UM NOVO OLHAR: UM PROJETO DE COMBATE AOS DISTÚRBIOS VISUAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA NO CONTEXTO DA METODOLOGIA ATIVA DO CURSO DE MEDICINA #79

Coordenador:
Hermelino Lopes de Oliveira Neto
Data Cadastro:
16-04-2023 19:41:46
Vice Coordenador:
-
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
Hermelino Lopes de Oliveira Neto
Tipo de Atividade:
Projeto
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
01/07/2022 - 31/12/2023
Interinstitucional:
Não
Unidade(s):
Área de Medicina,

Resolução Consepe 050/2022
Processo SEI Bahia 07135362021002413195
Situação Ativo
Equipe 13

Distúrbios visuais estão entre os principais problemas de saúde pública do Brasil, com impactos em vários segmentos: mau rendimento escolar está entre eles. Os distúrbios visuais mais prevalentes são os erros refrativos: miopia, hipermetropia e astigmatismo. A visão é um fator primordial para o desenvolvimento neuropsicomotor do ser humano por estimular ações e a comunicabilidade, e para o desenvolvimento escolar não é diferente1. Por isso, ter uma boa visão é uma condição necessária para o aprendizado e a sociabilização no ambiente escolar, visto que o escolar passa muito tempo em atividades recreativas nas quais estão sujeitos a várias situações que demandam concentração. Desse modo, o diagnóstico precoce desses erros refrativos ainda na infância é crucial para evitar uma deficiência visual e para melhorar o rendimento escolar. Os erros refrativos são identificados como problema de saúde pública em crianças, sendo a principal causa de deficiência visual em escolares. Um fator agravante a isso é que a criança nessa faixa etária não consegue discernir se tem algum acometimento visual ou não: por isso elas não expõem o problema a seus pais. Dessa forma, o projeto de extensão “Um novo olhar”, idealizado pela Liga de Combate aos Distúrbios Visuais (LCDV), uma liga acadêmica do curso de Medicina da UEFS, torna-se necessário para fazer a triagem dessa comunidade, diagnosticando e tratando precocemente os acometimentos visuais, de modo a garantir o pleno desenvolvimento biopsicossocial da criança, e para promover ações educativas, voltadas a informar pais e professores sobre a importância da saúde ocular nos infantes e sobre quando suspeitar de possíveis distúrbios oculares. A presente ideia de projeto foi apresentada à Secretaria de Educação de Feira de Santana, sendo recebida a anuência de realização assinada pela secretária Professora Anaci Bispo Paim, ex-reitora da UEFS (apêndice 2). A Secretaria indicou os 5 colégios para realização do projeto, sendo também recebida a anuência assinada pelos diretores das instituições: Centro de Educação Básica da UEFS, Escola Municipal Tereza Cunha Santana, Escola Municipal Norma Suely Mascarenhas, Escola Municipal Professor José Raimundo Pereira de Azevedo e Escola Municipal Professor Antônio Alves Lopes.
A principal função social de uma Universidade é a busca de soluções para os problemas sociais da comunidade na qual está inserida, formulando projetos interativos que geram uma forma de emancipação dessa população. Neste sentido, a extensão universitária é uma forma para a democratização do conhecimento gerado na Universidade4,5. Ademais, a relação da Universidade com a comunidade se fortalece pela Extensão Universitária, ao proporcionar diálogo entre as partes e a possibilidade de desenvolver ações socioeducativas que priorizam a superação das condições de desigualdade e exclusão ainda existentes. Assim, a extensão universitária é compreendida como uma atividade acadêmica que pressupõe a integração entre a comunidade universitária e a sociedade, sob formas de programas, projetos, cursos, eventos. Nesse sentido, o aluno atuante se depara com um grande número de tarefas novas e de situações que lhe cobram condutas de responsabilidade e autonomia, permitindo ao extensionista a compreensão dos papéis sociais que são desenvolvidos na comunidade e o exercício da cidadania6. Os processos visuais desempenham um papel primordial no desenvolvimento neuropsicomotor da criança nos primeiros anos de vida, sendo um estímulo motivador para a comunicação e realização de ações. O sistema visual está em constante evolução durante a infância em função da atividade de estímulos visuais de cores e forma que são essenciais para o desenvolvimento visual completo. No entanto, se a criança apresenta algum distúrbio visual, como os erros refrativos, durante o seu desenvolvimento neuropsicomotor, o desenvolvimento visual completo é comprometido, assim a visão estaciona ou regride. Estima-se que cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam dificuldades visuais devido a defeitos refracionais não corrigidos, estrabismo e ambliopia. Em cada 1000 alunos do ensino fundamental, 100 são portadores de erros de refração, necessitando de óculos para a correção de hipermetropia, miopia e astigmatismo8. A Organização Mundial de saúde (OMS) estima que 7,5 milhões de crianças em idade escolar tenham algum tipo de deficiência visual, no entanto só 25% delas apresentam sintomas, assim os outros 75% necessitam de testes específicos para identificar o problema7. Em ambiente escolar, a criança realiza vários exercícios de reconhecimento, de associação e de memória. Para tal, ela precisa de uma capacidade de discriminação visual. Nesse viés, o esforço visual é necessário para o processo ensino-aprendizagem na escola, visto que a maioria das informações que são passadas para uma criança são absorvida através dos processos visuais. Por isso, quando uma criança apresenta algum distúrbio visual, ela demanda um esforço maior na concentração que se manifesta em falta de atenção, falta de compreensão para a leitura e escrita, resultando em rendimento escolar muito baixo. A longo prazo, estas carências visuais podem ter consequências limitantes no desenvolvimento cognitivo-intelectual para as atividades de autocuidado, locomoção, comunicação e aprendizagem. Deste modo, é fundamental a detecção precoce de problemas visuais na infância9. Visto isso, segundo o Ministério da saúde (2013), para a avaliação da saúde ocular de uma criança acima de 5 anos, idade na qual os erros refrativos podem surgir, deve-se analisar a história familiar: fatores hereditários para a catarata, retinoblastoma, glaucoma, estrabismo, parentes de primeiro grau com óculos com grau elevado para miopia, astigmatismo e hipermetropia e outros problemas oculares; infecções contraídas: toxoplasmose, sífilis, HIV, rubéola e herpes;histórico gestacional: exposição durante a gestação a drogas como álcool e drogas ilícitas como cocaína, crack e malformação congênita e síndromes; uso de medicações: talidomida, misoprostol, benzodiazepínicos; fatores nutricionais e metabólicos: mucopolissacaridose, galactosemia. Além disso, acidentes, traumas e maus-tratos. Os sintomas frequentemente encontrados nessa população são: lacrimejamento, secreção, hiperemia, edema, fotofobia, piscar em excesso, coceira, olho torto (estrabismo), dificuldade visual, dificuldade de contato visual, mancha branca na pupila, olho grande, dor ocular, tremor ocular, aproximar-se muito para ver os objetos, dor de cabeça, esbarrar muito, baixo desempenho escolar, visão dupla, torcicolo, entre outros. Deve-se fazer um exame físico para a inspeção das pálpebras, córnea e conjuntiva, íris e pupila. A aferição da acuidade visual nessa faixa etária será realizada por meio da utilização da tabela optótipos de "E". Recomenda-se ainda a aferição da acuidade visual em cada olho com a melhor correção com óculos, se disponível, e o encaminhamento para a consulta especializada em oftalmologia das crianças com acuidade visual menor 0,7 em qualquer um dos olhos8,10,11. Deste modo, a detecção precoce de problemas visuais por meio da triagem oftalmológica é uma medida importante de assistência primária. Neste contexto, projetos de extensão como “Um novo olhar” que tem por objetivo identificar, rastrear e cuidar de crianças com erros refrativos são fundamentais para o diagnóstico precoce dos problemas de deficiência visual e doença ocular na criança, possibilitando o desenvolvimento neuropsicomotor normal. Nesse cenário, são muito importantes para levar a saúde ocular para crianças desassistidas, como as englobadas no projeto em questão, considerando que muitas não possuem acesso ao tratamento oftalmológico com o uso dos óculos.
As atividades serão realizadas no Centro de Educação Básica da UEFS, Escola Municipal Tereza Cunha Santana, Escola Municipal Norma Suely Mascarenhas, Escola Municipal Professor José Raimundo Pereira de Azevedo, Escola Municipal Professor Antônio Alves Lopes e Escola Municipal Monsenhor Jessé torres cunha. A população será composta de escolares estudantes do 1º ao 3º ano regularmente matriculados nesses colégios públicos de Feira de Santana. Os escolares triados com alteração nesse projeto serão direcionados para a consulta oftalmológica completa. Os extensionistas elaborarão uma metodologia diálogo-educacional para as crianças estarem cientes quanto a sua participação, além de planejarem juntamente com os professores das turmas um panfleto ilustrativo sobre a temática para os pais ou responsáveis. A abordagem das crianças serão realizadas pelos extensionistas, que serão habilitados e capacitados pelo orientador do projeto e oftalmologista Prof.Dr. Hermelino Oliveira Neto. O projeto consistirá na triagem das crianças, na realização de ações educativas referentes à saúde ocular dos infantes e no encaminhamento para avaliação completa e tratamento das crianças triadas com alterações. Deve-se ratificar que o respeito aos valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos será o princípio da abordagem ao participante do projeto, seguindo o item III e IV da resolução 466/2012 e resolução CNC nº 580 de 22 de março de 2018. Em primeiro plano, é importante destacar que todos os extensionistas estarão utilizando máscara durante a triagem, e será solicitado que as crianças e seus responsáveis também utilizem. Será disponibilizado álcool em gel e máscara para aqueles que não possuírem esses itens. Cada par criança-responsável será atendido um por vez, de modo a evitar a aglomeração no local, e o distanciamento social será preservado na triagem e durante as ações educativas. Para o rastreio dos distúrbios oculares, mediante a autorização dos responsáveis e a ciência das crianças ante a sua participação, será realizada a triagem oftalmológica composta do questionário, ectoscopia e da tabela de optotipos "E" (figura 1). O questionário (apêndice 1) será aplicado com os pais ou responsáveis abordando: dados socioeconômicos e geográficos, dados gestacionais e obstétricos e dados clínicos referentes a sinais e sintomas oculares 10,11. Todas as crianças detectadas com possíveis alterações visuais terão seus pais ou responsáveis informados da possibilidade de uma avaliação oftalmológica completa, para diagnóstico e planejamento terapêutico no ambulatório do Hospital de Olhos de Feira de Santana (CLIHON), Hospital parceiro do projeto “Um novo olhar”. Além da triagem, a distribuição de panfletos será realizada, informando sobre a importância de ir ao oftalmologista regularmente, sobre a importância da saúde ocular para desenvolvimento da criança e sobre sinais de alerta, no comportamento da criança, que podem indicar um possível distúrbio visual. Pretende-se, também, doar tabelas de aferição da acuidade visual para os colégios, além de capacitar os professores para a realização do exame de acuidade e para a detecção de comportamentos de risco, como crianças que fecham muito os olhos para olhar para o quadro. Será produzido um relato de experiência, ao final do projeto, além da publicação dos dados obtidos – mediante aprovação do CEP da UEFS. Apesar de, por essência, tratar-se de um projeto de extensão, a publicação científica também será evidenciada, o que agrega a atividade de pesquisa. Será buscada parceiras para uma possível doação de óculos de correção de grau para aquelas crianças triadas para os distúrbios visuais de ametropias que necessitem de tratamento.
Identificar, rastrear e cuidar de crianças com distúrbios visuais, estudantes do 1º ao 3º ano do ensino fundamental do Centro de Educação Básica da UEFS, Escola Municipal Tereza Cunha Santana, Escola Municipal Norma Suely Mascarenhas, Escola Municipal Professor José Raimundo Pereira de Azevedo e Escola Municipal Professor Antônio Alves Lopes, através de uma triagem oftalmológica e de ações educativas proporcionadas pela Liga Acadêmica de Combate aos Distúrbios Visuais (LCDV).
Promover a identificação precoce de distúrbios visuais nas crianças do CEB-UEFS e de outros colégios públicos de Feira de Santana; Proporcionar um aumento do rendimento escolar através do tratamento de distúrbios visuais em crianças do CEB-UEFS e de outros colégios públicos de Feira de Santana; Produzir materiais ilustrativos para os pais e responsáveis, informando-os sobre fatores de risco, hábitos prejudiciais a visão e consequências dos erros refrativos; Promover contato do extensionista com a comunidade para o aprimoramento da relação interpessoal; Propiciar um ambiente para a evolução pessoal do extensionista; Identificar, acompanhar e debater os distúrbios visuais na população pediátrica; Proporcionar discussões entre os extensionistas para o aprofundamento dos conhecimentos da Oftalmologia, para posterior produção acadêmica; Incentivar a integração do ensino, serviço e comunidade através do estabelecimento de compromissos e da articulação de docentes, discentes, profissionais de saúde; Contribuir para formação de profissionais preparados para a rotina médica.
O projeto de extensão “Um novo olhar: um projeto de combate aos distúrbios visuais na educação básica no contexto da metodologia ativa do curso de medicina” visa contribuir com a detecção precoce de erros refrativos em escolares da educação básica através da ação de estudantes de medicina. Segundo Rodrigues (2013) a mudança social é um dos principais objetivos da extensão, que promove melhoria na qualidade de vida das pessoas beneficiadas. O projeto de extensão “Um novo olhar” realizará triagens a fim de identificar precocemente distúrbios visuais em crianças da educação fundamental, medida muito importante, visto que esses distúrbios visuais, principalmente os erros refrativos, prejudicam diretamente o desenvolvimento neuropsicomotor e escolar. Haverá a construção de uma relação íntima entre os alunos e a comunidade – as crianças, os pais, os funcionários dos colégios públicos. Além da triagem, ações educativas serão promovidas, como a confecção de material ilustrativo para explicar as afecções visuais mais comuns que afetam escolares, além de sinais de alerta para identificação, pelos pais e professores, de um possível distúrbio visual – como crianças que fecham os olhos para olhar para o quadro. No mais, a extensão também possibilita uma formação cidadã do extensionista, em virtude de propiciar ao estudante universitário um contato com diferentes realidades. Assim, a partir do projeto, os extensionistas terão um canal de comunicação com a universidade e com a comunidade, moldando-os para um modelo assistencialista com visão holística e integral das pessoas3. Outrossim, será feito um levantamento epidemiológico que possibilitará o conhecimento das causas dos acometimentos visuais nessa população, além da obtenção de dados socioeconômicos, gestacionais e clínicos das crianças assistidas, informações essas que serão apresentadas para a Secretaria de Saúde de Feira de Santana, de modo a informar sobre a saúde visual dos infantes na cidade. Desse modo, apesar de ser, por essência, um projeto de extensão, as informações colhidas serão publicadas, sendo agregada ao projeto a publicação científica. Para tal, iremos enviar o projeto para o CEP da UEFS, de modo a conseguir o respaldo ético para publicação dos dados obtidos. O projeto “Um novo olhar” proporcionará aos acadêmicos um campo para o aprofundamento e fortalecimento do conhecimento no que tange a temática. A comunidade será beneficiada, sendo promovida a saúde das crianças, além da criação do vínculo afetivo e assistencial com essa população. Tendo em vista que a atividade científica também será evidenciada, percebe-se que o projeto “Um novo olhar” assegura a extensão, o ensino e a pesquisa, estando de acordo com os três pilares da Universidade. Desse modo, depreende-se que a experiência do projeto “Um novo olhar” é de grande valia tanto para o crescimento profissional e pessoal dos estudantes envolvidos, quanto para majoração da acessibilidade da comunidade abrangida. A presente ideia de projeto foi apresentada à Secretaria de Educação de Feira de Santana, sendo recebida a anuência de realização assinada pela secretária Professora Anaci Bispo Paim, ex-reitora da UEFS (apêndice 2). A Secretaria indicou 5 colégios para realização do projeto e enviou um email para cada um deles alegando a anuência da Secretaria. Foi-se pessoalmente aos colégios para apresentação do projeto, sendo também recebida a anuência assinada pelos diretores das instituições: Centro de Educação Básica da UEFS, Escola Municipal Tereza Cunha Santana, Escola Municipal Norma Suely Mascarenhas, Escola Municipal Professor José Raimundo Pereira de Azevedo e Escola Municipal Professor Antônio Alves Lopes.

Histórico de movimentação
16-04-2023 19:41:46

Criação da proposta

16-04-2023 20:17:25

Parecer da Câmara de Extensão

Projeto aprovado
16-04-2023 20:04:20

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
16-04-2023 20:17:25

Aprovado

Projeto aprovado
16-04-2023 20:17:52

Ativo

Habilitado para pedido de bolsa extensão
v1.4.12
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