Ciência e tecnologia pró-ambiental na educação escolar, informal e lúdica, no seio da Universidade Estadual de Feira de Santana. #47

Coordenador:
Pablo Rodrigo Fica Piras
Data Cadastro:
13-04-2023 00:32:26
Vice Coordenador:
-
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
Pablo Rodrigo Fica Piras
Tipo de Atividade:
Projeto
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
Indeterminado
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Departamento de Tecnologia,

Resolução Consepe 166/2008
Processo SEI Bahia 0000000000000
Situação Ativo
Equipe 3

Crianças e pré-adolescentes de Feira de Santana e região circunvizinha terão a oportunidade de acessar um centro de educação científica complementar que fica dentro da universidade estadual, aproximando-os do quotidiano acadêmico. Serão oficinas, leituras, vídeos, experimentos de física, biologia, a criação de um horto, gincanas, peças teatrais, maquetes automatizadas de usinas e complexos energéticos, que aproximarão os alunos à ciência de uma forma lúdica e informal, em um centro que já existe para a educação ambiental e cujo escopo será ampliado para abranger manifestações didáticas em áreas da ciência e tecnologia. A preparação da percepção da necessidade de conservação dos recursos no semi-árido, a compreensão da necessidade de otimizar o uso da energia e da água, a preservação das espécies, o desenvolvimento de novas alternativas tecnológicas, poderá ser transmitida e/ou estimulada neste espaço de forma mais marcante e contundente, com vivências que acompanhem a educação formal desde o seu início, mediante exposições permanentes de maquetes e protótipos de máquinas e instrumentos, oficinas onde a interatividade será favorecida pelo entorno e pela orientação de monitores. A UEFS mantém um Centro de Ensino Básico no seu campus. Esta proximidade da escola com o centro de ensino ambiental e com os laboratórios participantes é a principal garantia de vínculo espontâneo entre o ensino formal e o complemento sugerido nesta proposta, permitindo que desde os primeiros anos de vida os futuros cientistas e tecnólogos já se deparem com diversas formas de problemáticas relevantes, em um ambiente natural, quotidiano, multidisciplinar e, muito relevante e em geral ausente em propostas análogas, com garantia de continuidade, porque atrelada desde os seus primórdios e gradativamente à estrutura da instituição.
Motivados por um paper recente de Noel Gough (2004), um conjunto de educadores fizeram eco das propostas do educador Celestin Freinet quem, em 1924, fundou na França uma cooperativa de trabalho com professores na aldeia onde vivia, que veio a se transformar no movimento Escola Moderna ou Escola Nova (dependendo da tradução), iniciativa que trouxe práticas grupais dedicadas à análise de exemplos do quotidiano dos participantes e configurando a sala de aula como um espaço para a imaginação e engajamento coletivo (Clandfield e Sivell, 1990). Tal mudança é hoje em dia recebida como forma criativa para opor-se e divergir do direcionamento à formação de ‘ciborgues’ no ensino atual para ir atrás de uma forma que possa fazer a diferença para os estudantes, uma forma que lhes permita intervir de forma lúdica no mundo, para contribuir fazer o seu mundo diferente (Evans et alii, 2008). Com experiência nas pedagogias da autonomia de Bakunin e Ferrer, Freinet desenvolveu seu método baseado em uma ideia de Escola Democrática onde, além das técnicas pedagógicas, também se insere no ambiente escolar o ambiente social onde a escola (e as crianças) se insere. Sua proposta educativa direciona-se a formar seres humanos, visando que o educando esteja envolvido na vida de sua comunidade, participando de associações e movimentos sociais, por meio dos quais seja possível contribuir para a formação dos jovens. Convergindo com esta noção, o trabalho educativo deve ser orientado para o desenvolvimento de ações cooperativas e solidárias, se possível utilizando o mínimo de recursos, como analogia à situação real em que a escola se encontra: por exemplo, a reciclagem de materiais deriva de diversas experiências pedagógicas em áreas carentes (Freinet, 1977; Freinet, 2004). Em termos pessoais, de grande influência na sua proposta, Freinet teve participação na Primeira Guerra Mundial, o que fez dele um pacifista convicto (Freinet, 1927). Em decorrência das limitações materiais decorrentes do empobrecimento após o conflito, desenvolveu processos de elaboração de materiais preparados em sala de aula, papéis de parede e jornais escolares, após o que os participantes discutiam seus resultados. O entendimento desta inovação educativa supõe que o jovem aprende com a experiência, mas que também precisa do apoio de um tutor para prosseguir. Portanto, o professor deve ir também ao ambiente onde o aluno interage com a realidade, sua realidade, permitindo captarem ambos as tais vivências e abrir janelas para propostas de trabalho pedagógico e percepção das possibilidades de transformação, após o trabalho dos estudantes ser colocado em tela para uma reflexão crítica. Na sequência, a Escola Moderna determina que o projeto seja comunicado aos pares, seja em jornais, visita de estudo ou correspondência científica. O tutor deve buscar utilizar diversas ferramentas para conectar os alunos com suas realidades. Precisamente, Victor Acker (2007) traz à tona um desejo que se escuta na cultura chinesa: “Que você nasça em tempos interessantes!”. O autor comenta que, no século anterior, o sistema educacional francês passou de um sistema “dominado pela igreja” para um sistema “administrado pelo governo”. A transição de um sistema de autoridade central para um sistema mais democrático não foi finalizou instantaneamente os pedaços de autoritarismo que ainda subsistiam nas práticas quotidianas e Freinet procurou eliminar muitos resquícios autoritários introduzindo um ambiente do tipo seminário “centrado no aluno”. Consolidando as ideias deste autor, passaram a se constituírem “Invariáveis Pedagógicas” um conjunto de princípios de práticas educativas a ser levados em conta independentemente do lugar e do tempo. Resumidamente, a explicitação de um conjunto de tais pilares pode ser a seguinte (Peyronie, 1999).: - Tanto a criança quanto o jovem são da mesma natureza que o adulto; - Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros; - O comportamento escolar de uma criança depende de seu estado fisiológico, orgânico e constitucional; - Nem crianças nem adultos gostam de imposições autoritárias; - Nem crianças nem adultos gostam de disciplina rígida, quando ela significa obedecer passivamente a uma ordem externa; - Ninguém gosta de fazer trabalho coercitivo, mesmo que em particular por algum motivo em caso específico goste, já que toda atitude imposta é paralisante; - Todo mundo gosta de escolher seu trabalho, mesmo que não seja a escolha mais vantajosa; - Ninguém gosta de trabalhar sem rumo, agir como uma máquina, sujeitando-se a rotinas decididas em instâncias nas que não participa; - A motivação para o trabalho é fundamental; - A escolástica deve ser abolida; - Todo mundo quer ter sucesso, pois o fracasso inibe, destrói o humor e o entusiasmo; - Não é o jogo que é natural no jovem e na criança, mas o trabalho; - Não é a observação, explicação e demonstração – processos escolares essenciais – as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experiência sensorial que é uma conduta espontânea, natural e universal; - A memória, tão preconizada pela escola, não é válida nem preciosa, salvo quando integrada em tentativas experimentais, onde está verdadeiramente ao serviço da vida; - As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se acredita, mas pela experiência. Estudar regras e leis primeiro é colocar a carroça na frente dos bois; - A inteligência não é uma faculdade específica que funciona como um circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo; - A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência que age a partir da realidade fixada na memória por meio de palavras e ideias; - Nem a criança nem o jovem gostam de receber lições autoritárias; - A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atenda aos rumos de sua vida; - Crianças e adultos não gostam de ser controlados e punidos. Isso caracteriza ofensa à dignidade humana, principalmente se exercido publicamente; - A criança não gosta de ser submetida ao trabalho de rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou em equipe em uma comunidade cooperativa; - Ordem e disciplina são exigências nas aulas; - A vida da escola implica a cooperação escolar, ou seja, a gestão da vida através do trabalho escolar por parte de quem o pratica, incluindo o educador; - A sobrecarga de aulas é sempre um erro pedagógico; - Quando o desenho das escolas leva a professores e estudantes a se submergirem no anonimato, criam-se barreiras ao desenvolvimento dos coletivos e das singularidades; - A democracia de amanhã se prepara pela democracia na escola, pois um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democráticos; - Uma das primeiras condições da renovação escolar é o respeito pela criança e jovem e, reciprocamente, o respeito deles pelos seus professores, visando a educação com dignidade; - A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com a qual temos que contar, sem poder evitá-la ou modificá-la; - É preciso ter uma esperança otimista na vida; A proposta pedagógica de Freinet implica um diálogo constante com outras experiências. Ele argumentou que cada professor deveria manter tanto um diário sobre seu trabalho quanto correspondência com os seus colegas. Para Freinet a ação concreta permite a construção de pensamentos abstratos. Em síntese, o desenvolvimento da atividade pedagógica implica a pesquisa, a recolha de documentação, a análise e a formulação de uma proposta de comunicação, com técnicas adequadas. Neste processo o tutor intervém, auxiliando na organização do trabalho, motivando o grupo. Um bom processo de aprendizagem requer estudantes motivados e focados em suas tarefas. Cada aluno deve sentir-se livre para buscar respostas para seus problemas. No entanto, trata-se de uma liberdade relativa, pois os problemas de cada um devem ser também problemas coletivos. E é nessa interação entre o individual e o coletivo que cada um exerce a sua liberdade, buscando contribuir para o resultado comum. O projeto educacional de Freinet pode se traduzir em um processo de superação de obstáculos. A conscientização ambiental aflora nas mais tenras idades. Quando a criança percebe, por seus meios, os conceitos de preservação e conservação, ela já pode ser considerada iniciada na sua educação ambiental. Para o desencadeamento deste processo há trabalhos e brincadeiras, que são responsáveis um maior grau de estímulo. Brincando ou desenvolvendo um trabalho lúdico, a criança aprende sem esforços. Já dizia Freinet que as crianças fora do ambiente formal de aprendizagem são mais felizes, alegres e criativas. As opiniões desencadeadas, as críticas elaboradas, o trabalho coletivamente desenvolvido, a imaginação desatada e discussão construída são mais livres, estimulantes e diversificadas: a criança deve compreender o mundo em sua complexidade por meio do rigor do pensamento baseado na pesquisa reflexiva.
O presente projeto visa aproveitar o espaço de Educação Ambiental da UEFS, um espaço conjunto e multidisciplinar de todos departamentos da Universidade, onde já se desenvolvem atividades de reciclagem de materiais e compostagem de lixo. Confeccionar-se-ão réplicas de usinas hidroelétricas com detalhes de turbinas acionadas por água pressurizada, coletores solares produzindo eletricidade, adaptar-se-ão caldeiras em miniatura, sistemas de controle de nível de líquido etc para, neste espaço físico disponível, próximo do Centro de Ensino Básico da UEFS, CEB, ter a possibilidade dos alunos das dez turmas de pré-escola até quarta série poderem acessar em sistema de rodízio semanal, em horário compatível com as atividades formais da escola. Esta proposta visa atender crianças de 4 a 14 anos, podendo se prolongar às demais idades. Quanto à estrutura educacional, essas idades compreendem uma parte da educação infantil e ao ensino fundamental de escolas públicas de Feira de Santana e regiões (Feira de Santana é uma referência urbana de várias localidades menores em volta). Além da exposição interativa, haverá adaptações do ambiente atualmente existente para uma oficina de reciclagem onde os alunos deverão levar lixos bem caracterizados e selecionados para a confecção de objetos de utilidade; um cantinho para assistirem vídeos relacionados a questões ambientais; um outro para uma minibiblioteca com livros científicos e paradidáticos com assuntos diversos; um horto com hortas e estufas semipreparadas para que as crianças possam plantar e acompanhar o desenvolvimento das mesmas; assim como o desenvolvimento de brincadeiras, gincanas e peças teatrais para o público adulto e infantil. Estas atividades irão ter normalmente como clientela mais assídua os alunos do CEB, uma vez que o local fica próximo do espaço físico do ambiente proposto. Contudo, será realizada a reserva de horários para visitantes de fora do campus e de fora da cidade, dinamizada com a divulgação da iniciativa fora da Universidade. Crianças do CEB terão estas atividades como complemento sistemático da educação que lhes é dada no período escolar. As visitas serão guiadas por estagiários bolsistas devidamente treinados e que levarão os alunos às diversas atividades propostas. As atividades aqui resenhadas serão estabelecidas para o seu desenvolvimento durante toda a semana, em horário contínuo, fixando cada uma delas conforme um calendário. Este calendário semanal será distribuído gratuitamente nas várias prefeituras, DIRECS e nas próprias escolas atendidas, visando o agendamento programado pelos professores, conforme conveniência. Com um microcomputador especialmente dedicado ao projeto, uma página será criada para manter informações atualizadas sobre as atividades, curiosidades sobre educação ambiental, ciência e tecnologia, jogos, textos para pesquisa e um canal para comunicação e marcação de visitas. Este portal será de acesso desimpedido a alunos e escolas na Internet.
Estimular, por meio da interação direta com instalações dedicadas a atividades de conservação ambiental e difusão tecnológica, a percepção das possibilidades de reciclagem de materiais e da utilização da energia de forma eficiente.
Disponibilizar, para alunos de educação infantil e ensino fundamental de Feira de Santana, um ambiente permanente de confecção objetos de utilidade a partir de resíduos; Construir para alunos de educação infantil e ensino fundamental um ambiente de interação com maquetes e protótipos de usinas, instalações e aparelhos de aproveitamento, transformação ou geração de energia; Apresentar aos alunos de educação infantil e ensino fundamental problemas ambientais relacionados com a utilização desordenada de materiais e energia, mediante vídeos; Manter um acervo de livros científicos e paradidáticos com assuntos científicos e tecnológicos amplos e diversos; Facilitar a interação entre os alunos de educação infantil e ensino fundamental e os laboratórios da universidade; Incentivar a interação entre os meios escolar e universitário; Fornecer aos alunos de educação infantil e ensino fundamental uma alternativa lúdica ao ensino formal; Inserir no currículo do aluno das primeiras séries do ensino as preocupações ambientais contextualizadas e permanentemente debatidas e atualizadas. Desenvolver a prática da educação científica através da criação de um espaço destinado à difusão da ciência de caráter informal e lúdico. Ampliar um espaço existente para o ensino e pesquisa formal universitária com uma linha de genuína popularização de ciência e tecnologia junto aos segmentos infantil e pré-adolescente da sociedade feirense e baiana em geral.
Na UEFS já existem vários espaços no qual desenvolve-se pesquisa aplicada. Há os laboratórios da Física, onde se testam formas alternativas de energia, têm-se os laboratórios da Engenharia, onde se analisam materiais, testam-se estruturas, fabricam-se e processam-se alimentos e materiais em geral e controlam-se processos por computador; há também os laboratórios da Biologia, onde se clonam microorganismos diversos e se mantêm coleções de animais, plantas e microorganismos; por outro lado há os espaços de pesquisa e ensino da Matemática, os laboratórios de Geologia e Geografia, nos quais pesquisa-se a Terra a suas características particulares em diferentes localidades e, finalmente, o espaço da Química, para analisar-se a matéria e suas possibilidades de modificação. Tudo isto em um campus integrado e compacto, onde as distâncias são breves e arborizadas e onde naturalmente já existe uma relativa integração entre as áreas de conhecimento. As ciências ambientais naturalmente contribuem para o desenvolvimento da educação ambiental, embora como as outras especialidades do ensino, o faça atualmente com maior intensidade no ensino médio e educação superior. Por exemplo, a problemática do lixo é conhecida há tempos e a conscientização se dá basicamente em programas midiáticos. A percepção das diversas formas e transformações da energia não se acompanham da iminente necessidade de conservá-la por ausência de uma forma didática da evidenciação do esgotamento dos recursos energéticos naturais. Tardam em serem adquiridas as estruturas científicas de conhecimento, a sistematicidade, principalmente porque os conceitos básicos demoram em ser mostrados e disponibilizados para o amadurecimento, pelo estudante em geral, em simultâneo com outros conhecimentos mais quotidianos. As escolas da região não têm em seu currículo uma disciplina, obrigatória ou não, de educação ambiental, deixando apenas para os temas transversais esta atribuição. O ensino de ciências é precário e a experimentação inexiste. Crianças e adolescentes têm acesso limitado às informações científicas e tecnológicas, limitadas aos programas de TV, Internet e às curiosidades dadas em sala de aula. A reciclagem de resíduos sólidos e semi-sólidos é de extrema importância para a diminuição física da quantidade de lixo das cidades, assim como para o alívio parcial dos aterros. Os procedimentos físicos e biológicos, como a separação e a compostagem, são os principais disponíveis para tratamento imediato do lixo. Subestima-se a recuperação de riqueza por meio do aproveitamento do lixo. A partir das atividades propostas, desenvolver-se-á o conhecimento implícito da história das ciências através dos vídeos e livros selecionados; a prática científica através da confecção e elaboração de instrumentos de diversas naturezas matemáticas, físicas, químicas, físico-químicas, termodinâmicas, geológicas e biológicas.

Histórico de movimentação
13-04-2023 00:32:26

Criação da proposta

13-04-2023 13:48:49

Parecer da Câmara de Extensão

Projeto aprovado
13-04-2023 11:49:17

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
13-04-2023 13:48:49

Aprovado

Projeto aprovado
13-04-2023 13:49:12

Ativo

Habilitado para pedido de bolsa extensão
v1.4.12
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