IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DEMONSTRATIVA DE AGROSTOLOGIA PARA DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS EM FORRAGENS UTILIZADAS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL #75

Coordenador:
Daniel Lucas Santos Dias
Data Cadastro:
16-04-2023 18:23:45
Vice Coordenador:
Rita Kelly Couto Brandão
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
Daniel Lucas Santos Dias
Tipo de Atividade:
Programa
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
01/07/2021 - 01/07/2031
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Área de Agronomia do DCBIO (Área VI),

Resolução Consepe 29/2021
Processo SEI Bahia 00000000000000000000
Situação Ativo
Equipe 19

Uma das características importantes da pecuária no Brasil é a predominância de alimentação à pasto. De fato, comparada com outros países a quantidade de matéria seca produzida para alimentação dos animais de produção de origem pastoril é significativamente maior. A pesar da óbvia importância dos ambientes de pastagens para a cadeia produtiva da pecuária nordestina, os pastos ainda recebem tratamento negligenciado por parte dos produtores. Sobretudo na região nordeste e semiárida o uso de espécies forrageiras de alta produtividade ainda é incipiente, quer seja por desconhecimento, custo de substituição ou dificuldade de acesso às espécies e variedades mais produtivas e adaptadas às nossas condições edafoclimáticas. Unidades Demonstrativas constituem uma das principais ferramentas de extensão rural, permitindo a estudantes, técnicos e proprietários rurais, contato com tecnologia e processos tecnológicos. Este projeto visa implantar uma Unidade Demonstrativa Agrostólogica (de espécies forrageiras) para atender as demandas produtores e técnicos do setor de produção da pecuária. Adicionalmente a Unidade Demonstrativa de plantas forrageiras será uma importante ferramenta para aquisição e difusão de tecnologia para professores e alunos dos cursos de Agronomia e Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana. O Programa visa instalar pequenas glebas com diferentes tipos de espécies forrageiras, dentre elas gramíneas, leguminosas e cactáceas forrageiras adaptadas à condição de semiárido. Uma vez instalada, a Unidade Demonstrativa receberá visitantes que terão acesso a eventos, palestras, minicursos, cursos, dias de campo cursos de capacitação. O programa de extensão tem caráter orgânico institucional e servirá tanto no auxílio à formação dos discentes da nossa Universidade, bem como para difusão de tecnologia através de atividades de extensão com técnicos e produtores rurais da região. Adicionalmente o campo servirá para estágios, realizações de TCC e espaço para aulas práticas.
Introdução A utilização das plantas forrageiras na alimentação animal é uma alternativa que garante o fornecimento nutricional quando outras opções não estão disponíveis ou são escassas, e os benefícios dessa prática vão além do desempenho animal. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no Brasil, cerca de 95% dos rebanhos bovinos são criados a pasto (Embrapa, 2022) e por conta disso, o país quando comparada à outras nações grandes produtoras de carne bovina, possui um dos menores custos de produção devido às suas condições favoráveis de clima, condições físico-químicas de solo, e sua grande extensão territorial agricultável (Dias-Filho, 2011), permitindo o crescimento do setor de forma contínua (ABIEC, 2020). No âmbito do semiárido, a utilização de forragens tem papel fundamental não somente na viabilidade da sua atividade pecuária, como também na manutenção, conservação e recuperação dos solos (Barcelos et al., 2008), no equilíbrio do agroecossistema, conservando fauna e flora endêmicas do local (Cardoso, 2021). Apesar das dificuldades de cultivar plantas forrageiras, citadas por Lima et al (2017) sendo as principais as características edáficas e climáticas da região, e o acesso à tecnologias e informações acerca da exploração desse recurso, é possível obter sucesso na atividade através do manejo de espécies adaptadas ao local, da utilização de estratégias já conhecidas popularmente (Cardoso, 2021), ou desenvolvidas em pesquisas, podendo ser através de campos agrostológicos. A agrostologia é o âmbito da botânica voltado para o estudo de gramíneas, e por consequência às plantas forrageiras, onde pode ser explorado através de campos agrostológicos, utilizados para o cultivo dessas plantas inseridas em tecnologias de manejo, pastejo, cultivos e propagação. Para o meio acadêmico, esse recurso serve de integração entre conhecimentos teóricos e práticos da forragicultura dos pontos de vista agronômico e zootécnico (Oliveira et al., 2009) promovendo vivência na área para docentes e alunos, tendo estes embasamentos para lidar com situações cotidianas e difundir o conhecimento adquirido para a comunidade externa (Magalhães et al., 2020). Gênero Panicum O gênero Panicum originário da África Tropical (Parsons, 1972) é um dos maiores e mais importantes da família que se insere - Poaceae (Guglieri et al., 2004), tendo espécies popularmente conhecidas como Sempre Verde, Colonião e Guiné, que entre outras, tiveram seu uso substituído por novas cultivares (Embrapa, 2003) como Tanzânia (Embrapa - CNPGC, 1990), Massai (Embrapa - CNPGC, 2003) e Mombaça (Embrapa -CNPGC, 1993). Bem adaptadas, no geral, às nossas características de clima e solo (Souza Neto, 2004). São plantas de crescimento ereto, variando entre estolonífero ou rizomatoso, com espécies de florações do tipo precoce a tardias, sendo sua reprodução sexuada ou apomítica (Corsi e Santos, 1995), com alta exigência nutricional e baixa tolerância ao encharcamento (Nunes, 2021), sua produtividade tem registros de até 25 Mg ha-1 ano -1 (Uebele, 2002) tendo um percentual de digestibilidade de 68% em média (Machado et al., 1998). Apesar da sua grande capacidade produtiva e alto valor nutritivo, algumas espécies do gênero podem apresentar estacionalidade na produção em alguns meses do ano (Euclides, 1995), principalmente no inverno, onde a oferta de luminosidade, temperatura e água são menores, contudo, em determinado período do ano, apresenta alta capacidade e qualidade de pastejo (Krahn, 2015) quando bem manejadas, o que indica a possibilidade de utilização dessas espécies na forma conservada como feno e silagem. Capim Tanzânia: De alta produtividade (33 t ha -1 de MSt) e valor nutritivo (12,7% de PB) (Savidan et al., 1990), o capim Tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia-1) é uma cultivar utilizada para diversificação de pastagens e substituição a outras espécies em processo de degradação por conta da sua preferência por solos com alta fertilidade e resistência a algumas pragas (Embrapa, 2022). No Nordeste, essa cultivar é muito utilizada para sistemas de pastejo rotacionado, principalmente de pequenos ruminantes (Benevides et al., 2005). Tem crescimento cespitoso de 1,30 m com folhas decumbentes (Savidan et al., 1990). Apesar da sua notável estacionalidade nos períodos secos do ano, o Tanzânia possui um grande acúmulo de material forrageiros durantes a disponibilidade de recursos hídricos e luminosidade e temperatura ideais, em diferentes intervalos de corte (Oliveira, 2012). Capim Massai: A cultivar Massai (BRA 007102) é um híbrido natural do P. maximum e P. infestum desenvolvida pela Embrapa, para obter dentro do gênero um indivíduo com exigências nutricionais reduzidas e resistência à pragas e doenças (Brâncio et al., 2003) onde apresenta características de boa produção de forragem sob pastejo (Amorim et al., 2017), de alta qualidade e palatabilidade (Embrapa, 2001). Por conta da sua boa produção - cerca de 21 T ha-1, boa adaptação aos climas tropicais e subtropicais (Valentin e Moreira, 1994) e outras peculiaridades como o crescimento em forma de touceiras de, em média, até 60 cm, relação de folha/caule de 6:1 (Souza, 2021), e as características já citadas, essa cultivar é uma das mais utilizadas no Brasil em sistemas de produção animal (Gomes et al., 2011), sendo ainda a melhor opção para pastejo de animais de pequeno porte (Freitas, 2021). Gênero Sthylosantes O gênero Stylosanthes ocorre principalmente nas regiões tropicais e subtropicais do continente americano, podendo ser encontrado entre a Argentina e os Estados Unidos. De acordo com Costa (2006), são reconhecidas 48 espécies, das quais 43 são exclusivas do continente americano. No Brasil ocorrem 29 espécies, sendo treze delas encontradas apenas em território brasileiro. No estado de Minas Gerais foram encontradas dezoito espécies (Costa e Ferreira, 1982). A distinção das espécies dentro do gênero tem sido baseada em várias características morfológicas, como por exemplo: formato das brácteas, presença ou ausência de xilopódio, número de artículos férteis do lomento, pilosidade do artículo e do caule, tamanho e formato dos folíolos e das inflorescências, tipo de venação e presença ou ausência de pilosidade nas vagens e tamanho do apêndice terminal no artículo superior das vagens (Costa e Ferreira, 1982; Mannetje, 1984; Batistin e Martins, 1988; Costa, 2006). O porte das plantas do gênero Stylosanthes varia de herbáceo a subarbustivo, podendo ser ereto, semiprostrado ou prostrado (Ferreira e Costa, 1979). No mesmo gênero há espécies anuais, como S. humilis, e perenes, como S. guianensis, S. scabra, S. capitata e S. macrocephala. As folhas são trifolioladas e a inflorescência é do tipo espiga. As flores são protegidas por brácteas e bractéolas, e suas cores, em geral, variam desde amarelo até alaranjadas.
Dinâmica de Trabalho Antes da implantação será realizada uma aração e duas gradagens, a fim de eliminar as espécies forrageiras indesejáveis na área, bem como, preparar o solo para a semeadura. Em seguida será feita a coleta do solo de toda a área e envio para análise em laboratório. A partir desta análise, caso seja necessário, será realizada a adubação de base e correção da acidez seguindo as recomendações da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (Alvarez & Ribeiro, 1999). Após realização de preparo do solo, realizaremos a divisão dos canteiros, de modo a se obter inicialmente 35 parcelas nas dimensões de 2 x 2,5 m (5m²). Será feito o balizamento e estaqueamento das parcelas, de forma que as “ruas” entre canteiros mantenham a largura de 1 m na tentativa que não haja infestações por outras espécies, bem como facilitar o acesso para a devida manutenção desses canteiros e trânsito de discentes e visitantes na área. As sementes e/ou mudas para a implantação do campo agrostológico foram gentilmente doadas pelo Grupo Matsuda e por centros de pesquisa como a Embrapa e o Projeto Forrageiras para o semiárido e pelo setor de Forragicultura e Pastagens da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. As espécies forrageiras serão semeadas de acordo com suas especificações e cada parcela será devidamente identificada com placas de PVC onde serão descritas as principais características da espécie forrageira em questão como nome científico, nome comum e exigências da espécie. Após cerca de 70 dias, será realizado o corte de uniformização e adubação de manutenção das parcelas, com a dose de 75 kg ha-1 de N e 50 kg ha-1 de K. Todas as etapas para a implantação do campo agrostológico, tais como a coleta do solo para análise, interpretação da análise, correção e adubação do solo se necessário, semeadura/plantio, acompanhamento de germinação, controle de pragas e doenças e o acompanhamento do desenvolvimento das plantas forrageiras serão realizados pelos discentes do curso de Agronomia, sob supervisão do coordenador e da orientadora do projeto de extensão. Após o estabelecimento os canteiros serão mantidos ao longo do ano pelos discentes extensionistas envolvidos no programa e pelos discentes matriculados na disciplina Forragens e Plantas forrageiras. Elaboração de material didático O campo agrostológico implementará um programa de estágio em extensão rural, capacitando-os a realizar atividades de extensão e difusão de tecnologia sobre plantas forrageiras. Estudantes Extensionistas, voluntários e possíveis bolsistas trabalharão na unidade demonstrativa e nas propriedades rurais, sindicatos de pequenos agricultores e associações de produtores. Os dados coletados durante o ano produtivo na Unidade Demonstrativa serão compilados, organizados para a confecção de cartilhas informativas que serão disponibilizadas para os produtores rurais, sindicatos e associações de produtores trazendo informações relevantes sobre as espécies de gramíneas e leguminosas e seus cultivares; informações sobre o manejo, produção de matéria seca, adubação e tratos culturais das espécies avaliadas; preparo e correção do solo para o plantio; meios de propagação e hábitos de crescimento das diferentes espécies de gramíneas e leguminosas presentes no campo agrostológico e escolha da melhor espécie forrageira para cada situação específica, dentre outros aspectos.
A implantação da unidade demonstrativa de plantas forrageiras “Campo Agrostológico” tem como objetivo geral atender as demandas de técnicos, produtores rurais, professores e alunos dos cursos de Agronomia e Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana, quanto ao surgimento de novas tecnologias aplicáveis as propriedades rurais, tornando o campo agrostológico uma ferramenta pedagógica teórico-prática, visando atender o tripé ensino, pesquisa e extensão pretendido pela instituição.
Possuir um catálogo a céu aberto de plantas forrageiras (gramíneas, leguminosas e cactáceas utilizadas na alimentação animal); Capacitar técnicos, produtores rurais e alunos do curso de Agronomia, quanto a escolha dos recursos forrageiros utilizadas na alimentação animal; Capacitar técnicos, produtores rurais e alunos do curso de Agronomia quanto ao estabelecimento e manutenção das áreas de pastagens na região de Feira de Santana.
Os baixos índices produtivos dos rebanhos brasileiros estão normalmente associados à baixa produtividade e ao baixo valor nutritivo das espécies das forrageiras mais utilizadas no nosso país, tornando incessante a busca por parte de técnicos e produtores por espécies forrageiras com alto potencial para produção de matéria seca, de alta qualidade nutricional e que apresentem flexibilidade de uso sob corte ou pastejo. A implantação do Campo Agrostológico servirá para sanar a falta de conhecimentos práticos acerca da produção e manejo das diversas espécies forrageiras disponíveis para implantação de áreas de pastagem, permitindo que os discentes sejam capazes de discernir a espécie forrageira mais adaptada para o sistema de produção específico de cada propriedade, além de proporcionar a oportunidade aos discentes voluntários e bolsistas que estarão envolvidos em projetos de pesquisa e extensão que poderão ser desenvolvidos nesta área. Diante do supracitado, a implantação do Campo Agrostológico do curso de Agronomia justifica-se, uma vez que os discentes, técnicos e produtores rurais poderão experimentar a tecnologia de forrageiras e vivencia prática configurando um dos grandes mecanismos de apreensão de conhecimento ressaltando a importância em contemplar o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão em nossa Universidade.

Histórico de movimentação
16-04-2023 18:23:45

Criação da proposta

22-08-2023 08:32:02

Parecer da Câmara de Extensão

Resoluçao anexada
02-08-2023 17:39:04

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
22-08-2023 08:32:02

Aprovado

Resoluçao anexada
22-08-2023 08:42:21

Ativo

Homologado
v1.4.13
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