Ações Estratégicas para Prevenção do Câncer de Boca #35
- Coordenador:
- Valéria Souza Freitas
- Data Cadastro:
- 11-04-2023 14:51:39
- Vice Coordenador:
- -
- Modalidade:
- Híbrido
- Cadastrante:
- Valéria Souza Freitas
- Tipo de Atividade:
- Programa
- Pró-Reitoria:
- PROEX
- Período de Realização:
- Indeterminado
- Interinstitucional:
- Sim (Universidade Federal da Bahia)
- Unidade(s):
- Núcleo de Câncer Oral,
Resolução Consepe
135/2012
Processo SEI Bahia
0000000000000
Situação
Ativo
Equipe
20
O câncer de boca representa um problema de saúde pública, com a maioria dos casos da doença detectados em estágio avançado, em indivíduos de baixa renda e idade produtiva. A doença é prevenível uma vez que os principais fatores de risco são de ordem socioambiental. As maiores possibilidades de cura estão associadas ao diagnóstico precoce, tornando indispensável uma parceria entre Universidades, serviços de saúde e a população para o combate a doença. As atividades envolvem educação em saúde e screening no público-alvo para a redução de fatores de risco e diagnóstico precoce de lesões potencialmente malignas e câncer bucal, formação de multiplicadores, educação permanente de profissionais e estudantes de graduação em saúde para a prevenção e controle da doença. Além destas, as atividades vinculadas ao componente curricular deve facilitar a organização da assistência, reduzindo o intervalo entre a detecção, o diagnóstico e o tratamento destas lesões. As atividades de pesquisa devem favorecer o planejamento das ações para a redução de indicadores morbimortalidade em relação a doença.
O câncer bucal é uma doença crônica, caracterizada por um crescimento celular desorganizado, resultado do descontrole do processo proliferativo [7]. A carcinogênese se inicia quando uma célula é exposta a qualquer tipo de carcinógeno e, na tentativa de se adaptar ao fator irritativo, observa-se um processo de proliferação celular acelerada, o que facilita a ocorrência de danos genéticos. Diante da não remoção do carcinógeno, aumenta-se as chances de formação de um tumor maligno que consiste em células geneticamente alteradas e com capacidade de invasão de tecidos vizinhos, de estimular a angiogênese e metástase [8]. Esse crescimento celular insidioso decorre da interação de fatores de risco extrínsecos (álcool, tabaco, radiação solar), e fatores intrínsecos como predisposição genética e deficiência nutricional [9]. O uso do tabaco, de acordo com Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), é apontado como o carcinógeno responsável por cerca de 75% de todos os casos de câncer de boca, incluindo fumos com geração ou não de fumaça. É importante destacar que a fumaça gerada pela queima do tabaco contém, em média, 70 substâncias com capacidade carcinogênica, destacando-se a nicotina que, além de apresentar efeitos nocivos ao epitélio oral, possui efeitos psicoativos que remetem a uma sensação prazerosa e induzem a um consumo cada vez maior para que esse estado seja novamente alcançado [10]. O alto consumo de álcool, principalmente na forma de bebidas destiladas, predispõe alterações locais, reduzindo a espessura da mucosa oral e tornando o tecido ainda mais vulnerável aos agentes tóxicos produzidos pelo fumo; compromete a função de glândulas salivares, impactando negativamente na produção de saliva e na depuração local de carcinógenos, além de contribuir para a geração de um ambiente propício para coinfecções fúngicas. Por esses motivos, a exposição a ambos agentes eleva consideravelmente as chances de desenvolvimento de neoplasias malignas na região de boca e faringe [11]. Além do tabaco e do álcool, fatores infecciosos, nutricionais, imunológicos e ambientais também têm sido investigados e evidenciados na literatura. O Papiloma Vírus Humano (HPV), por exemplo, tem sido empregado como um possível agente para o desenvolvimento de câncer de boca, principalmente na região de tonsilas orais e faringe, em adultos jovens [12]. O câncer pode acometer qualquer região da boca, incluindo lábios, bochechas, gengivas, palato e língua sobretudo em suas bordas laterais e assoalho. Em geral sua manifestação é silenciosa, e alguns sinais e sintomas podem passar despercebidos, visto que, os primeiros sinais normalmente não provocam incômodo como dor, coceira ou ardência e podem se apresentar através de manchas de cor branca, vermelha, amarronzada ou negra. Além disso, o câncer pode manifestar também anormalidades como feridas na boca que não cicatrizam em até 15 dias, caroços ou inchaço na bochecha, dificuldade de mastigar ou engolir [9] Diferente de uma lesão benigna, que evolui de forma lenta, o câncer é uma lesão maligna que evolui de forma rápida, invasiva e infiltrativa, essas células podem disseminar para outras regiões e órgãos através da corrente sanguínea e do sistema linfático, caracterizando a metástase [9]. As desordens potencialmente malignas (DPM), são lesões presentes na cavidade oral que apresentam alterações morfológicas com maior probabilidade de progressão para malignidade [10]. São consideradas DPM, a leucoplasia, eritroplasia, leucoeritroplasia queilite actínica, xeroderma pigmentoso e líquen plano principalmente o do tipo erosivo. A leucoplasia e a eritroplasia têm o tabagismo e o etilismo como um dos fatores de risco associados a sua etiologia; a queilite actínica, por sua vez, possui a exposição solar sem proteção como fator de risco; o líquen plano bucal e o xeroderma pigmentoso possuem caráter autoimune e genético, respectivamente [13]. Em muitos países, incluindo o Brasil, o câncer de boca é considerado um problema de saúde publica, devido a sua elevada prevalência, mortalidade e impactos socioeconômicos [7]. Representa o sexto tipo de câncer mais comum na população mundial e, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são previstos 650.000 novos casos por ano em todo o mundo, tendo uma maior prevalência no sexo masculino. Entre os cânceres bucais, o Carcinoma Espinocelular (CEC) é o mais prevalente e mais comumente estudado, sendo a neoplasia maligna mais comum de cabeça e pescoço em todo o mundo [14]. Estes dados são preocupantes, uma vez que aproximadamente 60% dos pacientes que desenvolvem tumores na boca morrem em consequência da doença [7]. O atraso no diagnóstico reduz significativamente as chances de cura do câncer, além de estar sujeito a disseminação das células cancerosas para outras regiões e órgãos. Nesse caso, será necessário tratamentos mais agressivos, que podem deixar sequelas e provocar mutilações que impactam diretamente a qualidade de vida, uma vez que, a doença assume o protagonismo de uma realidade assustadora na vida da pessoa, bem como também de todo o seu vínculo familiar, comprometendo intensamente a sua saúde emocional, física, redução da vida social ativa ou até mesmo a morte precoce. Somando-se a isso, o câncer promove um impacto substancialmente negativo à economia do mundial, gerando despesas anuais altíssimas por meio de aposentadorias precoce concedida a indivíduos ainda durante a sua fase ativa [15]. Entre as causas da identificação tardia dessa lesão maligna, inclui-se desde falta de acesso aos serviços de saúde, a desinformação da população sobre o assunto, o medo do paciente e até mesmo o despreparo dos profissionais de saúde em reconhecer as manifestações que precedem as lesões malignas, que são ditas desordens potencialmente malignas. Essas desordens partem de uma exposição cumulativa a agentes carcinogênicos previamente descritos, podendo ser classificadas como leucoplasias, eritroplasias, leucoeritroplasias, queilite actínica e líquen plano [16]. Em vista disso, o melhor prognóstico está relacionado ao diagnóstico precoce, através de atividades voltadas a prevenção, como a prática do autoexame de boca, que deve ser compartilhada entre diferentes grupos, alertando sobre os riscos relacionados a hábitos tabagistas, etilistas, alimentação rica em alimentos industrializados e exposição excessiva a raios solares, no intuito de não retardar o diagnóstico do câncer. [17]
- Atividade de treinamento; Inicialmente, haverá a o treinamento dos bolsistas vinculados a cada plano quanto à metodologia e às atividades a serem desenvolvidas. - Levantamento do referencial teórico; Durante toda a vigência do projeto, de acordo com plano de trabalho, os bolsistas realizarão levantamento do referencial teórico nas bases PUBMED e SCIELO para embasar a produção de materiais informativos. - Elaboração de material educativo, formativo e de avaliação; Para o desenvolvimento das atividades educativas serão utilizados o PowerPoint, Canva, Vocaroo, Crello, Powtoon, Piktochart e o Padlet para criação de materias, vídeos, podcasts e apresentações de acordo com o tema da ação proposta. - Atividades de educação em saúde ; - Rastreamento e notificação de lesões bucais; O exame da boca terá o auxílio de gaze e paleta de madeira. As lesões suspeitas serão notificadas em ficha apropriada e encaminhadas para atendimento na clínica odontológica da UEFS, através do Centro de Referência de Lesões Bucais (CRLB). - Atendimento dos casos indivíduos com lesões bucais; Os indivíduos rastreados e encaminhados ao CRLB serão examinados clinicamente e, os casos indicados serão biopsiados no CRLB. - Realização de exame histopatológico; Os espécimes advindos das biópsias realizadas no CRLB/UEFS ou serviços conveniados serão analisados no Laboratório de Patologia Bucal da UEFS. - Encaminhamento das lesões malignas; Os pacientes com diagnóstico confirmado de câncer bucal no CRLB/UEFS serão referenciados para tratamento em serviço de saúde de alta complexidade, como a UNACON. - Acompanhamento e proservação dos indivíduos em tratamento antineoplásico; Os indivíduos em tratamento ou após conclusão do tratamento antineoplásico serão acompanhados no CRLB pelos bolsistas de modo a evitar complicações advindas do tratamento antineoplásico. - Educação permanente de recursos humanos da rede pública de saúde; A capacitação sobre o câncer bucal será ministrada em formato de oficinas. Cada oficina será dividida em cinco momentos: Dinâmica de acolhimento; Abordagem temática; Compartilhamento de saberes; Dinâmica de fixação do conteúdo; e atividade de Encerramento.
Integrar o ensino, pesquisa e extensão numa ação indissociável com vistas à formulação de uma política pública para o enfrentamento do câncer bucal.
- Realizar atividades de educação em saúde e screening para a redução de fatores de risco e levantamento de lesões potencialmente malignas e câncer bucal; - Formar agentes multiplicadores para a prevenção e controle do câncer de boca; - Promover a educação permanente de recursos humanos da rede pública de saúde de modo a contribuir para a melhoria da atenção básica a saúde prestada a população; - Facilitar a integração docente-assistencial, integrando as instituições públicas de ensino aos serviços de saúde, reduzindo o intervalo entre a detecção, o diagnóstico e o tratamento dos pacientes com câncer bucal; - Favorecer a organização da assistência prestada ao paciente com câncer bucal contribuindo para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS); - Ampliar a oferta de serviços na área odontológica com oferecimento de serviços técnicos especializados a população na área de anatomia patológica oral; - Favorecer a melhoria do ensino da graduação através da ampliação dos cenários de prática, contato e intervenção na realidade local; - Realizar o levantamento epidemiológico de lesões potencialmente malignas e câncer bucal de modo a facilitar o planejamento de ações para a prevenção e controle destas doenças; - Contribuir para a construção de uma universidade aberta às demandas, capaz de produzir conhecimento novo, relevante e útil para a sociedade.
Ao propor a integração entre as ações de ensino, pesquisa e extensão, o Programa de Ações Estratégicas para a Prevenção do Câncer de Boca possibilitará a formação de profissionais alinhados com realidade local, a partir da troca de conhecimentos e experiências de práticas entre professores, alunos e a população. Além disso, possibilitará o fortalecimento da relação universidade-sociedade, na medida em que a extensão proporcionará uma vivência diferenciada aos bolsistas e docentes envolvidos bem como a melhoria da qualidade de vida de inúmeras comunidades a serem visitadas pelo programa. Essas experiências possibilitarão o amadurecimento do discente, influenciado de forma positiva na sua formação profissional e crescimento pessoal, bem como, se apresentará como uma possibilidade de conhecimento dos problemas sociais. Os sujeitos atendidos através das ações extensionistas e que apresentarem lesões em cavidade oral sugestivas de câncer de boca, serão encaminhados à clínica da disciplina Estudos Integrados XIV (SAU430) da UEFS para receberem atendimento clínico cirúrgico e acompanhamento pelos estudantes do mesmo componente curricular e discentes do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva/UEFS. Os dados obtidos durante esses atendimentos alimentarão o banco de dados do Centro de Referência de Lesões Bucais (CRLB) para a realização de pesquisas desenvolvidas no Núcleo de Câncer Oral (NUCAO). Vale ressaltar que as atividades de extensão serão integradas a algumas pesquisas do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, o que culminará na melhoria da produção científica dos bolsistas e na participação destes em sessões científicas importantes para seu desenvolvimento acadêmico. A união de todas essas vertentes propostas pelo Programa permitirá a o enfrentamento do câncer bucal na região e a tentativa de mudança do perfil de morbimortalidade da doença. Afinal, o câncer de boca é uma doença considerada como um problema de saúde pública, que está entre os dez tipos de canceres que mais matam indivíduos do sexo masculino e que é responsável por mutilações na região de cabeça e pescoço que têm gerado aposentadorias precoces e impacto negativo na qualidade de vida das pessoas acometidas.
Histórico de movimentação
11-04-2023 14:51:39
Criação da proposta
12-04-2023 22:05:01
Parecer da Câmara de Extensão
Programa aprovado
12-04-2023 21:07:30
Em Análise
Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
12-04-2023 22:05:01
Aprovado
Programa aprovado
12-04-2023 22:05:30
Ativo
Programa habilitado para pedido de bolsa extensão