OBSERVATÓRIO DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS EM ESPAÇOS ETNOFORMATIVOS #6
- Coordenador:
- Maria Cláudia Silva do Carmo
- Data Cadastro:
- 04-04-2023 11:23:34
- Vice Coordenador:
- Luciene Souza Santos
- Modalidade:
- Presencial
- Cadastrante:
- Maria Cláudia Silva do Carmo
- Tipo de Atividade:
- Programa
- Pró-Reitoria:
- PROEX
- Período de Realização:
- 04/04/2023 - 04/04/2025
- Interinstitucional:
- Não
- Unidade(s):
- Departamento de Educação,
Resolução Consepe
123/2017
Processo SEI Bahia
0000000000000
Situação
Ativo
Equipe
8
O Programa “Observatório de Contação de História em Espaços Etnoformativos ” (resolução Nº 123/2017) é um programa de extensão, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Poéticas Orais, que visa profissionalizar contadores de histórias residentes da UEFS e ao mesmo tempo, formar interessados na arte da narração oral que possam desdobrar esse ofício na formação de outros sujeitos, tanto na ação artística quanto na formação e na pesquisa sobre o tema. Para isso, empreende duas atividades de Extensão e uma de pesquisa (com caráter extensionista). São elas:
GRUPO RESIDENTE DE CONTADORES DE HISTÓRIAS DA UEFS - FEIRA DE SANTANA – BAHIA: Trata-se da constituição de um grupo de contadores de histórias formado por estudantes da graduação e membros da comunidade interna e externa da UEFS, que já fizeram o curso de extensão na área ou a disciplina optativa EDU 925 Formação de Contadores de Histórias: Conta Comigo! O objetivo aqui é desdobrar a arte de contar histórias na formação de outros interessados, tanto na ação artística quanto na pesquisa sobre o tema em espaços Etnoformativos. Desejamos ainda, profissionalizar esses residentes para que possam se sustentar, por meio do ofício da narração oral.
ATELIÊ DE NARRAÇÃO ORAL - DOIS PASSARINHOS: Esse projeto cuida da formação de um grupo de crianças que desejam narrar oralmente e estão na faixa etária dos 07 aos 12 anos, oriundos do Centro de Educação Básica da UEFS (CEB). Esse grupo irá atuar na Brinquedoteca e em espaços etnoformativos como disseminadores da formação de plateia, da cultura popular e do interesse pelo mundo literário. CACIMBA DE HISTÓRIAS: VIDAS E SABERES DOS CONTADORES DE HISTÓRIAS TRADICIONAIS DE CIDADES DO INTERIOR DA BAHIA: Este projeto se configura em uma pesquisa que tem como objetivo investigar e dar visibilidade a narradores orais tradicionais que se encontrem no interior da Bahia, reconstituindo as suas histórias de vida e de formação como contadores de histórias, bem como registrando seus repertórios e disponibilizando-os por meio de um repositório que se configura em conteúdo aberto na rede . Esses materiais podem ser utilizados em salas de aula como material didático, na cena artística e por outros pesquisadores.
Espera-se com esses projetos que os envolvidos ampliem conhecimentos necessários para o crescimento pessoal e, no caso dos adultos, também profissional, por meio da palavra oral e da aprendizagem colaborativa. Assim, deseja-se que a UEFS alcance os Espaços Etnoformativos que anseia pela participação dos contadores de histórias em suas atividades e ajude a manter viva uma tradição que tão bem representa as manifestações culturais do Brasil.
A ideia de Observatório de processos Etnoformativos está pautada nos estudos de Macedo(2007), o qual o compreende como um ato de currículo potente pensado para ressignificar ou reorganizar a formação, enquanto processo dialético e dialógico em que ensinar e apreender consiste no desenvolvimento de práticas que envolvem observação, pesquisa, participação e/ou produção em distintos espaços Etnoformativos. Ainda conforme Macedo (2013), os observatórios de Currículos e Formação são: Lugares onde se filtram e se criam saberes implicados sobre o que seria relevante para um currículo e para processos formativos, os observatórios de Currículo e Formação podem se constituir num repositório de ideias e proposições curriculares e formativas capazes de nutrir a escola ou qualquer organização educacional com informações que podem ser apropriadas, tanto para suas ações curriculares quanto para as pesquisas interessadas em reelaborar compreensiva e propositivamente uma etnopequisa-formação( MACEDO, 2013, p. 147) Assim como o contador de histórias educa através das histórias e da relação que elas constituem com seus ouvintes, o professor também educa através da relação pedagógica estabelecida com seus estudantes. Partindo dessa premissa, desenvolvemos, uma proposta para o projeto de extensão: “Observatório de Contação de História em espaços Etnoformativos” onde alguns procedimentos se colocarão no território do ensino e da contação de histórias. De modo algum, esses procedimentos redundarão em artificialidade, considerando que um dos legados que recebemos da tradição oral foi, no nosso entendimento, “De encantamento em encantamento, o texto da tradição oral faz-se fonte de sabedoria e ensinamento”. Acreditamos que as atividades (oficinas, ateliês, tertúlias literárias, rodas de contação etc) nos renderão elementos para compreender as relações entre o professor e o contador de histórias e o tipo de educação gerado pelo fazer híbrido de professor e contador de histórias A narrativa tem o poder de ensinar, e, seja diretamente, como é o caso das fábulas e a moral que elas encerram, seja de maneira subliminar. Através delas, são reveladas questões culturais, que denotam o modo de pensar de um povo, e questões étnicas relativas às raízes que sustentam a formação de qualquer indivíduo. O contador de histórias, em seu ofício, apresenta, através de suas narrativas, posicionamentos a favor da cidadania – a exemplo do respeito pelos direitos humanos, pelas questões de gênero e pela diversidade, que tanto demarcam a luta das minorias – e faz isso porque tem como matéria-prima a sabedoria ancestral, que se baliza pela justiça. As narrativas orais integram, socializam, aproximam os diferentes. Por isso, é importante que a função de professor coexista com a de contador de histórias. Quando revestido de contador de histórias, com verdades herdadas de seu repertório de contos e de posse das qualidades estéticas da arte da contação, o professor tem condições de interagir com o outro em seus processos de narração e de escuta de si. Entretanto, cabe perguntar: em que se assemelham esses dois profissionais da palavra? Em primeiro lugar, professor e contador de histórias desenvolvem seu ofício de gente para gente, com gente – as pessoas com quem necessariamente têm de interagir para fazer circular informações e saberes, produzir conhecimentos e constituir valores. Se atuarem pela via do afeto e da sensibilidade, as semelhanças entre eles se ampliam. Um professor envolvido com narrativas, como acontece com o contador de histórias, inclina-se a desenvolver também disposição para a “dimensão educativa da palavra” (MATOS, 2005), o que ultrapassa o espaço da escola e se coaduna com a função social da educação prevista pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96): Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Sabemos que, nas sociedades de tradição oral, os contadores de histórias fazem uso da palavra em sua dimensão educativa. E fazem isso através da oralidade, reconhecida por eles como o principal veículo de transmissão de saberes. Hoje, porém, o contador de histórias tem consciência de que o sujeito já nasce imerso na sociedade da escrita, influenciado por uma oralidade secundária, na expressão de Ong (1993), fortemente demarcada por suportes tecnológicos que difundem voz e imagem em dimensões diversas. Eis aí o desafio de quem tem a pretensão de educar através das histórias. Nesse sentido, um professor, quando é também um contador de histórias – tomado pelo desejo e vontade de querer revelar sua condição de narrador, “uma vocação”, na perspectiva de Rubira (2006) –, habilita-se para alcançar essa dimensão educativa da palavra: Falamos de uma vocação não no sentido de se ter um dom dado pronto e acabado que, portanto, dispensa qualquer esforço para que se usufrua dele, mas no sentido mesmo de um chamamento (vox anima), ao qual não se pode ignorar porque ele grita em nós, clama por nós, reclamando-nos uma ação. Há de se ter dentro de si uma grande vontade de se comunicar com o outro, de partilhar ações comuns que resultem no aprendizado, no ensinamento desse outro. (RUBIRA, 2006, p. 18) Professores e contadores de histórias são guardiões da palavra e, quando se misturam, constroem, através das narrativas, um movimento de fala e escuta entre os seus interlocutores – seus alunos. Quando descobrem quem é o contador de histórias que mora em si –, fazem-se portadores de toda sorte de gestos culturais e palavras, a tríade licenciando, professor e contador se aproxima da essência do narrador ancestral que habita em cada um. Através da memória afetiva, eles vão revelando as histórias fundantes que lhes marcaram a vida e revelam o seu gosto pelas narrativas. E, para isso, não há receitas nem fórmulas, tampouco um jeito milagroso que provoque esse híbrido. O que há é um caminho metodológico composto por modos de narrar que saíram dos livros de outros contadores de histórias, é o repertório e a performance de contadores que se apresentam em espaços diversos, é o processo de descoberta desse narrador oral que mora em cada um na sua ancestralidade, o que se revela através de um estilo pessoal que provoca e visibiliza potencialidades encobertas. No processo de aprendizagem, o “professor-contador de histórias”, ao tempo em que se forma pela via das narrativas, também o faz com a “gente das maravilhas”. Isso faz com que ele perceba que não existe um padrão de contador. Contador é um ofício plural, daí a propriedade da expressão “gentes das maravilhas”, indicativa da multiplicidade de pessoas que se ocupam do ofício de contar histórias. Essa percepção é educativa, porque propicia a esse “aprendente” a compreensão de que seus alunos fazem parte do universo de pessoas com histórias singulares e que também merecem expressar suas singularidades, inclusive na forma de narrar seus textos. Assim como aprende a narrar com a ajuda das potencialidades e características que tem – responsáveis pela construção de um estilo –, também cada criança, jovem ou adulto encontra um jeito próprio de construir seus processos de aprendizagem. E eis a proposta de educação onde se sustenta a palavra educativa do contador de histórias: Numa proposta de educação ampla – e por ampla entendemos, como Costa, uma educação interdimensional, ou seja, na qual as diversas dimensões constitutivas do ser humano, a saber: o lógos (razão), o páthos (sentimento), o éros (corporeidade) e o mythos (espiritualidade), sejam trabalhadas de forma equilibrada e harmônica –, a “palavra” do contador tem lugar garantido (MATOS, 2005, p. 140). Mesmo se localizando no universo das artes cênicas, a arte de contar histórias vem, no nosso entendimento, ocupando o espaço de quem se preocupa em educar com arte. Isso porque, na arte da contação, o profissional da educação, em especial o professor, é convidado a expandir um conhecimento interdisciplinar e observar a realidade à sua volta com a sensibilidade de quem faz cultura. Através de histórias, as pessoas encontram lentes para enxergar com mais acuidade seu processo de autoconhecimento e de compreensão do momento histórico em que a sociedade se encontra. Para isso, o aluno envolvido com esse curso, um estudante de licenciatura, iniciante na arte de contar histórias, precisa se portar como parceiro, aquele que propicia meios e torce para que a criatividade do outro aflore, condições importantes para o estabelecimento de espaços de confiança entre os seus alunos, o que pode, na compreensão de Matos, “ajudá-los a sair do medo, do torpor e da confusão, para entrar em contato com o próprio processo criador.” (2012, p. 112). Matos (2012) associando a arte de contar histórias com a educação, na perspectiva da dimensão formativa, afirma que o desenvolvimento humano, seja ele razão, sentimento, corporeidade ou espiritualidade, se realiza através da arte de viver. Cita a expressão usada por Hampaté Bá “do berço ao sarcófago”, para expressar a ideia harmoniosa de “educação formativa”, que começa quando o indivíduo nasce e segue com ele até o final da vida. Essa é a educação que desejamos para as nossas escolas de Educação Básica, espaço de atuação dos professores em formação, especialmente os envolvidos com esta atividade de extensão. Trata-se de uma escola cuja proposta pedagógica adote, entre outras coisas, a cultura como um elemento iniciador do processo de ensino e aprendizagem. Acreditamos que a história da formação de um contador de histórias começa antes mesmo que ele aguce o desejo de contar profissionalmente suas próprias narrativas, pela voz de muitos outros sujeitos que compartilharam com ele os momentos que passaram diante dos livros de literatura e das narrativas orais: pais, parentes, amigos, professores e colegas. Assim, o postulado de Bakhtin (apud Koch, 1993, p. 15-16) far-se-á presente em todos os momentos de desenvolvimento desse projeto de extensão: “Eu sou na medida em que interajo com o outro. É o outro que dá a medida do que sou. A identidade se constrói nessa relação dinâmica com a alteridade.” A narrativa encena, dramatiza essa relação expressa por Bakhtin. Através dela, o sujeito é, ao mesmo tempo, projeção de si e do outro, porque nenhum discurso provém de um sujeito adâmico que, num gesto inaugural, emerge a cada vez que fala ou escreve, como fonte única do seu dizer. Segundo essa perspectiva, o conceito de subjetividade se desloca para um sujeito que se cinde porque é átomo, partícula de um corpo histórico-social no qual interage com outros discursos dos quais se apossa, ou diante dos quais se posiciona (ou é posicionado) para construir sua fala. Com essa certeza, o desenvolvimento das atividades, com a contação de histórias em sala de aula, foi pautado e sustentado na esperança de que se faça utopia o que diz Chiappini e Marques (1988, p.48): “é essa vivência do grupo que pode habilitá-lo para a descoberta do significado do texto (oral) e das relações sociais dentro e fora da escola”. Isso, por certo, não dispensa quem trabalha com educação. O “professor-contador de histórias” cuida da construção de seu repertório de narrativas, de suas preferências, da condição de segurança para saber de onde partir para desenvolver uma proposta de formação pelo dialogismo: as personagens que deixaram suas marcas, os cenários que desafiaram o tempo e permaneceram intocáveis na memória, os enredos recontados e ressignificados com riqueza de detalhes – tudo isso, possivelmente, impactará os que estão em seu entorno, especialmente seus alunos. Lacerda (2001, p.221), em seu texto “Os peixes de Schopenhauer: leitura e classe pensante”, afirma que sua escolha pela literatura é oriunda, em especial, das aulas de alguns professores: “cada um deles me envolveu em sua própria paixão e arrebatamento peculiar”. No caso do “professor-contador de histórias”, se ele não possui esse repertório, se nada ficou guardado em sua memória afetiva, se não tem gostos e preferências por um conto de autor ou de domínio público, se não compartilha títulos, nomes, histórias com os seus alunos, como poderá mediar dialogicamente os muitos sentidos provocados pelas histórias? Para Bakhtin (2003, p.410): ... não há a primeira nem a última palavra, e não há limites para o contexto dialógico (este se estende ao passado sem limites e ao futuro sem limites). Nem os sentidos do passado, [...] podem jamais ser estáveis (concluídos, acabados de uma vez por todas): eles sempre irão mudar (renovando-se) no processo de desenvolvimento subsequente, futuro do diálogo. Em qualquer momento do desenvolvimento do diálogo existem massas imensas e ilimitadas de sentidos esquecidos, mas em determinados momentos do sucessivo desenvolvimento do diálogo, em seu curso, tais sentidos serão relembrados e reviverão em forma renovada (em novo contexto). Não existe nada absolutamente morto: cada sentido terá sua festa de renovação. Questão do grande tempo. No contexto dialógico em que os momentos de suspense de uma história aparecem sob forma de tristeza de uma personagem, a angústia de uma situação, o envolvimento acaba ocorrendo, de quem conta e de quem ouve, intensificando a experiência da narrativa e seus impactos no grupo. Esse ponto é essencial, considerando que a pessoa humana não é apenas dotada de razão. A alegria e o riso se afastam da escola, pelo menos na hora de efetivar o currículo oficial. A conversa, o bom humor, a risada e a descontração são, por vezes, tomados como “falta de aula” pela administração da escola e, muitas vezes, pelos próprios professores, reproduzindo a lógica da divisão do trabalho, da separação entre prazer e produção, típicos da sociedade capitalista, conforme enfatiza Chiappini e Marques (1988, p. 48). E é na contramão dessa divisão entre lazer e labor que se encontra a arte de contar histórias, provocadora de alegria no processo educativo, localizada no cerne de uma educação sustentada pelo afeto e pela sensibilidade, responsável, ao lado das outras artes, pela construção de uma poética dos processos de ensino e aprendizagem. Mas, para que essa alegria seja reconhecida no processo educativo, é preciso que o professor se reconheça como alguém que, ao mesmo tempo em que educa, é também educado, já que vive num círculo de relacionamentos. Esse círculo, segundo Freire (1996, p. 26), permite “a presença de espíritos livres, criativos, libertos da cadeia de comando que assola e conforma nossa educação. [...] percebe que ensinar e aprender não pode se dar fora da procura, da boniteza e da alegria.” [...] e que a educação deve ser estética e ética.”
São realizadas quinzenalmente encontros para desenvolver as atividades do “Observatório de Contação de História em Espaços Etnoformativos” com base nas metodologias que seguem: No tratamento teórico-metodológico: • Exposições dialogadas • Leitura e discussão de textos de natureza verbal e audiovisual • Estudo investigativo: Folcloristas e compiladores de textos da tradição oral. • Expressões coletivas de estudos Na prática da contação de histórias • Roda de Contação de Histórias em espaços Etnoformativos • Roda de conversa a partir das impressões causadas pelas narrativas orais; • Exercícios de improvisação, leitura, narração, dicção, memorização, relaxamento e dinamização corporal. Essas atividades (oficinas, ateliês, tertúlias literárias, rodas de contação, mostras performáticas entre outras) serão mediadas pelas professoras responsáveis pelo projeto – Maria Cláudia Silva do Carmo e Luciene Souza Santos – mas contam com a colaboração de outros profissionais, a exemplo das professoras de música, Simone Braga e Cláudia Elisiane que colaboram com a inserção da música nas práticas de contação de histórias. O curso de extensão tem ainda a presença de outros contadores de histórias, a exemplo da Luciene Mota para que os envolvidos compreendam que há vários modos de dar voz as narrativas tradicionais. O grupo ainda tem contato com o professor Bruno Westermann que apresenta o universo do cancioneiro popular através da prática de instrumentos e acrescerá o potencial das histórias narradas pelos envolvidos. A criação do grupo dialoga com espaços e atividades importantes, tais como: a disciplina optativa de caráter interdisciplinar EDU 925 - Oficina de Contação de Histórias: Conta Comigo! Passarinhar na Brinquedoteca (evento bimestral comandado pelo grupo Passarinhar junto ao Centro de Educação Básica da UEFS); Pesquisas de graduação e mestrado que tenham a contação de histórias como objeto de estudo e o evento anual intitulado "Conversas com quem gosta de contar". Além disso, constituir na programação da FILFS da UEFS, Festival de Literatura de Feira de Santana e na Feira de Graduações, e também na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e de outros eventos da própria universidade. Além das atividades citadas, os discentes vão a campo para contar as suas histórias acreditando na máxima de Benjamin (1994) quando afirma que “é contando que se aprende a contar”. De posse dos efeitos de sentidos dessas experiências como contadores de histórias, os sujeitos voltam para o observatório e socializam as suas vivências e o que aprenderam com elas. Há ainda a previsão de realizar apresentações, através de um espetáculo que se configura numa “Mostra Performática de Contação de Histórias” com duração de 60 minutos no CUCA e em algumas escolas de Feira de Santana.
Profissionalizar contadores de histórias residentes da UEFS e ao mesmo tempo, formar interessados na arte da narração oral que possam desdobrar esse ofício na formação de outros sujeitos, tanto na ação artística quanto na formação e na pesquisa sobre o tema.
•Fomentar os processos de formação decorrentes da prática de Contação de Histórias em espaços Etnoformativos; •Compreender o significado das narrativas orais como fonte de afetividade, de constituição de subjetividades, de formação do Ser e de descoberta de estilo pessoal na arte de contar histórias; •Valorizar a história oral como ferramenta de aproximação e diálogo entre tempos e pessoas; •Conhecer a obra de autores que trabalham com a valorização da Literatura Oral e os seus desdobramentos; •Tematizar questões que envolvem a diversidade da sala de aula e apresentar possibilidades de trabalho pedagógico, considerando as diferenças dos saberes entre os estudantes e as suas necessidades de aprendizagem.
Contar histórias é mesmo uma arte sem idade e, quando ela é usada a favor do professor, tanto a sua relação afetiva com o seu aluno se estreita quanto os processos de ensino e aprendizagem se desenvolvem pela via da sensibilidade e da ludicidade. Temos em Feira de Santana e região uma rede história bem estruturada no que diz respeito a formação de contadores de histórias, toda ela iniciada na década de 1990 com a chegada dos módulos de formação do PROLER – Programa de fomento à Leitura da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Essa história se desdobrou ainda nos Encontros de Leitura realizados posteriormente pela UEFS. Depois de algum tempo a formação de contadores passou por um período de silenciamento, movimento que também ocorreu em outros pontos do Brasil. Pensando em preencher essa lacuna, surge a partir de 2009, duas pesquisas interessadas em estudar a reinvenção do conto, tanto no que concerne às experiências do contador de histórias tradicional quanto as do narrador oral contemporâneo. Para isso, as pesquisadoras Kelly Cristine (Keu Apoema) e Luciene Souza desenvolvem em seus estudos de mestrado e doutorado intervenções que se desdobram em práticas de pesquisa-formação que geram componentes curriculares que desenvolvem em suas IES nos dias atuais. Luciene implantou em 2014 o curso de Extensão Conta Comigo e a partir de 2015 a disciplina optativa EDU 925 Formação de Contadores de Histórias: Conta Comigo! ofertada pelo Colegiado de Pedagogia a estudantes de licenciaturas diversas. Depois desse período, em parceria com a professora Maria Cláudia Silva do Carmo, é proposta a criação de um Programa de Extensão interinstitucional, que possa, entre outras coisas, integrar pesquisas na área da narração oral de histórias. Por meio dessas experiências é possível observar o interesse crescente dos estudantes em continuar aprendendo sobre as narrativas de tradição oral e, isso desencadeou a proposta de extensão aqui apresentada. As experiências revelaram que há uma carência na formação dos estudantes no que concerne a disciplinas que contemplem trabalhos que ampliem a discussão teórica e se articulem também em práticas corporais. Além disso, quando concluem a experiência curricular em EDU 925 muitos estudantes buscam viver novas experiências como narradores orais e buscam na extensão esta oportunidade. É com base nesta experiência que refletimos sobre essas questões e propomos o Programa de Extensão “Observatório de Contação de História em Espaços Etnoformativos”.
Este será um espaço reservado aos estudos teóricos sobre Observatórios Formativos, constituição de repertório para contação de histórias e montagem de apresentações cênicas em Espaços Etnoformativos, ações sustentadas pelos estudos do Grupo de Estudos e Pesquisas em Poéticas Orais. Faremos ainda fazer uma articulação com o Núcleo de Leitura da UEFS que atua na área de formação de leitores há mais de 20 anos, desenvolvendo, em muitos momentos de sua história, práticas de formação de contadores de histórias a partir da perspectiva da mediação de leitura.
Histórico de movimentação
04-04-2023 11:23:34
Criação da proposta
09-04-2023 14:33:44
Parecer da Câmara de Extensão
Programa aprovado
08-04-2023 12:02:25
Em Análise
Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
09-04-2023 14:33:44
Aprovado
Programa aprovado
09-04-2023 14:34:27
Ativo
Programa habilitado para pedido de bolsa extensão