Leitura Itinerante: uma alternativa de mobilização de leitores #4

Coordenador:
Rita de Cassia Brêda Mascarenhas Lima
Data Cadastro:
02-04-2023 22:30:51
Vice Coordenador:
-
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
Rita de Cassia Brêda Mascarenhas Lima
Tipo de Atividade:
Projeto
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
01/01/2020 - 31/12/2024
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Departamento de Educação, Departamento de Letras e Artes,

Resolução Consepe 109/2009
Processo SEI Bahia 00000000000000000
Situação Ativo
Equipe 10

O Projeto denominado LEITURA ITINERANTE: UMA ALTERNATIVA DE MOBILIZAÇÃO DE LEITORES caracteriza-se como um trabalho de extensão, visando discutir/ampliar a concepção de leitura em suas múltiplas faces, em 02 escolas públicas, além de espaços não-formais, como nas ruas e praças do Município de Feira de Santana, envolvendo professores e alunos dessas instituições. O Projeto será operacionalizado por meio de Sessões de estudos e planejamentos semanais, Contação de histórias semanais, Círculos de Leitura quinzenais, Oficinas bimensais, Seminário anual sobre Literatura, envolvendo professores de todas as áreas do conhecimento, visando à intervenção nas práticas culturais de leitura com o intuito de contribuir no processo de mobilização de leitores para um convívio produtivo com a leitura dentro e fora da escola.
A construção social da leitura se evidencia num imenso painel de modificações vividas pela sociedade, exigindo múltiplas leituras, que passam pela sedução da imagem, pela comunicação rápida e pela velocidade de informações que se entrecruzam nas redes interativas. Como corolário, impõe-se a necessidade de ações para inserir todas as camadas sociais no universo da leitura, mais especificamente o contexto da escola pública, no intuito de ampliar as possibilidades de acesso a experiências leitoras significativas. Também acreditamos na leitura como prática fora dos espaços institucionalizados, a exemplo das praças e ruas da cidade. Já existem situações de pessoas em situação de rua serem encontradas com livros (CURCINO, 2020). Assim, vamos nos tornando cidadãos, na medida em que, conhecendo a realidade que nos cerca, por meio da troca de histórias, da troca de notícias e de argumentos, adquirimos não só a sensibilidade necessária para perceber nossos acertos, nossos erros, os erros e os acertos dos outros, mas, principalmente, a capacidade de intervir e transformar essa realidade (GREGÓRIO FILHO, 2002, p.137). Nessa perspectiva, compreende-se que o estímulo à leitura exige esforços de todas as instâncias sociais (família, escola, biblioteca, editoras, instituições governamentais e não-governamentais), visto que o leitor se constitui a partir de múltiplas referências, múltiplas experiências. Para Paulino (2001, p.22), “ao ler, um indivíduo ativa seu lugar social, suas vivências, sua biblioteca interna, suas relações com o outro, os valores de sua comunidade”. Toma-se como referência a leitura para além do texto escrito, a leitura como construção de sentidos, que não existe sem a atuação efetiva do leitor, num processo de interação entre o texto e o leitor, em consonância com o que postula Kleiman (1989, p. 27): O mero passar de olhos pela linha não é leitura, pois leitura implica uma atividade de procura por parte do leitor, no seu passado de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes para a compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos, mas que certamente não explicita tudo o que seria possível explicitar. Desse modo, cabe à Universidade, como instituição mediadora de saberes e práticas, desenvolver programas e projetos de difusão da leitura, como garantia de vivência da cidadania. Concordamos com Araújo (2006, p. 17) quando afirma que “a dignidade e a capacidade no ato de ler e escrever não são privilégios de classes ou grupos, mas antes se inscrevem como exercício de direito e justiça, necessidade básica e inalienável de cada indivíduo”. Assim, para que a socialização da leitura aconteça como forma de compreensão do mundo, faz-se necessária uma articulação contínua e intensa entre todas as instituições, numa relação de parceria, assumindo a universidade o papel de mobilizadora de atividades produtivas e propositivas de leitura. O Projeto LEITURA ITINERANTE: UMA ALTERNATIVA DE MOBILIZAÇÃO DE LEITORES pautar-se-á em concepções teóricas de leitura que enfocam a Sociologia da Leitura e a História da Leitura na perspectiva da História Cultura, embasado nos autores: Abreu (1995), Aguiar (2001), Chartier(1996/1998) Hébrard (1996), Jouve (2005), Lajolo (2004), Larrosa (2001), Leenhardt (2006), Manguel (1997), Neves (et.al., 2004), Proust (1991), Silva (1998), Yunes (2002), Zilberman 1991), entre outros. Estes teóricos, no panorama da sociedade letrada, apresentam variados tipos de leitores, desde os que se enquadram nos moldes canônicos, até os que estão fora do padrão estabelecido, a exemplo de leitores autodidatas. Estes se inseriram no mundo da leitura lendo textos não canonizados, assim como comunidades leitoras, que mais ouvem do que leem os textos escritos. Também retomam o significado da leitura em voz alta numa sociedade de poucos alfabetizados, falam de uma leitura intensiva em tempos de circulação de poucos textos escritos, chamam a atenção para a figura do leitor na relação estabelecida com o texto e com o autor. Ainda assinalam as características polissêmicas do texto literário, em que cada leitor interpreta os textos partindo das suas experiências e do lugar social que ocupa. São, portanto, pesquisadores que registram a importância da leitura, ao longo da história e na contemporaneidade, mostrando uma história a contrapelo, apresentando leitores que se encontravam escondidos pela história oficial. Tomar como referência esses pesquisadores para um projeto de extensão sobre o ato de ler, em que os participantes são professores e alunos de escolas públicas, nos fortalece para a compreensão da nossa contribuição para a formação de leitores críticos, emancipados. A relevância social deste projeto evidencia-se pela possibilidade de formar cidadãos críticos numa sociedade desigual, a partir da leitura em sua diversidade de linguagens.
A proposta metodológica deste projeto de extensão prevê atividades a serem realizadas no campus desta universidade ou em outros espaços não-institucionais, bem como em duas escolas públicas da zona urbana de Feira de Santana. Como estratégias de trabalho, utilizaremos: 1. Círculos de Leitura quinzenais, que se constituem em vivências compartilhadas com textos literários e interfaces com outros gêneros, nas quais a leitura em voz alta por um leitor guia, oportunizará discussões posteriores. Serão realizados tanto com professores, quanto com os estudantes, em momentos separados. 2. Oficinas de Leitura, que acontecerão bimensalmente, envolvendo professores de todas as áreas do conhecimento, visando à intervenção no processo de convivência com a leitura. As Oficinas são atividades significativas sequenciais de caráter teórico-prático, que envolvem todos os participantes numa ação interativa de aprendizagem. Constituem-se, também, em oportunidade de elaboração de projetos de leitura que serão desenvolvidos pelos professores em sala de aula. 3. Visitas aos espaços culturais, como cinema, teatro, museus, exposições de artes plásticas, feiras de livros, exposições de fotografias, saraus literários, entre outros. 4. Contação de histórias, que serão realizadas semanalmente nas escolas. 5. Encontro de leitura em que serão oportunizadas vivências de múltiplas práticas de leitura, acontecerá apenas uma única vez em cada escola durante a execução do projeto. 6. Será organizado em parceria com o GEPOLE (Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Oralidade, Leitura e Escrita) um Seminário no âmbito da UEFS, com a temática “O papel da Literatura Infantil na formação do leitor”. 7. Reuniões semanais para estudos e planejamento das atividades extensionistas. 8. Sistematização escrita das atividades/experiências vivenciadas nos espaços formais, com o intuito de socialização em eventos com temáticas afins. 8) Oficinas de Leituras Discursivas, de base foucaultiana, que acontece com comunidade acadêmica ou não, em parceria com o grupo de pesquisa LINSP (Linguagem, Sociedade e Produção de discursos); 9) Círculos de leitura/letramento com pessoas em situação de rua e com migrantes e refugiados de etnia idígena warao, como ação no Programa Saberes das ruas, coordenado pelo Prof. Carlos Barros.
Oportunizar o exercício da cidadania por meio do ato de ler, considerando a leitura como uma prática social, discursiva e cultural, historicamente constituída a partir das tradições orais e escritas, bem como de materialidades também não-verbais, inserida em espaços letrados e não letrados, bem como midiáticos.
1. Ampliar os espaços de leitura para além do institucional, considerando também espaços midiáticos, considerando as múltiplas linguagens e as suas ferramentas tecnológicas, a exemplo do universo das (audio)visualidades. 2. Socializar o acesso aos livros de literatura, permitindo a concretização de um direito de todos à leitura literária. 3. Mobilizar leitores para o acesso às diversas formas de contato com o mundo da leitura, em suas diversas possibilidades, inclusive midiáticas e digitais; 4. Ler e ouvir histórias como prática de si, possibilitando falar de emoções, memórias e desejos; 5. Ampliar pontos de vista, buscando o reconhecimento da importância dos diferentes modos e espaços de leitura; 6. Experienciar variadas situações e práticas de leitura, com vistas a uma intensificação do processo ensino-aprendizagem de leitura, no espaço escolar e em outros espaços culturais; 7. Identificar relações de saber/poder constitutivas das práticas de leitura; 8. Realizar pela prática da leitura um diagnóstico da realidade e de quem somos nós na atualidade, a partir de práticas discursivas de leitura; 9) Promover o acolhimento e inclusão de pessoas em situação de rua, como também de migrantes e refugiados de etnia warao.
Acreditar no poder transformador da leitura, de uma leitura que se quer ampla, espontânea, prazerosa e crítica é exatamente abrir as portas a uma outra dimensão, um novo momento que, permeado por estágios de conquista e de sedução garantirá, certamente, a formação de indivíduos apaixonados e conscientes de si mesmos como leitores, cidadãos, profissionais da educação e formadores de leitores, além de leitores que se formam em espaços não-institucionalizados e midiáticos. Na última década, o Núcleo de Leitura Multimeios vem desenvolvendo projetos e atividades, tanto no âmbito interno como em convênios com outras instituições, voltados para o aprofundamento da concepção e práticas de leitura. Alguns desses projetos já foram realizados e/ou estão em andamento. Em 2007, o Núcleo avançou na (re)construção de projetos, que sinalizam para uma ampliação do universo de interação com a comunidade. Como exemplo, há o Projeto LEITURA ITINERANTE, compondo novos grupos de Círculos de Leitura e Oficinas de Contação de Histórias, envolvendo alunos e professores das diversas áreas do conhecimento, com destaque aos dos cursos de Letras e Pedagogia, bem como professores das escolas públicas do município e da região circunvizinha. Este movimento do Núcleo se constitui na ampliação de ações a partir do contato com as tecnologias, já que sua prioridade é abrir-se à leitura de mundo, portanto, à leitura de todos os suportes e linguagens. O investimento do grupo centra-se no poder transformador da leitura, na incorporação de profissionais comprometidos com a formação de leitores proficientes, gerenciando instrumentos tecnológicos, com vistas a viabilizar profícuas experiências leitoras. É relevante considerar que a leitura do livro terá seu destaque como garantia de momentos de reflexão, somando-se aos diversos suportes textuais disponíveis aos leitores, na atualidade, pois há o entendimento de que ser leitor requer a capacidade de reflexão, interferência e transformação da realidade, a partir de uma leitura crítica dos meios a que se tem acesso. O Projeto LEITURA ITINERANTE: UMA ALTERNATIVA DE MOBILIZAÇÃO DE LEITORES, utiliza o termo “itinerante” revestido de uma aura semântica indicativa de dinamicidade, de pluralidade, no sentido de que as práticas leitoras acontecem tanto no âmbito escolar, quanto fora dele, permitindo o movimento interno de elaboração conceitual e emocional do leitor, bem como o processo de interação humana entre sujeitos sociais. Nessa perspectiva, serão realizados Círculos e Oficinas de Leitura voltados para a formação do leitor, seja professor ou estudante, buscando a proficiência, numa dimensão dialética ensino-aprendizagem. Essas atividades serão oferecidas a uma clientela bastante diversificada, composta por professores da rede pública de ensino das diversas áreas do conhecimento, numa compreensão de que a formação leitora deve ser responsabilidade de todos os profissionais da educação, independentemente da área em que atuem, considerando ainda que só o professor leitor é capaz de promover a formação do estudante leitor. Este projeto justifica-se pela relevância científica que propiciará aos docentes em exercício e a outros profissionais que se interessam pela leitura, assim como aos graduandos que já atuam como professores, estagiários e monitores do Núcleo de Leitura Multimeios. Debruça-se na oportunidade de vivenciar formas alternativas e envolventes de contato com a leitura.

Histórico de movimentação
02-04-2023 22:30:51

Criação da proposta

06-04-2023 12:16:38

Parecer da Câmara de Extensão

Projeto aprovado
06-04-2023 12:10:50

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
06-04-2023 12:16:38

Aprovado

Projeto aprovado
06-04-2023 12:17:49

Ativo

Projeto Ativo
v1.4.13
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