PROMOVENDO A SAÚDE NO COTIDIANO DAS FEIRAS LIVRES DE FEIRA DE SANTANA – BA #84

Coordenador:
Márcia Sandra Fernandes dos Santos Lima
Data Cadastro:
26-04-2023 22:27:05
Vice Coordenador:
-
Modalidade:
Presencial
Cadastrante:
Márcia Sandra Fernandes dos Santos Lima
Tipo de Atividade:
Programa
Pró-Reitoria:
PROEX
Período de Realização:
Indeterminado
Interinstitucional:
Sim (UEFS, Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Feira de Santana Proponentes: NUPEC/DSAU/UEFS)
Unidade(s):
Área de Enfermagem na Saúde do Adulto e do Idoso,

Resolução Consepe 63/2012
Processo SEI Bahia 00000000000000000000
Situação Ativo
Equipe 7

Este programa vincula-se ao projeto de pesquisa, “Práticas de cuidado no cotidiano de feirantes em Feira de Santana – BA”, seu eixo é o paradigma da promoção da saúde e o conceito de educação em saúde, com o objetivo geral de problematizar as condições que interferem no processo saúde-doença de feirantes, criando condições para o enfrentamento destas. Sua realização contribuirá para a geração de conhecimento sobre a saúde dos feirantes, permitindo desvelar suas praticas de cuidado, mediante o confronto dialético entre os saberes acadêmico e popular. O diálogo entre tais saberes produzirá conhecimento sobre os modos de cuidado dos feirantes mais significativos em seu contexto de vida. Os sujeitos serão feirantes que atuam nas feiras livres da Cidade Nova, Sobradinho, Tomba, Estação Nova e do Entreposto do Centro de Abastecimento, um grupo ocupacional que apresenta vulnerabilidade relacionada à sua atividade laboral. A metodologia para o desenvolvimento das ações apóia-se em resultados de pesquisa que evidenciou os problemas de saúde mais comuns e as práticas de cuidado dos feirantes, indicando que estas requerem ações educativas de caráter informativo e/ou diagnóstico. As abordagens de caráter informativo serão realizadas mediante ações como: programa de rádio e performances; àquelas diagnósticas serão desenvolvidas por meio de feiras de saúde itinerantes, nas quais será feito rastreamento de doenças prevalentes na população brasileira. Acredita-se que as ações educativas em saúde serão capazes de criar um espaço de diálogo entre os atores sociais envolvidos, provocando uma reflexão sobre as condições que provocam o adoecimento e oferecendo feedback para sua avaliação sistemática ao final de cada atividade.
Este programa de extensão caracteriza-se por propor um conjunto de atividades temporárias de caráter educativo, cultural e científico, desenvolvidas por docentes, discentes e pelos próprios feirantes, também agentes da promoção da saúde. A articulação entre ensino, pesquisa e extensão é fundamental no processo de formação dos profissionais de saúde, pois possibilita inserir os discentes nas ações de educação em saúde, para que possam vivenciar, precocemente, situações no território de intervenção que os levem a pensar e julgar criticamente, utilizando seus conhecimentos e habilidades para tomada de decisões e, assim desenvolver competências educativas e relacionais requeridas pelo trabalho em saúde. A promoção da saúde é viabilizada pela educação em saúde, pensada como um processo político, pois visa a formação para a cidadania ativa, a luta pela transformação das condições de vida que alimentam o sofrimento e, por conseqüência, de uma vida com mais qualidade (PELICIONI; PELICIONI, 2007). As feiras livres configuram o território de intervenção e são “[...] um espaço onde um grupo de pessoas (feirantes) realiza suas estratégias de sobrevivência, exercendo trabalhos de revenda de produtos, principalmente alimentícios, onde pessoas das mais distintas classes sociais se abastecem e um lugar onde o capital comercial exerce domínio aproveitando-se dos espaços conquistados em função do processo desordenado de desenvolvimento posto em prática na região”. (GALVÃO apud TARGINO, MOREIRA; DINIZ, 1994, p. 6). Dito de outro modo, as feiras são um espaço de trocas variadas e de convívio social no qual emerge necessidades sociais, em particular, as de saúde de um grupo ocupacional, os feirantes. Considera-se que estes vivenciam estresse cotidianamente em razão do caráter autônomo de sua ocupação, da variabilidade de sua renda mensal, das precárias condições de trabalho, com carga física e emocional elevada. Compreende-se que tais fatores atuando conjuntamente podem implicar em vulnerabilidade a sua saúde. Na análise preliminar dos dados coletados na pesquisa “Práticas de cuidado no cotidiano de feirantes em Feira de Santana – BA”, na qual foram entrevistados cinqüenta feirantes que atuam em cinco feiras livre da cidade (AGUIAR et al, 2009), esses referiram diversos problemas de saúde, como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM). O que foi corroborado pelos estudos de Sacramento (2010) e de Vale e Aguiar (2011), que se encontram vinculados à pesquisa supracitada. Ademais, durante a pesquisa de campo a observação direta dos feirantes e de seu território de trabalho permitiu constatar sobrepeso, exposição constante e persistente a raios ultravioleta, sem a devida proteção, bem como precárias condições higiênicas das barracas. O entendimento das necessidades de saúde dos feirantes em articulação com seu estilo de vida, práticas de cuidado e, principalmente, modo de inserção no mundo produtivo remete à compreensão de que saúde e doença são fenômenos com uma dimensão individual e coletiva. Nesta perspectiva, guarda uma relação com determinantes sociais, econômicos, culturais, ambientais e subjetivos, dependendo, sobremaneira, do acesso a recursos socioeconômicos, educacionais e ao poder político, sem descuidar das questões de gênero, étnicas, religiosas e de geração, passando pela desigual exposição a fatores ambientais e geográficos. Desse modo, o processo saúde-doença (PSD) só pode ser entendido como um produto da reprodução social, sendo engendrado na interconexão das condições de vida e de trabalho de grupos específicos da população, e distribuído de modo desigual (AGUIAR; NASCIMENTO, 2005). Nesta perspectiva, o paradigma da promoção da saúde desloca-se do modelo biomédico de abordagem do processo saúde-doença, reconhecendo que os sujeitos possuem suas próprias concepções de saúde, de doença e de quais são as práticas de cuidado que respondem a suas necessidades (SIQUEIRA et al, 2006; MICHEL et al, 2010). Isto requer atentar para a compreensão que as pessoas elaboram acerca do processo de cuidar ao longo de suas vidas, buscando dialogar com a sua percepção do que têm praticado como cuidado. O processo de cuidar, portanto, supõe a abertura para a alteridade, sem a qual não há possibilidade de negociação e reestruturação das práticas de cuidado construídas culturalmente (VASQUEZ TRUÍSSI, 2006). O cuidar visa “[...] manter a vida garantindo a satisfação de um conjunto de necessidades indispensáveis à vida, mas que são diversificadas na sua manifestação”. (COLLIÈRE, 2003, p. 28-29). Para a autora (2003, p. 61), ‘ousar fazer educação para a saúde’, impõe o desafio de compreender a origem dos hábitos de vida, as suas representações simbólicas e as crenças que suscitaram [...]”. A importância disso reside no fato de que o entendimento dos valores, das crenças, das representações simbólicas de um grupo específico possibilita planejar ações de educação em saúde que atentem para a presença e força de tais elementos no universo cultural do feirante. Reafirma-se que a promoção à saúde é um processo longo que deve partir do conhecimento das necessidades de saúde dos feirantes e da compreensão de seus modos de cuidar de si, realizados ao longo do tempo, pois estes são sujeitos ativos e construtores da história, imersos numa sociedade que influencia seu pensar, sua concepção de saúde e seus modos de enfrentamento do processo saúde-doença (AZEVEDO, 2006). Deste modo, as ações educativas em saúde a serem realizadas nas feiras livres certamente contribuirão para pensar em um conhecimento partilhado, que respeite saberes construídos pelos feirantes em seu contexto de vida, para então, aprofundá-los a partir da negociação. Assim, a participação ativa e o empoderamento dos feirantes são metas fundamentais do Programa, conforme preconizado pelo paradigma da promoção da saúde e, serão viabilizadas por meio do estabelecimento de relações democráticas, pautadas na troca e na busca de viabilização de propostas comuns para a realização das ações educativas em saúde. Produzir saúde, vai além da preocupação com a prevenção de doenças e o prolongamento dos anos de vida, mas visa “[...] assegurar meios e situações que ampliem a qualidade de vida ‘vivida’, ou seja, ampliem a capacidade de autonomia e o padrão de bem estar [...]”. (BUSS, 2000, p. 174). Muito embora, a feira livre seja pensada apenas como o território no qual os feirantes trabalham é possível pensar que estes vivem a feira e que “a construção da participação comunitária é um processo que se inicia quando várias pessoas decidem compartilhar suas necessidades, aspirações e experiências, com o objetivo de melhorar suas condições de vida [...]”. (PELICIONI; PELICIONI, 2007. p. 325). A articulação comunitária é um dos eixos da promoção da saúde presente nos textos de documentos que tratam da temática desde a Declaração de Alma-Ata, elaborada na Conferência de igual nome, realizada na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1978, na qual se salienta a participação individual e coletiva no planejamento, desenvolvimento de ações e avaliação dos serviços de saúde como um direito e dever da população, propondo-se a organização da comunidade para tal fim. Para Ferreira e Buss (2001, p. 12) os marcos da Conferência de Alma-Ata foram se ampliando nas conferências que se seguiram. A participação, por exemplo, foi referida na Quarta Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada na Cidade do México em 2000 como “[...] a promoção da responsabilidade social com o ‘empoderamento’ da população e aumento da capacidade da comunidade para atuar nesse campo.” Assim pensada, a promoção da saúde dos feirantes representa um desafio, entretanto, o próprio conceito parte do reconhecimento de que a promoção da saúde e o desenvolvimento social são um dever e uma responsabilidade fundamental dos governos, com a participação de diversos setores da sociedade, entre eles a universidade (BRASIL, 2001). Posto o desafio, o Programa buscará articular suas ações às políticas e programas públicos estabelecidos para o grupo em foco, tendo em vista os objetivos estabelecidos.
A metodologia pauta-se no planejamento participativo que tem como um dos eixos a incorporação dos diferentes saberes dos atores sociais envolvidos no programa e compreende três momentos: qualificação dos alunos colaboradores, desenvolvimento das ações educativas e avaliação. Dessa forma, trabalhar-se-á com temas previamente identificados junto aos feirantes. Os temas serão abordados por meio de ações multi-estratégicas desenvolvidas nos seguintes projetos: Projeto I – Programa “Saúde nas Ondas do Rádio”, com enfoque em temas relativos à saúde, doença e cuidado narrados pelos feirantes como parte de seu cotidiano e aqueles relacionados ao calendário de eventos do Ministério da Saúde. Será realizado semanalmente, utilizando-se o serviço de som existente no Entreposto do Centro de Abastecimento, sendo também um dos recursos de divulgação e avaliação das atividades realizadas no Programa; Projeto II – Feira de Saúde Itinerante, no qual serão realizadas feiras de saúde em cada um dos territórios de intervenção, bimestralmente, instalandose um espaço de saúde e beleza com a realização de ações educativas em saúde verificação de PA, glicemia capilar, vacinação; preventivo de CA de colo de útero e oferta de serviços como: corte de cabelo, escova, limpeza de pele, maquiagem, massagem terapêutica e manicure; Projeto III – Promovendo Saúde na Feira Livre, que consiste na realização de performances no centro das feiras livres versando sobre temas relacionados com as necessidades de saúde dos feirantes e com o calendário de eventos do Ministério da Saúde, nas quais serão utilizados como recursos dramatizações, teatro de bonecos, cordel e outras linguagens, de forma simples e acessível aos feirantes e fregueses; Projeto IV – Oficina sobre Boas Práticas de Manipulação de Alimentos na Feira Livre, com enfoque na discussão das condições de armazenamento, de preparo e comercialização dos alimentos, o saneamento de água, higienização de instalações, equipamentos, utensílios, acondicionamento e destino do lixo.
Problematizar as condições que interferem no processo saúde-doença de feirantes das principais feiras livres de Feira de Santana – BA, tendo como eixo a promoção da saúde, criando assim, meios para que possam aperceberse de sua condição de sujeitos sociais e cidadãos na tomada de decisões relativas ao cuidado com a saúde.
Serão operacionalizados mediante as ações dos Projetos que compõem a presente proposta: - Criar espaços educativos em saúde no território de trabalho dos feirantes, enfatizando o fortalecimento de suas práticas de cuidado de si mesmos, de sua família e dos alimentos que comercializam; - Promover ações educativas em saúde capazes de dialogar com os saberes e práticas construídas culturalmente pelos sujeitos sociais; - Possibilitar ao aluno de graduação em Enfermagem, Biologia e Nutrição vivências de promoção à saúde em diferentes cenários de aprendizagem, abertos a uma diversidade de trocas culturais;
Considera-se que é de grande relevância a criação de um Programa com enfoque na promoção da saúde do feirante, uma vez que este grupo ocupacional é responsável não só pela comercialização, como também pela produção de alimentos que são consumidos por uma parcela significativa da população feirense e da região, tendo certa influência na disseminação de informações sobre modos de armazenamento, de preparo e de consumo desses, o que, de per si justifica a realização do Programa.

Histórico de movimentação
26-04-2023 22:27:05

Criação da proposta

21-09-2023 15:37:24

Parecer da Câmara de Extensão

Resolução em nome de Tania Maria Costa
21-09-2023 15:23:53

Em Análise

Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
21-09-2023 15:37:24

Aprovado

Resolução em nome de Tania Maria Costa
21-09-2023 15:37:48

Ativo

Homologado na Proex
v1.4.12
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