CONTRIBUIÇÕES DA ETNOBIOLOGIA, HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA PARA O DIÁLOGO INTERCULTURAL NAS AULAS DE CIÊNCIAS #88
- Coordenador:
- Eraldo Medeiros Costa Neto
- Data Cadastro:
- 10-05-2023 20:24:12
- Vice Coordenador:
- -
- Modalidade:
- Virtual
- Cadastrante:
- Geilsa Costa Santos Baptista
- Tipo de Atividade:
- Projeto
- Pró-Reitoria:
- PROEX
- Período de Realização:
- 10/05/2023 - 10/05/2024
- Interinstitucional:
- Sim (Universidad Pedagógica Nacional - Colômbia)
- Unidade(s):
- Departamento de Educação,
Resolução Consepe
23/2009
Processo SEI Bahia
00000000000000000000
Situação
Ativo
Equipe
3
Trata-se de um curso de formação continuada de professores de ciências voltado para interculturalidade, tendo a etnobiologia, a história e a filosofia da ciência como coadjuvantes. O curso pretende a participação de professores de ciências, Química, Física e Biologia, bem como interlocuções com a formação inicial nesta área, além de pesquisadores interessados no assunto. Pretendemos que o curso aconteça aos sábados no formato on-line, a fim de contemplar a participação efetiva dos professores de ciências, pois as experiencias anteriores têm revelado a indisponibilidade de participação presencial e durante os dias e horários das aulas nos contextos escolares. Também é pretensão que o curso aconteça em anos intercalados, com o propósito de análises e publicações após a oferta, abrindo, também, possibilidades de participações dos professores no Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da Universidde Federal da Bahia (UFBA) e Universidde Estadual de Feira de Santana (UEFS), no qual a coordenadora-orientadora é docente e pesqusiadora.
As sociedades atuais estão cada vez mais cientifica e tecnologicamente influenciadas, necessitando, portanto, de informações e atualizações científicas que lhes permitam visões críticas e, por conseguinte, participações mais ativas nessas sociedades (Baptista, 2010). Dito em outras palavras, é preciso o letramento científico por parte dos sujeitos (Eilks e al., 2014), no sentido de ler, compreender e aplicar os conhecimentos científicos. Sobre o letramento científico, o ensino de ciências muito pode contribuir, porém, importa atentar para o fato de que os espaços das salas de aula não são uniformes do ponto de vista cultural, isto é, não apenas a ciência que é representada pelos professores está presente nas salas de aula. Ao contrário, nelas, transitam outras culturas que são representadas pelos estudantes (COBERN, 1996), como, por exemplo, de árabes, judeus, budistas e de sociedades tradicionais, dentre outras. Sendo as salas de aula espaços multiculturais, os professores de ciências precisam estar preparados para lidar com a diversidade de conhecimentos, que tem fundamentos tanto nos meios socioculturais dos estudantes como da ciência que está sendo ensinada, podendo direcionar as suas aulas com contextualizações às necessidades destes indivíduos e das sociedades onde vivem. A atenção por parte dos professores aos conhecimentos culturalmente fundamentados é de extrema relevância para o ensino e educação científica, porque é possível encontrar salas de aula onde a maioria dessas concepções seja condizente com as ciências, o que facilitará a comunicação nesses espaços. Porém, contrariamente, é possível encontrar dificuldades para a comunicação com os estudantes nas salas de aula onde concepções prévias da maioria deles sejam diferentes das concepções científicas. Especialmente no caso daqueles estudantes provenientes de meios culturais nos quais a ciência não faz parte dos seus cotidianos, como, por exemplo, os estudantes oriundos de comunidades tradicionais. Sobre a formação de professores para lidar com a diversidade cultural das salas de aula, Baptista (2015) argumenta que a etnobiologia pode contribuir para a sensibilização dos professores, porque apoia esses profissionais na investigação e compreensão dos conhecimentos culturais dos estudantes com relação à natureza, e, do mesmo modo, a própria prática pedagógica voltada ao diálogo entre saberes culturais (Baptista e El-hani, 2009). A etnobiologia é o estudo dos conhecimentos e conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da biologia (Posey, 1987). No diálogo de saberes nas aulas de ciências ocorrer uma relação simétrica de apresentação dos distintos significados atribuídos pelos interlocutores a um determinado tema que é objeto de estudo (Mortimer, 2000). O diálogo nas aulas de ciências gera oportunidades para a exposição dos diferentes conhecimentos, que serão considerados e explorados, cada qual segundo o seu contexto de origem e validade (Baptista, 2015). De acordo com El-Hani e Mortimer (2009), que defendem o diálogo como um processo argumentativo envolvendo uma diversidade de discursos nas salas de aula de ciências, um ensino de ciências culturalmente sensível deve ser aberto às ideias dos estudantes (incluindo as não-científicas) sem, contudo, perder de vista a meta principal de permitir aos estudantes a compreensão de teorias, modelos e conceitos científicos. Esse processo de reconhecimento de saberes dará como consequência o enriquecimento mútuo de saberes dentro da sala de aula, mas vai depender da maneira como uma cultura (a cultura científica) aborda a outra (cultura local), sendo necessário primeiramente compreender o conhecimento científico e como ele pode ser relacionar às diferentes ideias e concepções apresentadas pelos estudantes e participantes do processo educativo (ROBLES-PIÑEROS, BARBOZA e BAPTISTA, 2017). Quanto à investigação e formação docente, Gil-Pérez e Vilches (2005) destacam que é preciso envolver reflexões epistemológicas na formação dos professores de ciências. Isto porque, concordando com Vilela-Ribeiro e Benite (2009), as concepções dos professores sobre a natureza da ciência podem influenciar significativamente na forma como eles e decidem questões nas salas de aula. Neste sentido, importa incluir abordagens da história e da filosofia da ciência na formação dos professores, seja ela inicial e continuada. As reflexões epistemológicas por parte dos professores podem contribuir para suas compreensões acerca da natureza da ciência (ciência ocidental), isto é, sobre conjunto de elementos que tratam da construção, estabelecimento organização do conhecimento científico (Moura, 2014). De forma atrelada, a história da ciência, como poderosa abordagem para a discussão de natureza da ciência, porque evidencia os caminhos percorridos pela ciência ao longo dos tempos, contextualizando em determinadas épocas os conhecimentos cientificos. Estudar a História e Filosofia da Ciência, seja no âmbito escolar ou de formação dos professores de ciências, é compreender as origens das ideias científicas e as diversas influências sofridas e exercidas por ela (Moura, 2014) em diferentes meios sociais, culturais, políticos e econômicos. Para além disto, é compreender as possíveis relações que podem acontecer entre os conhecimentos científicos e não científicos, entre as temáticas de ensino e as temáticas que fazem parte dos cotidianos dos estudantes, das suas vivências, curiosidades e necessidades.
Considerando a complexidade das relações que são estabelecidas no cotidiano escolar, especificamente no ensino das ciências, e, do mesmo modo, a realidade sociocultural que envolve os alunos e professores, a metodologia do curso está amparada na reflexão sobre a ação pedagógica, conceito desenvolvido por Schon (2000), que tem como pressuposto que a atividade reflexiva leva o sujeito a pensar sobre seus próprios procedimentos ou processos intelectuais, de maneira a confrontar os seus conceitos sobreo ensino com o seu desempenho em sala de aula (CARVALHO, 2003). A metodologia do curso também está amparada na perspectiva histórico-cultural proposta por Vygotsky (1979), tendo como premissa básica a ideia de que a aprendizagem e o desenvolvimento humano são processos mediados semioticamente, tendo a linguagem como um instrumento fundamental. Assim, partindo dessas duas perspectivas serão utilizadas diversas estratégias de ensino por meio de atividades teóricas e práticas. A finalidade será possibilitar aos participantes momentos de diálogos e reflexões sobre a condução da pesquisa e da prática pedagógica em ciências no que tange à diversidade cultural inerente das salas de aulas e à necessidade de uma educação científica intercultural pautada no diálogo de saberes. Importa destacar que nossos encontros serão essencialmente virtuais, possibilitando maior abrangência em relação ao público-alvo, ao mesmo tempo que facilita a participação dos professores em exercício. Nestes encontros pretendemos promover momentos descontraídos e produtivos que envolvam o Eu, o Outro e o Nós; a escuta, as falas, os diálogos, os pensamentos e as imaginações de espaços comuns para ampliações dos saberes da docência. Também é pretensão que o curso aconteça em anos intercalados, com o propósito de análises e publicações após a oferta, abrindo, também, possibilidades de participações dos professores no Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da Universidde Federal da Bahia (UFBA) e Universidde Estadual de Feira de Santana (UEFS), no qual a coordenadora-orientadora é docente e pesqusiadora.
ESTRATÉGIAS: Seminários, vídeo-aulas, exposições dialógicas, uso de diagramas, gráficos, ilustrações realistas e outras formas variadas de representações; situações exploratórias, bem como situações-problemas, produções de vídeos documentários; leitura, interpretação e discussão de textos em diferentes formatos, produção textual, produção de sequências didáticas, elaboração de mapas conceituais, tour virtual, interpretações de canções, narrativas, contos, poemas e lendas populares, saída de campo, e outras que sejam indicadas pelos participantes.
Contribuir para a sensibilização dos participantes e formação docente no que tange a importância do diálogo intercultural tendo a etnobiologia, a história e a filosofia da ciência como mediadora desse processo, no sentido de auxiliar os estudantes ao letramento científico e tomada de decisões em contextos e situações diversas. Particularmente, o diálogo entre os saberes culturais dos estudantes e os científicos escolares.
- Discutir os aspectos teóricos-metodológicos relacionados à etnobiologia, história e filosofia das ciências; - Problematizar o ensino de ciências numa perspectiva histórica e contextualizada; - Propor tópicos de pesquisa e formação docente que tenham amparo na perspectiva intercultural do ensino e aprendizagem em ciências; - Produzir recursos didáticos com vistas a educação cientifica intercultural; - Elaborar sequências didáticas baseadas no diálogo intercultural; - Realizar intervenções pedagógicas amparadas no diálogo e interculturalidade; - Propor alternativas ao ensino de ciências que seja contextualizado e significativos às realidades socioculturais dos sujeitos que frequentam os ambientes escolares da região.
A realização do curso abre espaços e momentos para além da universidade. O propósito disto é contribuir para a formação continuada dos professores de ciências em colaboração com a formação inicial e de pesquisadores da área, oportunizando leituras, práticas, discussões e diálogos acerca da promoção da interculturalidade no ensino e educação científica, incluindo nisto contribuições da Etnobiologia, História e Filosofia das Ciências. E isto porque compreendemos que estas disciplinas científicas apresentam subsídios para reflexões e direcionamentos de práticas pedagógicas sensíveis à diversidade cultural, incluindo aí a ciência (Ocidental) como uma entre as inúmeras atividades da cultura que produz conhecimentos úteis para a humanidade. Percebe-se que há predominância de práticas pedagógicas de ciências tradicionais, que não reconhece a diversidade de culturas, dificultando a aprendizagem dos estudantes, por não conseguirem contextualizações . Neste sentido, é preciso considerar nas práticas de ensino as diferentes realidades culturais e visões de mundo dos sujeitos, através de interações dialógicas com as explicações científicas para negociação de significados contextuais, em termos dos seus limites e validações, epistemologias e ontologias. Esperamos que o presente curso se constitua formação inicial e continuada de professores de ciências e biologia, auxiliando-os não apenas ao domínio da temática em pauta, mas essencialmente ao desenvolvimento de novas ações, com outras temáticas nas suas práticas pedagógicas nas escolas onde atuam e atuarão, visando sempre a promoção de uma educação científica intercultural por meio de diálogos que auxiliem os estudantes ao letramento científico e tomadas de decisões em contextos e situações diversas.
Histórico de movimentação
10-05-2023 20:24:12
Criação da proposta
27-09-2023 12:11:47
Parecer da Câmara de Extensão
Resolução anexa
20-09-2023 20:20:11
Em Análise
Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
20-09-2023 21:47:02
Pendente
Ajustar o cronograma e incluir atividade para o ano de 2024 que será atrelada ao pedido de bolsa.
23-09-2023 13:02:19
Em Análise
Proposta enviada para análise da Câmara de Extensão
27-09-2023 12:11:47
Aprovado
Resolução anexa
27-09-2023 12:12:12
Ativo
Homologado na Proex