Rede de Apoio, Afetos e Ações Solidárias para a UEFS #59

Coordenador:
André Renê Barboni
Data Cadastro:
14-04-2023 13:55:47
Vice Coordenador:
Suzi de Almeida Vasconcelos Barboni
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
André Renê Barboni
Tipo de Atividade:
Programa
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
Indeterminado
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Departamento de Saúde,

Resolução Consepe 22/2019
Processo SEI Bahia 00000000000000000000
Situação Ativo
Equipe 12

O Programa de Extensão: Rede de Apoio, Afetos e Ações Solidárias para a UEFS parte de um olhar sensível dos proponentes (Profª André Renê Barboni, DSAU e Profª Suzi Barboni, DCBio) para diferentes situações de vulnerabilidade visando fortalecer o mais possível a dignidade e a inclusão especialmente para os mais fragilizados por dificuldades materiais, emocionais, espirituais e sociais na UEFS. Há três anos a Profª. Marcia Oliveira (DEDU) criou juntamente com seus alunos da UEFS uma intervenção intitulada “Ação Solidária Pão e Poesia”, para doação de cestas básicas aos funcionários terceirizados, ao tempo em que se doa também um momento de arte, performances, música e poesias, concretizada tanto pelos estudantes do componente curricular EDU277 Prática Pedagógica em Educação de Jovens e Adultos/DEDU, quanto por parte de artistas feirenses voluntários tais como Tanny Brasil, Paulo Akenaton, Cris Souza, dentre outros. Diante do alcance da ação, que em 2017 distribuiu cerca de 200 cestas básicas de Natal aos funcionários terceirizados, e em 2018 reuniu para um lanche festivo mais de 200 pessoas num clima de alegria e solidariedade, constatou-se o amadurecimento da ideia e a viabilidade de se institucionalizar em forma de Programa. A Professora Márcia buscou aliados, encontrando no professor André e na professora Suzi, entusiastas que abraçaram a causa e ampliaram a proposta. Dessa forma, o Programa de Extensão: Rede de apoio, Afetos e Ações Solidárias para a UEFS, nasce alicerçado na atual política de curricularização da Extensão, e propõe quatro sub-projetos de cunho sócio-educativos-afetivos-espirituais transformadores: o primeiro diz respeito à institucionalização da “Ação Solidária Pão e Poesia” a ser realizada em datas pré-definidas do mês de dezembro de cada ano; o segundo diz respeito ao processo de alfabetização e letramento dos funcionários terceirizados “Tempo de Aprender: Lendo, Contando e Encantando (TALCE)”, com atividades de leitura, produção de textos, iniciação à ciências&saúde, conhecimentos matemáticos e produção artístico-cultural, construindo o empoderamento,e, contra antigas concepções e práticas paternalistas; os outros dois: “Sentir, Emocionar e Transformar-se” (SENT) e Subprojeto VIDA - Vivências Integrativas Dançantes e Acolhedoras, numa retomada da fenomenologia, são métodos introspectivos e oriundos das tradições contemplativas ou dançantes, dentro da atenção de cunho biopsicossocial e espiritual, que tratam da prestação de serviços, promoção de palestras, oficinas e vivências destinadas à toda comunidade da UEFS, absolutamente gratuitos, a fim de prevenir, mitigar e auxiliar terapeuticamente, nas questões ligadas aos transtornos psíquicos e emocionais, via danças circulares e técnicas de autoconhecimento (inteligência emocional). Os quatro subprojetos têm proeminência nos valores humanos, na promoção da saúde, na cultura da paz, na educação transformadora, na inserção social, na dignidade da pessoa, que norteiam o bem-fazer na educação e saúde, com foco na inteligência emocional e empoderamento. Ainda que seja um pequeno esforço diante dos grandes, graves e intrincados problemas da UEFS, entendemos que é necessário um primeiro movimento nosso no sentido de contribuir de alguma forma com nossos saberes para consolidar uma cultura de solidariedade, frater/sororidade, de participação afetiva das pessoas que fazem a Instituição, e, por outro lado, é preciso que os seus alunos e trabalhadores sejam visibilizados e tratados com equidade e afeto. E dentro das ações empreendidas, os alunos capacitem-se para a vida profissional a partir de experiências extensionistas, dentro das atividades propostas pelo Programa. As inquietações nos levaram então a pensar: que podemos fazer para ajudar este momento de crise que vivemos coletivamente? Como resposta, apresentamos este Programa de Extensão.
As transformações sociais rápidas que temos sofrido conduziram a problemas que não podem mais ser resolvidos somente por um modelo de pensamento, em função da complexidade . O referencial cartesiano já não responde nem consegue atender à emergência que a pós-modernidade anseia,e assim, o referencial sistêmico é uma abordagem nova que entende “problemas como complexos, e que as soluções empregadas afetam não somente uma parte da organização, mas também a afeta como um todo, inter-relacionado, podendo existir uma pluralidade de caminhos e diversas e soluções. Este referencial é recente, tendo surgido a partir de 1920, na área da Biologia, com Goldstein (AGUIAR et al., 2015), sendo fortalecido por Hellinger e a noção de família compreendida como um sistema submetida às chamadas “Ordens do Amor” e “Ordens da Ajuda”. Hoje este olhar sistêmico foi expandido para o Direito, para as Instituições e para o mundo corporativo, onde todos devem ser incluídos, amados e vistos para a saúde do sistema. Neste contexto, a UEFS é um sistema cujos membros devem ser incluídos, amados, olhados. Estudos realizados por Silva Júnior e Sguissardi (2009), que resultou na publicação do livro “Trabalho intensificado nas federais: pós-graduação e produtivismo acadêmico” e por Silva e Silva Júnior (2010), no artigo “Estranhamento e desumanização nas relações de trabalho na instituição universitária pública” inspiram uma parte do eixo teórico deste projeto de extensão. Por décadas, a convivência humana cotidiana nos campi universitários no Brasil entre alunos, professores, funcionários e terceirizados, esteve ligada unicamente aos modelos de “educação bancária, reprodutora do saber, que faz uso da vigilância, da punição e do exame, e no modelo hierárquico professor-funcionário-aluno centrado no ensino, na pesquisa e prestação de serviço. Neste modelo, os professores são seduzidos “a compactuarem com a exploração, extensão, intensificação e precarização do trabalho” (SILVA e SILVA JUNIOR, 2010; LIMA, 2011). No âmbito professor-aluno o foco sempre foi o desenvolvimento de habilidades psicomotoras e formação profissional, cujas ações oferecidas limitavam-se a ações didático-pedagógicas utilitárias, pragmáticas, de cunho competitivo fundada numa prática de caráter verbal e desumanizante. No foco do funcionário do quadro de carreira ou os chamados terceirizados, o foco é o isolamento, a submissão, com trabalho burocrático de tendências utilitárias fadadas à rotina e longe da política educacional institucional. Esta configuração organizacional acaba suprimindo a corporeidade &espiritualidade, anulando as emoções e mantém estes diferentes atores afastados entre si de vivências afetivas, espirituais e do seu âmbito cultural, familiar e social, em que pese o esforço de algumas poucas iniciativas que insistiram em contrapor. Neste contexto de hegemonia do pragmatismo tecnológico-científico e do produtivismo acadêmico, a partir dos anos 1980, vários episódios no ambiente acadêmico ligados à desumanização, estranhamentos, falsa solidariedade, sofrimento, mal estar, assédio moral, violência, foram amplamente noticiados, e, posteriormente discutidos pela própria comunidade acadêmica chegando-se a conclusão de que, entre outros fatores, a competitividade dos pares e a desumanização conduziria a relações de trabalho cada vez mais esgarçadas, empobrecidas, esvaziadas de sua potencialidade humana (Silva e Silva Júnior, 2010). No campo biopsicossocial e espiritual, afeta negativamente o cotidiano da vida pessoal, podendo levar ao aumento da violência, assédio moral, ao adoecimento fisiológico/psíquico, ao suicídio. A ansiedade, a síndrome do pânico, fobias, os transtornos de humor, dificuldades de concentração, perturbações do sono, irritabilidade e o burnout são mais comumente relatados. Este último associado à Perturbação Depressiva no Trabalho são resultantes do estresse crônico típico do ambiente de trabalho excessivamente competitivo, onde se trabalha sob pressão, conflitos, poucas recompensas emocionais e pouco reconhecimento (TANURE et al, 2015). Seus sinais vão desde aparência “doentia” que se mantém estável com o passar do tempo, alteração de peso para mais ou para menos, cansaço, lentidão e falta de motivação, esquecimento e falta de concentração até pensamentos de desvalorização e falta de esperança (LANDEIRO, 2011). Como propõe a literatura, as relações humanas, em destaque no trabalho, devem ser permeadas pelos prazerosos e enriquecedores encontros diversos. Como tornar o ambiente de trabalho prazeroso, leve, alegre, mesmo com todas as responsabilidades técnicas, científicas, administrativas que se impõem à Universidade? Dentre os principais resultados encontrados por Freitas (2017), que em sua tese de doutoramento pela UFSC, estudou estresse em docentes da UEFS lotados nos DCBIO e do DSAU, estabelecendo relações entre trabalho, estresse, Transtornos Mentais Comuns (TMC), lazer e atividades físicas, demonstrou existir associação entre as variáveis e a percepção de saúde e qualidade de vida do trabalhador docente, identificando uma prevalência global de TMC na população estudada de 20,2%. A OMS (2012) preconiza prevalência em torno de 24% para mulheres e o referido estudo encontrou 21,8%; e, 18,9% para os homens. Nas comparações internacionais conforme ARAYA et al. (2011), as prevalências apontam percentuais em torno de 27,0% e 18% no Chile e na Grã Bretanha, respectivamente. As atividades de pesquisa estão vinculadas aos programas de pós-graduação M/D e são alavancas dos rankings da instituições de ensino superior. Aqui na UEFS, nos últimos 15 anos, a instituição como um todo têm passado por uma intensificação das atividades de pesquisa. E alguns Departamentos, conforme estudo de Freitas (2017), têm se destacado na produção científica. Com incremento do trabalho, estabelecimento de Programas de Mestrado e Doutorado, aumento das bolsas de IC, os professores trabalham mais e correm mais risco de adoecimento. Ou seja: além do ensino e da pesquisa – que já são exaustivos – o professor também pode ser coordenador de laboratório/núcleo, digitador, avaliador em banca examinadora, parecerista incorporando outras funções importantes, mas cansativas que nem sempre são contabilizadas em suas horas de trabalho, restando poucas horas para o descanso, o lazer, podendo afetar sua saúde biopsico-emocional. Sobre os alunos, um estudo conduzido por Santos e Barboni (2018), com 20 estudantes do primeiro semestre do curso Licenciatura em Educação Física da UEFS, de ambos os sexos, com idade entre 17-23 anos sobre presença de transtornos não-psicóticos entre os estudantes, ficou comprovado que 8 (40%) obtiveram resposta positiva, sendo a maioria dos acometidos do sexo feminino. Desconsiderar em absoluto este achado seria referendar uma Universidade omissa e desumana. Não foram encontradas pesquisas sobre prevalência de TMC entre funcionários ou terceirizados da UEFS. Ainda assim, com base nos dados acima, podemos inferir que estes atores estão igualmente sujeitos aos mesmos fatores estressantes que os professores e alunos. Estudos mostram que estes transtornos acima descritos podem ser mitigados ou prevenidos através de estratégias focadas tanto no indivíduo como na instituição, ou em ambos (MORENO et al., 2011). No âmbito individual, envolve o apoio familiar, de amigos e religioso e estão relacionadas à experiência de vida, cultura e peculiaridades de cada indivíduo (LIMA et al.2013). No âmbito institucional a questão é bem complexa pois passa por melhores condições de trabalho que nem sempre dependem da chefia, como tempo adequado para descanso, sistema de apoio ao trabalhador, condições físicas agradáveis e plano de carreira, entre outros. Sabe-se que quando a instituição não se preocupa ou não tem intervenção positiva nas condições de trabalho de seus funcionários, há uma queda na produtividade e qualidade (MORENO et al., 2011). Lima et al. (2013) e Valença et al. (2013) destacam que, além da importância do acompanhamento médico, psicológico e da rede profissional especializada em saúde mental, devem haver intervenções em educação permanente e estabelecimento de estratégias educativas e terapêuticas para otimizar as relações interpessoais, possibilitar a troca de experiências e redução dos anseios no espaço de trabalho (MORENO et al., 2011). Desde 2009 que os boletins da ANDES vêm publicando continuamente alertas sobre o trabalho docente e a saúde (“Os estudos indicam as causas e as consequências das doenças e chegam a afirmar que a educação brasileira está ameaçada de extinção, caso não se promovam políticas de valorização do professor. No entendimento do ANDES-SN, somam-se a essas causas, a redução do padrão de vida dos professores, a precarização das condições de trabalho, o aumento da exclusão social, o aprofundamento do desemprego e o arrocho salarial.” disp. em: http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=4230) tendo inclusive realizando o III Encontro Nacional do ANDES-SN sobre saúde do trabalhador, Vitória — 13 a 15 de maio de 2011 (resumo publicado e disponível em http://periodicos.ufes.br/SNPGCS/article/viewFile/1527/1118). Cremos que em curto período de tempo esse desmantelamento associado ao adoecimento poderá repercutir, diretamente, no desempenho acadêmico. A saúde biopsicossocial e espiritual até pouco tempo se constituía num campo de exclusão e de ação do modelo biomédico focado em uma clínica medicamentosa-hospitalar praticamente. Sem contrapor ao tratamento medicamentoso, mas somando-se a ela e abrindo novos caminhos para prevenção, tratamento, cura, reabilitação e inclusão, na Reforma Psiquiátrica o modelo de atenção passou a ser psicossocial, aberto e de base comunitária, multiprofissional, passando a ser conotado como uma ação social. Discussões sobre a cronificação de problemas de saúde fisiológica e do sofrimento psíquico humano e a busca por formas integrativas de abordar problemas complexos, levou o Sistema Único de Saúde (SUS) a implementar novas abordagens que permitissem reinserção social, a garantia dos direitos humanos e de cidadania, humanização e autoconhecimento, instituindo a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), por força da crescente demanda da população brasileira, veiculadas nas Conferências Nacionais de Saúde e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) aos Estados membros para formulação de políticas visando a integração de sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos (também chamados de Medicina Tradicional). Tal iniciativa trouxe à tona novas estratégias voltadas à humanização das relações, à reabilitação e à recuperação da saúde propondo a valorização do ser humano e uma nova forma de pensar no processo saúde-doença, destacando-se o atendimento à população e a divulgação e informação destas práticas para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando as metodologias participativas e o saber popular e tradicional. Atividades de exercícios bioenergéticos, meditação, imposição de mãos, constelação familiar e dança circular são algumas delas, as quais foram reconhecidas como práticas da PNPIC pelas Portarias GM/MS nº 849, de 27 de março de 2017, e nº 702, de 21 de março de 2018. E é justamente com uma prática pedagógica e integrativa, plural e libertadora, que desejamos lutar contra o fatalismo do adoecimento assim como seja contra o bullying, a miséria das relações esgarçadas. Este pequeno passo para ajudar as pessoas no autoconhecimento para que sejam conscientes e autônomos, agindo com inteligência emocional. Pensar em um Programa de Extensão Universitária que atinja a um público tão amplo e com olhar educativo, biopsicossocial e espiritual, e também incluindo aquele invisível a muitos olhos desatentos (os funcionários terceirizados da UEFS), nos remete aos conceitos do mestre Paulo Freire, bem como aos do sociólogo Zygmunt Bauman, os quais tomamos como base principal para discutir nossas ações. Inicialmente, evocamos o mestre Paulo Freire, ao reconhecermos este Programa de Extensão como um sonho a ser realizado, quando ele nos diz que: “[...] O sonho são projetos pelos quais se luta. Sua realização não se verifica facilmente sem obstáculos. [...]” (FREIRE, 2000, p. 26). Dessa forma, temos ciência da amplitude de luta a ser travada no processo de construção e manutenção deste Programa. Contudo, entendemos que se faz necessário agir nesta direção firmando-nos na perspectiva freireana de que: “A matriz da esperança é a mesma da educabilidade do ser humano: O inacabamento de seu ser de que se tornou consciente [...]. Este processo é a educação [...]”(FREIRE, 2000, p. 52). Diante do contexto acima exposto, fica clara a interdisciplinaridade deste Programa como uma necessidade em função de uma situação de adoecimento e esgarçamento de relações na UEFS, as quais serão enfrentadas em seus subprojetos. Estes e suas ações tem sinergia e se intercomunicam com vistas à promoção de ambientes saudáveis e seguros, capacitando e promovendo pessoas através de diferentes saberes e disciplinas. Os professores responsáveis por cada subprojeto trabalharão em equipe e em comunicação a partir de reuniões pedagógicas e de planejamento periódicas. Esta mesma estratégia será utilizada nas reuniões de autoavaliação e aferição de resultados. Logo, interdisciplinaridade, para este Programa, é entendida no campo ético, nas metodologias de ensino e abordagem de problemas e nos diferentes saberes a eles aplicados. Barboni (2014), defende o lema Kantiano do Sapere aude, que nos instiga a assumir a nossa autonomia, “pensar-por-nós-mesmos”, e a adotar do referencial colaboracionista do justo, o tipo biológico identificado por Ubaldi (2014) como um modelo ideal a ser incorporado por todos para transformar a realidade. A partir disso, o ponto central da ação educativa deste Programa voltado para os terceirizados – TALCE, terá atividades voltadas para alfabetizar, matematizar, iniciar ás ciências&saúde, formar leitores e promover palestras e vivências educativas; bem como do princípio da solidariedade humana através da doação de alimentos e cultura em forma de poesia, música e da arte em geral, para estes cidadãos e cidadãs que mantém os espaços da UEFS limpos e organizados e muitas vezes não são vistos nem valorizados. Em Bauman, encontramos o sentido da palavra comunidade: “[...] a comunidade é um lugar ‘cálido’, um lugar confortável e aconchegante [...]” (BAUMAN, 2003, p. 7). Consideramos por bem trazer o sentido de comunidade para problematizar algo que comumente falamos: “A UEFS é uma comunidade”, sim, de fato o é. Mas, em que sentido esse lugar tem sido cálido e aconchegante aos seus funcionários terceirizados, com as suas demandas socioeducativas, na perspectiva de saber que neste espaço do saber notório sistematizado e amplo, transitam como profissionais pessoas analfabetas funcionais e de grandes carências sociais? Então, ao mirar esta ampla questão, consideramos pertinente a realização deste programa, não com a intenção de sanar os problemas reais, mas, apenas pensando em minimizá-los. Assim, pretendemos um viés de justiça social em um âmbito micro social no Campus da UEFS, na medida em que um dos públicos-alvo para os quais se pensa este programa de extensão venham a manifestar o desejo de participar das ações propostas como mecanismo de transformação pessoal, autoconhecimento, a partir da nossa expressão clara e correta do que se propõe tal Programa para eles e elas. Dessa forma: “[...] ‘Convencer as pessoas pelo ‘uso da razão significa ajudá-las a atingir sua própria autonomia (CASTORIADIS, apud BAUMAN, 2003, p.74). Ainda em Castoriadis, encontramos o ponto de intersecção e comunhão que pleiteamos entre Freire e Bauman, no que diz respeito ao princípio de autonomia dos sujeitos através da educação libertadora e libertária, do sentido próprio de comunidade que aconchega, cuida e zela por seus partícipes, bem como da solidariedade que vai apaziguando as faltas do pão que alimenta o corpo, da poesia que alimenta a alma, das terapias e de vivências que trazem autoconhecimento e paz. Adicionalmente, fortalecem o aporte teórico deste projeto, os conceitos do Prof. Pietro Ubaldi em seu livro “Princípios de uma Nova Ética” que preconizam a pró-atividade do sujeito para uma vida plena com a tomada de consciência da realidade, levando-o à sua transformação moral abandonando práticas superadas do biótipo “forte” e do biótipo “astuto” para o biótipo do futuro: o justo. Este, torna-se um sujeito de sua história e da coletividade pois seu agir no mundo está em consonância com princípios ético-morais da frater/sororidade sem causar dano ou prejuízo ao outro, pela colaboração. A busca da cooperação, segundo Vale e Lima (2006) “vem sendo utilizada para solucionar vários tipos de impasse, seja no contexto social, seja no empresarial (no primeiro caso, GRAY, 1989; no segundo, ASTLEY, 1984; BRESSER e HARL, 1986; CARNEY, 1987)”. Empoderados e cientes de nossa responsabilidade como agentes desta mudança em nós e depois no mundo, move-nos o sentimento de equidade e dentro das possibilidades, dialogar com a gestão acadêmica para a emergência da implantação de ações aqui propostas bem como, os demais segmentos acadêmicos comprometidos e envolvidos com a educação, saúde, justiça social, contribuindo para a construção de relações saudáveis, autoconhecimento e um ambiente acolhedor e seguro na UEFS, elementos fundamentais para o bem-estar geral, o entusiasmo, o envolvimento e a motivação com o trabalho. Atendendo ao preceito da responsabilidade social e humanização o incentivo ao Empreendedorismo Social, inspirado no documentário “Quem se importa” de Mara Morão (2010), altera-se, nesse contexto, o próprio sentido de competitividade acadêmica, antes focada no produtivismo partindo-se para uma dinâmica de construção de espaços saudáveis, seguros e redes organizacionais, em que a colaboração ocorre entre todos. Assim, estes quatro subprojetos envolvem a utilização e integração de diversos saberes, tanto técnicos como psico-afetivos, em suas práticas. A professora Márcia é pedagoga com mestrado em Educação, tem grande experiência com educação/alfabetização de adultos e desenvolveu as habilidades necessárias para isso ao longo da sua carreira acadêmica. A professora Suzi é bióloga, com doutorado em Saúde Pública e formação em Análise Bioenergética e Constelação Familiar e tem atuado por mais de trinta anos a frente do movimento espírita e suas ações de apoio e solidariedade junto à comunidade baiana. O professor André é engenheiro, biólogo e filósofo com doutorado em Saúde Pública e formação em Análise Bioenergética e Constelação Familiar, fundou com a professora Suzi o Núcleo de Pesquisa em Filosofia, Saúde, Educação e Espiritualidade, cadastrado no Diretório de Pesquisas do CNPq e implantou com ela a disciplina Saúde e Espiritualidade (BIO161). A professora Amanda é professora de Educação Física com mestrado em Educação e formação em danças circulares. Coordena o NIEPEXES (Núcleo Inter/Transdisciplinar de Ensino, de Pesquisa e Extensão de Educação em Saúde). Pode-se, então, constatar que todos tem grande experiência em lidar com pessoas e solução de conflitos, escuta terapêutica e tem um longo trabalho de autoconhecimento, fundamental para os subprojetos a que se propõem a executar. Finalizando, destacamos que esta forma de ver segundo Leitão e Lameira (2005), passa por uma nova orientação mundial que vem sendo proposta, envolvendo diversos aspectos da gestão empresarial e corporativa, por autores vinculados à academia e/ou aos negócios, chegando-se até a adotar a expressão “novo paradigma”, mas sem especificar que paradigma é esse. Alguns expoentes como Albert Einsten, Ilya Prigogine (física e química), os pensadores da escola de Frankfurt, Jacques Derrida, Michel Foucault (filosofia), Charles Darwin (biologia), Sigmund Freud (psicanálise), são incluídos como pilares do novo paradigma chamado “humanismo”, a qual engloba o espiritualismo materialista e o espiritualismo religioso. Dentre os temas revisitados pelos humanistas estão: ecologia; globalização e internacionalização; espaço no trabalho; tempo no trabalho; cultura organizacional; mudança organizacional; psicologia do trabalho; comunicação; liderança; processo decisório; aprendizagem organizacional; poder nas organizações; motivação; ética nos negócios; gestão de conflitos; teoria dos stakeholders; responsabilidade social corporativa. Mudanças de paradigma como as aqui propostas muitas vezes não são bem recebidas pois fogem da visão conservadora e materialista de grupos dominantes e ainda segundo estes autores, entre as empresas que em 2005 já tinham iniciado o processo de transformação à caminho de um novo paradigma estão: Semco; Carvest Fund; Amex Life Insurance; New Hope Communications; North American Tool and Die; Ben & Jerry’s Homemade Ice Cream Inc.; General Motors (Fremont); Promon Tecnologia S.A.; National Payment Network; Working Assets Funding Service; Body Shop; Des Moines Water Works; Benoit; Johnsonville-Sausage; Kimberley-Clark, Forbo; Cascades Inc, sendo a a Palo Alto Group, da Xerox, ou a fábrica Saturn, da General Motors consideradas empresas bem-sucedidas em todos os níveis de transformação. São práticas pioneiras de uma vanguarda empresarial mais sensível às exigências da vida planetária e de uma visão mais humana de mundo. Nas universidades há indícios de que um processo de mudança está em andamento na direção de uma visão mais humana e espiritual de mundo, de forma a restituir ao ser humano competências para gerir sua vida, seu corpo, sua mente. A UEFS parece estar neste caminho! Nesse contexto, o Programa é campo fértil de treinamento capaz de possibilitar precocemente essas novas oportunidades e vivências para os estudantes extensionistas que serão formados como “empreendedores sociais”, “líderes sistêmicos”, gerando e explorando as sinergias provenientes da ação coletiva com grande diversidade de perfis e características, para construção de uma nova sociedade… mais justa, mais humana, mais fraterna. Vamos então institucionalizar estas ações!
O Programa de Extensão: Rede de Apoio, Afetos e Ações Solidárias para a UEFS, terá como metodologia de execução, os seguintes subprojetos e suas ações: • a “Ação Solidária Pão e Poesia”, com a entrega de cestas básicas, ao tempo proporciona um espaço solidário de arte, palestras e diversão anual para os funcionários terceirizados da UEFS; • Após aprovação neste âmbito, seguirá para apreciação junto a Câmara de Extensão para em receber o documento que permite sua plena funcionalidade; • Demarcar datas anuais, no mês de dezembro, para a realização da “Ação Solidária Pão e Poesia”; • Organizar campanha, interna e externa à UEFS, para a realização da “Ação Solidária Pão e Poesia”; • Elaborar material próprio para a realização do “Tempo de Aprender: Lendo, Contanto e Encantando (TALCE)”, tais como – módulos com conteúdos diversos para a alfabetização, matematização, letramento e educação científica; • Buscar possíveis doações de material didático, na sociedade civil, para a realização do “Tempo de Aprender: Lendo, Contanto e Encantando (TALCE)”; • Criar um serviço gratuito dentro das ações do “Sentir, Emocionar e Transformar-se” (SENT) com base na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde para atendimentos semanais à comunidade acadêmica com práticas de: exercícios bioenergéticos, meditação, imposição de mãos e constelação familiar, fundamentados na harmonização energética pelos campos mórficos, mãos, afrouxamento de couraças, e pela bioenergia de cura natural, visando fortalecer a resiliência daqueles que busquem o serviço; • Criar grupo regular de Danças Circulares no campus para promover e fortalecer vínculos na rede de apoio e afetos a partir da integração da roda, compondo ação do Subprojeto VIDA (Vivências Integrativas Dançantes e Acolhedoras); • Organizar um cronograma de temas e datas para as palestras e vivências, convidando previamente os professores da UEFS, bem como possíveis colaboradores externos, voluntários, com temáticas ligadas à responsabilidade social, empreendedorismo, paz, solidariedade, PIC’s, entre outros; • Participar do processo seletivo para bolsistas da PROEX que venham a auxiliar em todas as ações propostas; • Elaborar relatórios parciais por semestre e finais ao término de cada ano de vigência do Programa. Etapas dos subprojetos: • “Ação Solidária Pão e Poesia”, coord. Profª. Marcia Suely 1. mobilização dos alunos matriculados nas disciplinas ministradas pelos professores Marcia Oliveira, Suzi Barboni, André Barboni, Dalva Monalysa e Amanda Novaes no período setembro a dezembro de cada ano; 2. cadastramento dos alunos voluntários, conforme equipes: recolhimento de donativos, organização do evento; cadastro dos funcionários terceirizados; comunicação e publicidade; 3. divulgação no âmbito da UEFS e da imprensa local sobre o evento; 4. coleta de donativos e organização das cestas básicas; 5. contato com os artistas e talentos locais para apresentação no evento; 6. realização do evento “Pão e Poesia” no Auditório Central da UEFS, em dezembro de cada ano • “Tempo de Aprender: Lendo, Contanto e Encantando (TALCE)”, coord. Profª. Marcia Suely e Profª. Suzi 1. mobilização anual dentro do período letivo de alunos, funcionários e professores para as tarefas como voluntários: a) elaboração de módulos com conteúdos diversos para a alfabetização, iniciação às ciências, matematização, letramento, ética&cidadania; b) doações de material didático 2. inscrições junto a PROEX para funcionários terceirizados que desejem ser alunos no TALCE com abertura de 25 (vinte e cinco) vagas diurno e 25 (vinte e cinco) vagas noturno; 3. ações educativas de alfabetização, matematização, iniciação às ciências&saúde e letramento durante 1:30h duas vezes por semana, a ser definido junto com a PROEX local e dispensa dos interessados, durante os meses março a junho de cada ano (pode haver alteração conforme calendário UEFS); 4. palestras/atividades educativas sobre temas diversificados uma vez ao mês; 5. excursão educativa a museus, teatro, viagem de campo, eventos etc, realizado na Bahia, uma vez a cada turma; 6. finalização com entrega de certificado organizada pela coordenação aos concluintes que tiverem 75% de frequência e nota 7,0 (sete) na avaliação geral da aprendizagem. • “Sentir, Emocionar e Transformar-se (SENT)”, coord. Profª. Suzi e Prof. André; convidada: terapeuta Maria Aparecida 1. divulgação no âmbito da UEFS sobre a prestação de serviços gratuitos com base na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde para atendimentos semanais à comunidade acadêmica com práticas de: exercícios bioenergéticos, meditação, imposição de mãos e constelação familiar, a saber: a) professores, estudantes e funcionários efetivos, contratados ou terceirizados movidos cada qual por suas necessidades particulares motivadoras de suas buscas serão acolhidos gratuitamente para os atendimentos; b) previsto para toda 3.a. feira pela manhã das 7.30-9:00h prática de meditação, imposição de mãos ou exercícios bioenergéticos (pode haver alteração conforme calendário UEFS); c) previsto para toda 6.a. feira das 14:00-16:00h prática de constelação familiar (pode haver alteração conforme calendário UEFS). 2. agendamentos serão feitos por ordem de inscrição. • Subprojeto VIDA: Vivências Integrativas Dançantes e Acolhedoras, coord. Profª. Amanda Novaes 1. O grupo regular de Dança Circular ocorrerá toda segunda-feira ou na sexta-feira, de 16h às 17:30, podendo haver ajuste de horário que venha contemplar o matutino, sendo das 8h às 9:30. Inicialmente será feito um levantamento sobre disponibilidade de horários de possíveis participantes (estudantes, professores, funcionários efetivos, contratados e terceirizados), ajustado com a disponibilidade da focalizadora para divulgação do início do grupo/roda semanal. a) A criação do grupo regular busca atender demanda identificada a partir de uma vivência de Dança Circular realizada para os servidores da UEFS em comemoração ao seu dia, em outubro de 2017 e os horários previamente apresentados surgem a partir de experiência piloto desenvolvida após essa vivência com a roda semanal no campus; b) Após regularidade dos(as) participantes no grupo, consolidando a prática e constituindo-se o vínculo afetivo poderemos promover rodas abertas no campus e na comunidade externa uma vez ao mês; c) O grupo regular de Dança Circular no campus busca compor uma das ações do projeto VIDA (Vivências Integrativas Dançantes e Acolhedoras), o qual se propõe a acolher demais práticas corporais integrativas e, embora tenha iniciação no campus para atender principalmente a comunidade interna, se propõe a ter uma ação itinerante levando sentimentos e emoções nas vivências integrativas para escolas, unidades de saúde e demais instituições/organizações.
Promover uma rede de apoio com ações socioeducativas e solidárias para as pessoas que fazem a UEFS, tendo em vista o sentido comunitário/humanitário da rede nas perspectivas baumaniana de acolhimento e ubaldiana de solidariedade com a possibilidade de transformação pessoal e psicossocial dos sujeitos, possibilitando a cada um deles e delas o autoconhecimento, a satisfação nas relações humanas no campus e na relação de trabalho, ao empoderamento e à cidadania.
• Promover ações solidárias e humanitárias no campus universitário voltada para os vulneráveis e hipossuficientes, visibilizando-os; • Promover, através de uma educação não formal, intitulada “Tempo de Aprender: Lendo, Contanto e Encantando (TALCE)”, o processo de alfabetização, matematização, letramento e arte-educação, educação científica, ética e cidadania como possibilidade da construção do conhecimento significativo a este público-alvo; • Criar serviço de apoio seguro e humanizado no campus universitário dentro da Reforma Psiquiátrica e da Política de Saúde Mental e da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC, favorecendo maior integração social, fortalecendo a autonomia, o protagonismo, o autoconhecimento e a participação social do indivíduo (Sentir, Emocionar e Transformar-se – SENT); • Implantar o Projeto VIDA (Vivências Integrativas Dançantes e Acolhedoras) como espaço para desenvolvimento de tecnologias leves para o processo de autoconhecimento, autocuidado e produção de modos de vida saudáveis e sustentáveis; • Promover oficinas, palestras, seminários e vivências dos mais diversos temas culturais, sociais e espirituais, visando ampliar dois importantes aspectos: os conhecimentos dos sujeitos partícipes, bem como favorecer aos muitos mestres e doutores da universidade, e da comunidade externa, a possibilidade de doar seus conhecimentos aos participantes.
Ética e responsabilidade social devem estar no meio acadêmico bem longe dos modelos egocêntricos geradores de exclusão e desigualdade social que dominam na atualidade. Para tanto, um novo agir e um novo referencial de gestão, oferecendo inclusão e ações sistêmicas, podem constituir uma resposta criativa e geradora de mudanças desejáveis. Estamos acostumados a esperar ações das diferentes esferas do Governo para a resolução de nossos problemas, sem levar em conta nosso protagonismo e nossa alta capacidade de nos organizarmos e reagirmos a situações opressoras, injustas e adoecedoras. Neste sentido, a implantação do Programa de Extensão: Rede de Apoio, Afetos e Ações Solidárias para a UEFS, apresenta-se como uma proposta de inovação e justifica-se por se tratar de uma modalidade associativa com iniciativa dentro da emergência da visão sistêmica voltada para a realização de ações sócio-educativas-afetivas-transformadoras, com foco na inteligência emocional e empoderamento, junto aos professores, alunos, funcionários e funcionários terceirizados da UEFS, como forma de atenção às demandas socioeducativas, psicossociais e espirituais que venham mobilizar possíveis mudanças positivas no âmbito pessoal e profissional deste público. Trata-se também de um primeiro passo para reconhecimento institucional sobre aqueles chamados vulneráveis que lhe servem através de um trabalho constante, importante, mas, em geral, pouco visível a alguns olhos desatentos, bem como para seus alunos, na fragilidade e vulnerabilidade que muitas vezes convivem na UEFS. O termo “rede” utilizado no título, expressa nossa concordância com Vale e Lima (2006), (...) dentro do escopo de interesse deste trabalho, para designar uma forma particular de associação, de natureza horizontal, que reúne, voluntariamente, atores diversos, que interagem entre si, de maneira sistemática, compartilhando, em menor ou maior grau, certos valores comuns, e implementando, conjuntamente, estratégias de interesse coletivo visando algum ganho socioeconômico, emocional, espiritual, afetivo. A UEFS hoje ocupa um lugar de destaque na 46ª posição entre as todas as universidades brasileiras no Ranking Web of Universities, o qual leva em conta “o volume do conteúdo da instituição na internet quanto a visibilidade e o impacto destas publicações online de acordo com o número de citações que receberam”. Para manter este status é preciso que a instituição demonstre elevados padrões de desempenho. A UEFS é uma instituição de ensino superior do interior da Região Nordeste do Brasil, que assim como as demais instituições públicas de ensino superior, tem sofrido atual crise econômica e financeira imposta pelo capitalismo, através de cortes orçamentários sucessivos, precarização das condições de trabalho, desmantelamento, acompanhado de toda uma retórica neoliberal e neoconservadora governamental alicerçada na produtividade científica e no princípio da competência do sistema escolar como norteadores do financiamento. Deste alinhamento decorrem a promoção acadêmica por produção dentro de mecanismos de controle de qualidade externos ao ambiente acadêmico subordinando as IES ao mercado e ao gerenciamento avaliador da CAPES. Com a naturalização deste produtivismo, institui-se a competitividade, a cultura do imediatismo, tornando o trabalho docente exaustivo adoecendo muito facilmente, com repercussões entre discentes e funcionários. O trabalhador vende sua força de trabalho para executar tarefas muitas vezes extenuantes e repetitivas num ambiente competitivo que negligencia sua dimensão psicológica e espiritual. Neste cotidiano, detectamos um cenário acadêmico adoecido e assim tomamos partido sobre as mudanças deste cenário perverso, para com um modesto esforço, podermos implantar ações em forma de sub-projetos multiprofissionais de atividades educativas, culturais, humanitárias e espirituais com foco em educação, autoconhecimento, atingindo consequentemente, a atenção em saúde mental, para os trabalhadores e alunos da UEFS. Isto porque defendemos que o maior patrimônio da UEFS são as pessoas e, longe das antigas concepções e práticas paternalistas, assim como nos meios corporativos, nosso esforço neste Programa para desenvolvimento de uma UEFS como “ambiente seguro”, de uma cultura de altruísmo, cooperação, amabilidade, agradabilidade, solidariedade, responsabilidade social, simpatia, empatia, não julgamento. Em decorrência, propomos gerar e explorar as sinergias dos quatro subprojetos e seus raios de ação que apresentamos: “Ação Solidária Pão e Poesia”; “Tempo de Aprender: Lendo, Contando e Encantando (TALCE)”; “Sentir, Emocionar e Transformar-se” (SENT)”; e, Subprojeto VIDA – Vivências Integrativas Dançantes e Acolhedoras, se constituem como como “indutores de capital social — ingrediente vital para o nascimento da confiança e da cooperação que caracterizam os atuais processos de crescimento e desenvolvimento socioeconômico” (Vale e Lima, 2006), acreditando no poder criativo, no potencial da nossa comunidade e na sua vontade de mudar mediante atividades sócio-educacionais para todos, mas em especial aos que se sintam tocados, sensibilizados, favorecendo a estes sujeitos, ao participarem destas ações o autoconhecimento; e, em outras ações o gosto pela aprendizagem significativa, possivelmente, afetando melhorias em suas vidas nos âmbitos pessoal e profissional, gerando autoestima elevada, possibilidades de maior desempenho profissional e bom gosto cultural, tornando-os pessoas melhores continuamente. Não há explicação para que pessoas que trabalhem e passem a maior parte das horas de seu dia num ambiente acadêmico não tenham acesso, tenham o direito negado ao conhecimento e à práticas educativas deste ambiente! Inaceitável. Igualmente inaceitável que a UEFS, lócus produtor de conhecimento, seja tida como ambiente hostil, de separação e solidão, onde alunos e funcionários desenvolvem transtornos mentais comuns como ansiedade. Nosso comprometimento ético com a cidadania e os direitos humanos nos empurram para promoção de ações que possam cuidar e atender aos nossos alunos, funcionários e colegas evitando perda da autoestima, adoecimento, maiores comprometimentos da saúde, desesperança e incapacidades, caso se desconsidere os contornos de suas vulnerabilidades. Como instituição também a UEFS, dentro de sua responsabilidade social, deve buscar meios para melhor qualidade de vida das pessoas que aqui vivem. Por isso, entendemos que este Programa, que se configura numa ação inicial por três Departamentos (DEDU, DCBio e DSau), pode vir a ser um passo importante na questão da justiça social no campus, abrindo espaços de aprendizado, de capacitação, de autoconhecimento/espiritualidade. Suas atividades podem vir a ser apoiadas por outros Departamentos e Setores que se interessem, ampliando ações, ao tempo gerando um vórtice de solidariedade e amorosidade importantes ao andamento da UEFS, considerando este espaço privilegiado do saber, para além do cognitivo, mas, também abrindo frentes necessárias aos campos afetivos e espirituais através do olhar sensível sobre o outro – nesse caso, nossos colegas, nossos alunos, funcionários e funcionários terceirizados.

Histórico de movimentação
14-04-2023 13:55:47

Criação da proposta

28-07-2023 10:54:37

Parecer da Câmara de Extensão

Programa aprovado em 2019
26-07-2023 12:01:03

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
28-07-2023 10:54:37

Aprovado

Programa aprovado em 2019
31-07-2023 10:08:43

Ativo

Habilitado
v1.4.12
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