coordenação do projeto e por membros dos subgrupos executivos (facilitadores).
Metodologia dos “Ciclos de Ação Comunitária” Cada Ciclo de Ação (CA) partirá de um Plano de Ação (PA) elaborado pelo coordenador, membro ou grupo da Equipe do Programa. Serão realizados dois tipos de reuniões semanais de trabalho: às segundas-feiras, da Equipe Ampliada do Programa (EAP), e às sextas-feiras, das Equipes Executivas (Exec) que será composta preferencialmente por um(a) estudante e um(a) voluntário(a). As reuniões da EAP irão pautar o andamento dos CA de forma geral e a formação em Psicologia Comunitária, como um grupo de estudos. As reuniões da Exec são destinadas à supervisão e ao estudo de metodologias específicas para cada CA. Os ciclos serão realizados aos sábados, pela manhã, salvo nos casos em que houver justificativa técnica para melhor dia e horário. O PA de cada ciclo consistirá em um conjunto de oito encontros na comunidade. Esses encontros poderão ser semanais ou quinzenais, a depender do tipo de ação, totalizando dois ou quatro meses para cada ciclo. Nesse período determinado serão desenvolvidas as ações planejadas pela equipe proponente, junto com os agentes internos da comunidade (público-alvo). A estrutura de cada novo ciclo é composta basicamente por quatro fases: 1) Identificação de necessidades ou problemas; 2) planejamento de ações coletivas com a participação da comunidade; 3) execução das ações planejadas; e 4) avaliação e encaminhamentos. No último encontro de cada ciclo o grupo deve apresentar um “produto” para a EAP, que pode ser um relatório escrito, um portfólio ou uma outra forma de síntese do CA. Seguindo a lógica dos “ciclos”, espera-se que ao término de um CA sejam identificadas novas formas de dar continuidade ao trabalho com o mesmo grupo/comunidade. Ou seja, cada término de CA pode ser visto como oportunidade para o começo de outro(s) CA(s). Essa lógica difere do formato comumente adotado por intervenções tradicionais planejadas conforme os interesses dos agentes externos, que costumam trabalhar com um formato de “pacote fechado”, isto é, a aplicação de determinados métodos previamente formulados por especialistas visando obter o resultado esperado para tal planejamento. A lógica dos Ciclos de Ação Comunitária é relativamente diferente, na medida em que se caracteriza por seu um processo aberto. Isso não significa que não há planejamento ou métodos bem definidos que devam ser seguidos com rigor, mas apenas que os resultados de cada ação devem ser buscados em constante diálogo com a comunidade e para a comunidade. Desse modo, o trabalho comunitário deve estar sempre aberto a se renovar para lidar com novas demandas comunitárias. Trata-se de um “final aberto”, como diz Maritza Montero (2006, p.351-352): “el informe final de un trabajo comunitario suele ser el peldaño para la siguiente tarea y, como vemos, de hecho, a lo largo de esa labor, continuamente se están abriendo y cerrando procesos sobre los cuales es necesario dar cuenta, a los cuales es preciso analizar, evaluar, corregir y también festejar. Esta evaluación continua no sólo tiene un efecto de retroalimentación sino que, además, bien llevada constituye un factor de estímulo para lograr más y mejores metas. Es parte además de la fragmentación estratégica para el alcance de metas de largo plazo, cuya lejanía podría descorazonar a muchos al ver como inalcanzable el objetivo deseado. Sin embargo, operaciones específicas más accesibles pueden ser cumplidas dentro de lapsos relativamente cortos. Y esos éxitos a su vez fortalecen no sólo el compromiso y la participación de muchas personas, sino además su confianza en el futuro y la esperanza activa de que es posible transformar el mundo”. Figura 1 – Esquema básico de um Ciclo de Ação Comunitária. O registro descritivo de cada Ciclo realizado, para fins de composição do “Arquivo de Ciclos de Ação Comunitária”, dar-se-á por meio de instrumento específico criado pela coordenação do Programa, após a conclusão do CA e independente dos resultados obtidos. Isso significa que mesmo se eventualmente algum ciclo não for completado, será produzido um registro. Essas informações são essenciais para a avaliação e correção dos rumos dos CA propostos. Mensalmente, a EAP irá avaliar o andamento do(s) ciclo(s) (poderão ocorrer ciclos simultâneos). As Exec reunir-se-ão com o professor coordenador do programa semanalmente, para fins de supervisão. Ao término de cada ciclo completo, caso haja uma avaliação positiva, poderá ser iniciado um novo ciclo. Considera-se oportuno intercalar cada ciclo de ação com um “Ciclo de Formação” (CF), de menor duração (quatro encontros), a ser realizado na Universidade com o objetivo de capacitar equipe e membros da comunidade acerca de um tema relevante desenvolvido durante o CA. Essa etapa de formação poderá servir para qualificar tecnicamente a proposição de um novo PA, de acordo com as necessidades da comunidade. Figura 2 – Esquema de sequência de Ciclos de Ação, Formação Ação. O público-alvo dos grupos que serão formados em cada CA pode variar. Por exemplo: um ciclo voltado para educação em direitos humanos com adolescentes poderá acontecer semanalmente na escola pública; outro ciclo, voltado para autocuidado e promoção da saúde com moradores do bairro poderá acontecer na Unidade de Saúde ou na praça; um ciclo sobre saúde mental com universitários poderá acontecer no espaço de uma ONG... São muitas as possibilidades de ciclos. Algumas ideias já foram feitas por estudantes, docentes, lideranças locais; outras possibilidades foram identificadas a partir das atividades de estágio; e tantas outras poderão vir a compor esse Programa de extensão. Detalhamento: PA, EAP, Exec, Arquivo Plano de Ação: é o documento apresentado ao Programa que detalha a execução de um Ciclo de Ação. Deve conter: 1) descrição da proposta do Ciclo; 2) Localidade e público-alvo; 3) Forma de aproximação à comunidade; 4) Métodos e técnicas de execução do Ciclo; 5) Descrição dos objetivos de cada encontro do Ciclo; 6) Forma de avaliação e exposição dos resultados. O PA difere do Plano de Trabalho apresentado ao PIBIEX quanto à forma e escopo, pois é mais sucinto. No entanto, os PAs devem seguir conteúdo do Plano de Trabalho. Por exemplo: um único Plano de Trabalho de estudante Bolsista PIBEX pode prever a realização quatro CAs de dois meses cada, durante o período de vigência de uma bolsa anual. Nesse caso, inicialmente seriam apresentados ao Programa quatro PAs, durante o período de vigência da Bolsa. Porém, um novo PA pode surgir em decorrência das demandas da comunidade, que pode demandar um Ciclo específico. Neste caso, se o(a) estudante bolsista participar desse novo CA, ao término do período da Bolsa será relatada a execução de cinco CA(s), com a devida justificativa. É importante frisar que essa abertura é necessária para que o Programa possa se adequar às necessidades da comunidade e não o contrário. Assim, em alguns casos, talvez um novo PA seja elaborado a partir do convite a outros membros da comunidade universitária, interessados em contribuir com o Programa. Por exemplo, caso seja identificada a necessidade de um CA para enfrentar um problema específico, como por exemplo, atenção às crianças de uma comunidade, então, nesse caso, poderá ser apresentado um PA em parceria com setores da universidade que têm expertise nesse assunto, como a Brinquedoteca, o CEB, etc. Cada vez que houver qualquer mudança na composição da Equipe do Programa, isto será devidamente comunicado à PROEX. Equipe Ampliada do Programa: são considerados membros da EAP todas as pessoas que tenham interesse e disponibilidade em participar das reuniões semanais, às segundas-feiras. Não é necessário um vínculo formal para participar dessas reuniões, que são abertas a estudantes, docentes e pessoas da comunidade. As reuniões da EAP têm o caráter de um Grupo de Estudos sobre Psicologia Comunitária. Eventualmente são apresentados os resultados de CA(s), no formato de comunicação oral de trabalho acadêmico, para fins de socialização e discussão coletiva. Discussões mais técnicas e sobre aspectos éticos relacionados ao desenvolvimento dos CA(s) são realizadas nas reuniões de supervisão restritas às equipes executoras (Exec). Essa abertura das reuniões da EAP pretende tornar o Programa convidativo à participação de novos integrantes e à proposição de novos CA(s). No entanto, para propor um CA espera-se uma formação básica em Psicologia Comunitária, que pode ser obtida pela participação nas reuniões da EAP. Dessa forma, o Programa estará aberto à participação de quem tiver interesse, porém cuidará para que sejam dadas condições de elaboração, com qualidade, de novos PA(s). Esse processo visa introduzir os participantes no método de funcionamento do Programa e valorizar o trabalho continuado junto às comunidades. Equipe Executora: é quem, de fato, estará responsável pela realização de cada CA. São “equipes” reduzidas, compostas de um a três participantes do Programa, preferencialmente em duplas que combinem pessoas mais experientes com pessoas menos experientes. Poderão ser formadas duplas entre estudantes, entre docentes e estudantes, entre docentes e voluntários, entre estudantes e voluntários, ou entre docentes, apenas. As equipes irão desenvolver as ações previstas no PA e serão supervisionadas pela coordenação do Programa. A qualificação técnica das Equipes é um fator importante para definir a composição das equipes executoras, conforme a necessidade das comunidades e os objetivos do PA. Por exemplo, um Ciclo de diagnóstico da comunidade pode demandar conhecimentos sobre metodologia de pesquisa e análise de dados que não estão disponíveis a estudantes dos primeiros anos de graduação, mas isso não impede que tais estudantes atuem junto com estudantes de períodos mais avançados ou com docentes. Arquivo de Ciclos de Ação Comunitária: é a forma mais completa de registro das ações do Programa. De forma genérica, pode-se dizer que um Programa de Extensão Universitária se caracteriza por um conjunto de atividades extensionistas integradas, desenvolvidas em médio e longo prazo, integrando ensino e pesquisa e orientadas a um objetivo comum. A avaliação contínua de tais ações é fundamental para aprimorar a qualidade das ações realizadas, mas apenas a produção de relatórios pode reduzir os resultados do Programa a um conjunto restrito de indicadores, dificultando, inclusive, que os resultados sejam conhecidos de forma mais abrangente e compreensiva pela comunidade externa. Por isso, como proposta de registro das atividades do presente Programa é interessante criar um banco de dados contínuo de cada CA realizado. Assim, a cada cinco anos, é possível realizar uma publicação mais completa a partir desses registros, na forma de livro. Não se trata de um compêndio dos Ciclos ou de um Relatório ampliado com os números obtidos, mas de uma publicação que reúna relatos, fotos etc. Exemplares desse livro podem ser distribuídos nas comunidades que participaram dos Ciclos como registro da memória das ações realizadas, nas Associações de Bairro, nas Escolas Públicas, para lideranças, etc. Além disso, um exemplar deverá constar no acervo da Biblioteca Central Julieta Carteado.
Promover um conjunto de atividades de extensão universitária, articuladas com ensino e pesquisa, que utilizem preferencialmente a metodologia dos Ciclos de Ação Comunitária, visando o fortalecimento psicossocial da cidadania e o bem-estar social em diferentes territórios baianos.
• Desenvolver a metodologia dos Ciclos de Ação Comunitária enquanto estratégia para o fortalecimento de ações integradas de extensão, ensino e pesquisa; • Oferecer ações extensionistas às comunidades baianas, em diferentes territórios, com base na metodologia dos Ciclos de Ação Comunitária; • Oferecer suporte técnico, sempre que necessário, às atividades de extensão vinculadas ao Programa, no que diz respeito à metodologia dos Ciclos de Ação Comunitária; • Acompanhar e registrar o conjunto das atividades extensionistas, possibilitando a criação um “Arquivo de Ciclos de Ação Comunitária” com relatos das experiências desenvolvidas no Programa; • Estimular a avaliação e a comunicação socializadora dos resultados das ações extensionistas, tanto junto às comunidades participantes, quanto junto à comunidade acadêmica; • Fortalecer o caráter orgânico-institucional do Programa na UEFS e buscar firmar parcerias com outras instituições para a realização das atividades extensionistas.
Consolidar e integrar ensino e extensão no trabalho docente A presente proposta de Programa de Extensão decorre da minha experiência como docente na área de estudo Psicologia no Contexto Social Comunitário/Pesquisa em Psicologia, desde 2018, tendo em vista a consolidação de carreira no magistério superior na UEFS. Por isso é importante mencionar a articulação com o ensino. No curso de Psicologia, tenho lecionado nos componentes curriculares Psicologia Social, Estudos e Intervenções da Psicologia em Contextos Comunitários, Pesquisa em Psicologia e Estágio Básico I. Neste último componente, em parceria com a professora Gleice de Oliveira Cordeiro, temos trabalhado com estudantes a vivência de situações de aprendizagem sobre a atuação do psicólogo no contexto comunitário, através da realização de exercícios de observação, registro de dados, entrevistas e elaboração de relatórios. Os estudantes atuam articulando a teoria com a prática a partir da observação técnica do cotidiano e da formulação de hipóteses de trabalho, considerando as especificidades e demandas de atuação no território. O território é, prioritariamente, o Conjunto Feira VI e outras comunidades vizinhas ao campus da UEFS, como a ocupação Lucas da Feira e o bairro Novo Horizonte. Também são realizadas visitas técnicas aos equipamentos públicos de base territorial da assistência social e da saúde, além de aproximação aos projetos sociais e lideranças comunitárias. Como resultado dessa prática de ensino, temos construído, a cada semestre, uma melhor compreensão do território e das possibilidades de intervenção segundo demandas tanto dos agentes internos das comunidades, quanto de nossos estudantes, que, por vezes, gostariam de dar continuidade ao trabalho no território. Também tem sido muito estimulante para nós, enquanto docentes, aperfeiçoar o estágio a cada semestre e compartilhar esse desafio entre nossos pares (Cordeiro & Costa, 2019). Além do Estágio Básico, também leciono a disciplina específica do curso de Psicologia sobre estudos e intervenções em comunidades. Neste componente de caráter teórico e prático a turma entra em contato com a literatura especializada da Psicologia Comunitária e tem a oportunidade de desenvolver um projeto de intervenção a partir da identificação de uma necessidade de uma determinada comunidade. Os resultados são muito diversos e, assim como no estágio, há relatos de estudantes que gostariam de seguir com o projeto de intervenção nos semestres seguintes. A proposta desse Programa de Extensão visa, entre outros, suprir essa lacuna. Contribuir para reduzir distâncias entre a UEFS e a comunidade externa É possível dizer que os muros da universidade não são feitos apenas de alvenaria, mas também de relações, práticas e representações (ou da falta delas). A experiência tem mostrado que universidade e comunidade não são instâncias homogêneas; elas se caracterizam por distintas tramas de relações, temporalidades e interesses (Costa, 2018). No Conjunto Feira VI, por exemplo, há pelo menos duas comunidades: a dos “moradores estudantes” e a dos “moradores antigos”; há determinados serviços da UEFS que são mais conhecidos e acessados do que outros; há também certos recursos e potencialidades no território que são mais integrados à universidade do que outros; enfim, a relação universidade-comunidade é complexa, heterogênea e multifacetada. Neste sentido, o presente Programa de Extensão visa desenvolver uma metodologia que opere como estratégia de integração entre ensino, pesquisa e extensão universitária atenta a essa realidade. A metodologia consiste fundamentalmente em promover “Ciclos de Ação Comunitária” voltados para o fortalecimento psicossocial da cidadania e do bem-estar social da população baiana. Essa proposta se justifica por duas razões principais: a) a necessidade de aproximar a UEFS da comunidade externa, especialmente as comunidades circunvizinhas ao campus universitário; b) a perspectiva de formação técnica de profissionais capacitados para o planejamento, desenvolvimento e avaliação de ações interventivas de qualidade em comunidades. A primeira razão diz respeito a levar a universidade para além de seus muros. Se, por um lado, moradores da comunidade universitária do Conjunto Feira VI parecem bem articulados com a UEFS – assim como as “moradoras antigas” participantes de programas específicos, tais como a UATI, por exemplo –, por outro lado, o mesmo não pode ser dito acerca dos outros territórios tais como Novo Horizonte ou a ocupação Lucas da Feira. Para que a UEFS não seja reduto e privilégio de grupos bastante circunscritos territorialmente é mister pensar formas de inserção e atuação em espaços diversificados, propondo modos de intervenção adequados às necessidades e demandas específicas dessas comunidades. A segunda razão – formação técnica de profissionais – complementa a primeira na medida em que não basta somente “ir à comunidade”, mas é necessário planejar sistematicamente a forma de aproximação, estabelecer um formato e objetivos para as ações, avaliá-las continuamente e buscar resultados em termos de benefícios para as comunidades. Trata-se, em suma, de oferecer capacitação para o trabalho comunitário. Aqui a ênfase recai sobre a formação técnica de estudantes de graduação para o desenvolvimento de ações comunitárias diversas, cujo cerne são as necessidades e demandas das próprias comunidades, numa perspectiva ética e política comprometida com a transformação da realidade. Tendo em vista essas razões, como veremos adiante, este Programa de Extensão fundamenta-se no vasto campo teórico-prático desenvolvido ao longo das últimas cinco décadas pela Psicologia Comunitária latino-americana. No entanto, há mais uma justificativa igualmente relevante para o desenvolvimento deste Programa: o fortalecimento da extensão na UEFS. Fortalecimento da Extensão Universitária A proposta do Programa de Extensão “Ciclos de Ação Comunitária” justifica-se também pela necessidade de fortalecimento da Extensão Universitária na UEFS, seguindo a recomendação observada pelo FORPROEX (2012), de torná-la efetivamente parte do pensar e do fazer cotidiano da vida acadêmica. Sabemos que, atualmente, o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão constitui um grande desafio no cotidiano das universidades brasileiras. De modo geral, observamos uma crescente tendência de valorização da produtividade acadêmica nos âmbitos de pesquisa e inovação, em detrimento da integração entre universidade e comunidade. Assim, dos três pilares da educação universitária, a posição mais enxuta acaba sendo ocupada pelas atividades de extensão, ainda que esforços sejam feitos para alterar essa realidade (Costa, 2018). Contra essas tendências redutoras do papel da Extensão Universitária, podemos recuperar o acúmulo histórico sobre a necessidade de consolidar as ações extensionistas como uma forma de efetivação da função social da Universidade Pública. De acordo com a Política Nacional de Extensão Universitária (FORPROEX, 2012), desde 1987, temos como princípios norteadores das ações extensionistas: priorizar demandas locais e regionais; tornar a universidade sensível aos problemas da sociedade, em especial das comunidades com as quais interage; participar, enquanto universidade, dos movimentos sociais, desenvolvendo ações que visem à superação das desigualdades sociais; promover a ação cidadã da universidade por meio da difusão e democratização do saber nela produzido, de forma participativa; ir além da mera oferta de serviços a comunidade, mas pensar encará-los como um trabalho social, isto é, como uma ação deliberada que se constitui a partir da (e sobre a) realidade objetiva, produzindo assim conhecimentos que visem à transformação social; e, por fim, colaborar na construção e difusão dos valores da cidadania, em especial pela via do fortalecimento da educação básica. Tendo em vista esses princípios, o Programa “Ciclos de Ação Comunitária” poderá contribuir para fortalecer a Extensão Universitária na UEFS, a partir da articulação e integração de um conjunto de atividades de extensão. Além disso, o Programa visa fomentar novos projetos de extensão universitária na perspectiva do desenvolvimento institucional da UEFS. No momento atual, em que as ações extensionistas passam a ser curricularizadas no Projeto Pedagógico dos cursos de graduação, tem-se uma janela de oportunidade para incentivar a criação de novos projetos extensionistas. A existência de um Programa de Extensão suficientemente amplo para abarcar diferentes propostas de ação comunitária pode ser muito benéfica. Espera-se, desse modo, que ao longo de sua existência e operacionalização, o Programa “Ciclos de Ação Comunitária” ganhe adesão de docentes de diferentes áreas do conhecimento e se torne uma experiência multidisciplinar ou interdisciplinar. Ou, ainda, no melhor cenário, que abarque projetos de ação comunitária numa perspectiva efetivamente transdisciplinar. Essa proposta também está em consonância com a concepção de extensão universitária definida pela UEFS, especialmente no que se refere à busca de uma interação transformadora entre universidade e comunidade, mediada pela troca de saberes e pela participação, na qual estudantes de graduação e de pós-graduação, docentes, servidores técnicos administrativos e voluntários interessados da sociedade civil tenham espaço para atuar conjuntamente. Assim, espera-se contribuir para efetivar o disposto no inciso VII, do artigo 43, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei 9.394/96), isto é, “promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição”. Neste sentido, devem ser observadas também as diretrizes estabelecidas na Resolução CNE n° 7 de 18 de dezembro de 2018, que trata da Extensão na Educação Superior Brasileira, especialmente sobre a articulação com outras normas da IES, como o Plano de Desenvolvimento Institucional e o Projeto Pedagógico dos Cursos, entre outros. A respeito dessa articulação, o Programa “Ciclos de Ação Comunitária” observa atentamente a Resolução CONSEPE 044/2017 e está alinhado aos princípios norteadores da Extensão na UEFS, segundo seu PDI 2017-2021: a) diálogo entre os saberes popular e acadêmico; b) autonomia e emancipação; c) ampliação e qualificação; d) institucionalização; e) indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão; e f) pluralismo e diversidade cultural. Para plenamente justificar a presente proposta de Programa de Extensão Universitária, convém ressaltar o papel ativo das comunidades no desenvolvimento de projetos extensionistas. Ainda que seja pouco observada a participação efetiva das comunidades interpelando a Universidade para que esta possa oferecer respostas aos problemas cotidianos das comunidades, esse é um horizonte visualizado pelo Programa “Ciclos de Ação Comunitária”. No campo da Psicologia Comunitária latino-americana, com frequência encontramos relatos de ações nas quais as comunidades reivindicam da Universidade Pública suporte técnico-científico para lidar com determinados problemas. Tendo esse horizonte em vista, os projetos de extensão universitária articulados a este Programa poderão contribuir não apenas para o fortalecimento da comunidade acadêmica da UEFS, mas também para o fortalecimento das comunidades com as quais a UEFS interage e também para o fortalecimento da relação entre UEFS e as comunidades.

Histórico de movimentação
10-04-2023 18:45:20

Criação da proposta

11-04-2023 16:10:08

Parecer da Câmara de Extensão

Projeto aprovado
11-04-2023 15:10:51

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
11-04-2023 16:10:08

Aprovado

Projeto aprovado
11-04-2023 16:10:56

Ativo

Projeto habilitado para pedido de bolsa
v1.4.13
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